sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O Papa é Serra; A Tropa de Choque é Dilma

Nessa última semana que antecede as eleições estou passando alguns dias em São Paulo. Evidentemente, para ter o prazer de perturbar meu cunhado, faço questão de me hospedar na casa da minha irmã.

E cumprindo a tradição milenar dos cunhados de carteirinha, nunca deixo de fazer faxina nas cervejas da geladeira além, é claro, de não parar de arrumar confusão com a empregada.

Nos nas quintas-feiras a coisa fica ainda mais divertida. É dia de faxina e a faxineira é, exatamente, a filha da empregada.

E a Ivone chegou hoje mais invocada do que o costume.
No dia anterior ela caminhava pelo bairro onde mora, quando encontrou um líder comunitário, fazendo campanha para a Dilma .

- Pronta para eleger a Dilma?
- Naquela mulher eu não voto nem morta. Detesto gente do PT.
- Ah, é então você vai votar no Serra que só defende os ricos?
- Eu voto no Serra porque gosto dele.
- Mas isso não pode; pobre tem que votar em pobre e nunca nos ricos.
- Não tenho nada contra os ricos; se eles pagam direitinho o meu salário, então está tudo bem.

Depois de alguns minutos de bate-boca, uma pequena multidão havia se juntado ao redor da Ivone e do líder comunitário, que deve ser um cara meio chato, já que a maioria tomou o partido da mulher.

A Ivone é metida a valentona  mesmo. Por conta disso, a deliberada coação não surtiu o efeito. Pelo contrário, o incidente provocou algumas dezenas de migração de votos em favor do candidato da oposição.

É lógico que ouvindo essa conversa não perdi a oportunidade de provocá-la um pouco mais, por pura diversão.

- Vai votar na Dilma, sim senhora.
- Não voto nela nem morta.
- Vota sim, se não vai levar biaba.
- E eu sou lá mulher de levar biaba de veio, careca e barrigudo?
- Então eu vou te furunfar
- Espera só, que eu vou chamar a tua irmã.

Depois de mais alguns segundos de debate político, mudamos a conversa na direção do pagode que estava tocando no rádio..

- Que música gostosa!
- Nada disso, esse negócio aí é uma porcaria.
- Você dizia isso porque não sabe nada de música.
- Ah é, então vai levar biaba.
- E eu sou lá mulher de levar biaba de veio, careca e barrigudo?
- Então eu vou te furunfar
- Espera só, que eu vou chamar a tua irmã.

Durante o resto do dia tivemos mais 5 ou 6 conversas bem parecidas com a primeira e a segunda.

Mas voltando ao o Escracho Geral, essa truculência da atual campanha eleitoral não foi um caso isolado. Na cidade de Riacho Fundo, no Distrito Federal, presenciei situação bem similar, com pessoas sendo coagidas, de forma agressiva, a votar na Dilma.

Nessa oportunidade, por curiosidade científica e paixão pela encrenca, disse que votaria no Serra. A reação de várias das pessoas que estavam no ambiente foi curiosa. Primeiramente ele se olharam com certa incredulidade; e depois sorriram.

Então, temos dois casos bem claros de coação ao voto. Se tais eventos foram exceções à regra das boas práticas democráticas, então podemos deixar de lado a questão; mas se isso está virando um hábito, a coisa muda de figura.

Será que tal tipo de coação realmente vai refletir no resultado das urnas? O fato de o voto ser secreto e eletrônico pode tornar inútil tal truculência? Ainda mais: eventualmente, tal prática tem poder de modificar resultados de pesquisas eleitorais?

Tais respostas nós teremos a partir das 17h do próximo domingo...
Outro assunto para comentar ainda hoje: acreditem, ou não, mas o papa meteu o bedelho nas eleições presidenciais brasileiras, ao recomendar às autoridades eclesiásticas do Brasil para que tomem posições políticas de acordo com os dogmas religiosos da igreja. No caso, era um recado direto para reacender a polêmica do aborto, em favor de José Serra.

E a Dilma não pode nem se queixar para o Bispo, já que ele é empregado do Papa. Nesse ponto, a cada vez mais provável futura presidenta só pode mesmo correr para a barra da saia da Mama.

Volto amanhã.

Até logo.

Eduardo S. Starosta

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Rumo ao Terceiro Turno?

Rumo ao Terceiro Turno?

Quem se diz de saco cheio das eleições, está perdendo muita diversão. Por exemplo, o debate de ontem na Record foi  hilariante, com o Serra e a Dilma trocando insultos maravilhosos. Os dois chegavam a parecer crianças em briga de jardim de infância.

- Você é boba
- Você é que é bobo
- Mas você é boba, mentirosa, amiga de ladrões e feia
- Buááááá! Quero direito de resposta!

E o debate continuou por aí afora.
Olha gente, em princípio um desses dois vai ser o presidente da república pelos próximos quatro anos. Então, o melhor é não polemizar com nenhum deles, reconhecendo que ambos estão certos no que dizem em relação ao outro.
Sobre programa de governo mesmo, não há muito ao que contrapor, pois eles quase não falaram diretamente sobre o assunto.
Mas também, para que tratar de assuntos chatos e sem interesse, quando há tanta lama para servir de artilharia entre os candidatos?

A capa da última Veja escancara, com a reprodução da indignação de um diretor da polícia federal de saco cheio com tanto pedido de dossiê sobre tucanos feito pela Dilma e pelo Gilberto Carvalho.

Já pelo lado do Serra, está pesando a confirmação de rolo feio entre as empreiteiras que concorriam a trechos de novas linhas do metrô de São Paulo, além de outras obras de vulto. Nesse caso, aparentemente ocorreu combinação entre as próprias empresas de construção, não havendo, pelo menos ainda, provas de que alguém do governo estadual estivesse no meio da falcatrua.

 Mas cá entre nós, tais acertos entre empreiteiras são mais velhos do que andar pra frente.

E com tanta fofoca, os grupos de eleitores menos tolerantes com os pecados capitais, vão se indignando com os candidatos à presidência e gradativamente decidindo por anular o voto, deixar a cédula em branco, ou simplesmente aproveitar o feriadão e deixar a eleição para lá.
Pelo menos é isso o que apontam as mais recentes pesquisas eleitorais. Veja no quadro logo abaixo: o percentual de eleitores que estão dispostos a não votar nem no Serra e muito menos na Dilma simplesmente saltou 4 pontos percentuais nos últimos dias.

Data de Divulgação
Instituto de Pesquisa
Dilma
Serra
Nenhum Deles
2/10/2010
Data Folha
52,00%
40,00%
8,00%
2/10/2010
IBOPE
51,00%
37,00%
12,00%
10/10/2010
Data Folha
48,00%
41,00%
11,00%
11/10/2010
IBOPE
49,00%
43,00%
8,00%
13/10/2010
Sensus
46,80%
42,70%
10,50%
13/10/2010
Vox Populi
48,00%
40,00%
12,00%
15/10/2010
Data Folha
48,00%
41,00%
11,00%
18/10/2010
Vox Populi
51,00%
39,00%
10,00%
20/10/2010
Sensus
46,80%
42,70%
10,50%
21/10/2010
IBOPE
51,00%
40,00%
9,00%
22/10/2010
Data Folha
50,00%
40,00%
10,00%
25/10/2010
Vox Populi
49,00%
38,00%
13,00%
26/10/2010
Data Folha
49,00%
38,00%
13,00%

Em outras palavras, os dois candidatos estão perdendo votos para o ilustríssimo Senhor Ninguém. E se esse número continuar crescendo, ficará cada vez mais claro que expressiva parcela da população brasileira, simplesmente não confia em nenhum dos dois para governar o Brasil.

E isso me lembra de uma campanha que circulou na Internet nas últimas eleições presidenciais. Alguns sujeitos defendiam  o voto nulo. Caso mais de 50% dos eleitores decidissem recusar qualquer candidato - segundo essa turma - a eleição teria que ser anulada e substituída por uma nova, com outros candidatos.

Em primeiro lugar, não sei se essa possibilidade realmente existe e nem vou me dar ao trabalho de pesquisar sobre a questão. Mas que a tese é interessante, isso é inegável.

Imagina o Senhor Ninguém derrotando a Dilma e o Serra. Seria o máximo! Afinal, não custa relembrar que os dois vivem se acusando de coisas feias. E se ambos estiverem certos? E daí sim é que nós vamos estar ferrados.

Então, talvez a campanha pelo voto nulo seja realmente interessante, se isso provocar algo como um terceiro turno com candidatos novinhos em folha. Que seriam os presidenciáveis? O Agnaldo Timóteo? A Tônia Carrero? O Cebolinha?

O importante é que já passou da hora de se renovar as lideranças políticas do país. A brilhante eleição do Tiririca é a maior prova do que acabo de afirmar.

E para encerrar a conversa de hoje, o que será que aconteceria caso a Dilma e Serra, ambos desclassificados pelo voto nulo, se encontrassem em algum local fechado e sem ninguém para bisbilhotar?

Eles continuariam se xingando de feio e bobo, ou se atracariam em um sexo selvagem a ponto de ruborizar até a Rita Cadilaque?

Não esqueça: paixão e ódio são sentimentos tão opostos que acabam sendo, paradoxalmente, muitíssimo próximos...

Até breve.

Eduardo S. Starosta

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Crepe na Cabeça do Serra

Crepe na Cabeça do Serra

A pesquisa Vox Populi dando vantagem de 12 pontos percentuais para a Dilma jogou um balde água fria na campanha da oposição. Os tucanos bem que protestaram falando que o Instituto estava a serviço do PT e coisa e tal.

Mas no dia seguinte (ou seja, ontem) a divulgação da sondagem do Ibope pareceu colocar prematuramente uma pá de cal na disputa pela presidência. A vantagem petista de onze pontos percentuais seria muito difícil de ser batida em apenas dez dias a mais de campanha.

Com os debates religiosos e sobre sexo de gente do mesmo sexo ficando para trás, aparentemente está pesando muito sobre a campanha do PSDB a história do desvio do dinheiro envolvendo o  Paulo Vieira de Souza.

Como falei na postagem anterior se o Serra não der uma resposta à altura para esse caso, o seu argumento de ter uma turma boa gente e honesta (diante dos bandidos malvadões do PT) vai para as cucuias.

Mas ontem mesmo novas situações prometeram dar fôlego para uma disputa eleitoral emocionante até o último minuto.

Em primeiro lugar, o Sensus divulgou seus dados, indicando uma eleição mais equilibrada. A vantagem da Dilma seria de apenas 5 pontos percentuais, o que é quase um empate técnico. Mesmo assim, é importante destacar que nas sondagens dessa semana a petista ampliou sua vantagem em todos os institutos. Resta esperar para o final do dia os números do Datafolha - que normalmente acerta mais perto do alvo - para uma análise mais firme.

Além da mácula na campanha do Serra por conta do ex-diretor do Dersa, a Dilma tem como vantagem a própria militância do PT, que sempre é um fator que faz a diferença em relação aos outros partidos.

Temos que dar a mão à palmatória: os petistas ralam de verdade para eleger seus representantes, enquanto os militantes dos outros partidos normalmente se limitam a enviar e-mails para os amigos.

Mas para a sorte dos tucanos a tesão que a Dilma inspira em seus correligionários está tão grande, que eles fazem loucuras para pelo menos ter a chance de dar uma bicota naquelas bochechonas, comparáveis ao traseiro da mulher melancia. Essa paixão chega às raias da truculência.

E foi assim que o magrelo do Serra acabou levando porrada de rolo de fita crepe bem na careca, enquanto passeava despretensiosamente pelas ruas do Rio de Janeiro.
Se o ex-governador de São Paulo for realmente um cara inteligente, logo depois do susto ele deve ter pensado: "Doeu, mas valeu a pena".

O evento foi filmado por cinegrafistas amadores e seus inseparáveis celulares. Mesmo com a qualidade de imagem sofrível (pior que DVD pirata de lançamento de filme), ficou muito clara a agressividade dos rottweilers petistas, contra os emplumadinhos tucanos.

Se fosse em desenho animado, isso decretaria a vitória das aves multicoloridas. Mas no mundo real, tal evento, para ser transformado em votos, precisa de um bom trabalho de marketing.

A matéria prima é excelente para se reequilibrar a disputa eleitoral. Pena que os marqueteiros ligados ao PSDB tenham tão pouca criatividade para aproveitar bem uma chance dessas.

A outra bomba que, caso seja bem direcionada, pode fazer grande estrago  na vantagem da Dilma é o caso do sujeitinho lá de Minas Gerais, chamado Amaury Ribeiro Jr... aquele que foi pego na tampinha, encomendando a quebra do sigilo fiscal da turma do Serra.

A história que ele conta é estapafúrdia e por isso mesmo divertida: segundo o Júnior, ele fazia isso para beneficiar o Aécio Neves, na época disputando a indicação para a presidência com o Serra.

Depois disso, vejam só, ele foi convidado  para a coordenação da campanha da Dilma e uns petistas malvados roubaram os dados do seu computador, encontraram as informações da vida privada de alguns medalhões do tucanato e estava pronto o enrosco. Imagina, um defensor de candidato do PSDB assumir um alto cargo na caminha petista!

Se um dia um palmeirense entregar para o técnico corintiano o esquema de jogo do Felipão (para quem não sabe, o técnico do Palmeiras) eu juro que começo a acreditar nessa história.

Pô Júnior, tá querendo escrachar com o escracho? Deixa disso menino.

E assim, mais um prato feito está sendo entregue à campanha do PSDB que, se bem usado, pode até mudar a história da eleição. O problema é que o pessoal da publicidade do Serra não concatena bem das idéias.

Depois de criar e aniquilar com a figura do Zé, vá que eles inventem de apresentar o seu candidato à presidência, trajando um boné com hélice em cima e lambendo um daqueles pirulitos redondos, coloridos e enormes. Se criança votasse, eles bem que seriam capazes de fazer isso mesmo.

E por hoje chega ! Até breve!

Eduardo S. Starosta