segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Inflação e Dólar: Deixa Rolar!

Quem, de vez em quando, não pega uma revista ou navega em um site de fofocas para ver o que está acontecendo de engraçado com as pessoas que gostam de aparecer na qualidade de celebridades? Dia desses me chamou atenção o destaque para a ex-miss Brasil Vera Fischer.

Já tem alguns meses que a loira está internada em uma clínica para recuperação de drogados no Rio de Janeiro. A curiosidade do fato  é que ela, segundo os médicos, já poderia ter alta, mas optou por permanecer hospedada no estabelecimento, temendo ter recaída na sua volta ao convívio social do dia-a-dia da vida.
Tal comportamento pode estar revelando uma boa dose de sabedoria da paciente. É muito mais fácil não ter a tentação de voltar às drogas em ambiente controlado, onde o acesso ao objeto de vício é, em tese, impossível. Entretanto, caso essa decisão de permanecer protegida dentro dos muros da clínica se prolongue por muito tempo, Vera Fischer pode correr o risco de adquirir um medo fóbico do próprio mundo e optar pela clausura permanente, o que seria uma pena.

Com essa reflexão na mente, continuei a buscar notícias interessantes na Internet. E a principal manchete do meio da manhã da última quinta feira foi a do dólar rompendo a barreira do R$1,95, o que provocou a intervenção do Banco Central no sentido de conter a desvalorização da moeda brasileira. O argumento das autoridades econômicas para justificar essa ação foi o de não alimentar a inflação e evitar graves problemas de caixa para as empresas brasileiras muito endividadas em moeda estrangeira.
O problema é que há controvérsias a respeito da correção de tais medidas. Para entender o raciocínio, precisamos investigar um pouco o passado recente da economia brasileira.

Há cerca de 17 anos, o então ministro da fazenda do governo Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, resolveu capitanear a estratégia de estabilização desenvolvida em conjunto por pessoas geniais, como Pérsio Arida e André Lara Resende.

Naquela época o Brasil já acumulava várias derrotas sucessivas na guerra contra a hiperinflação. A partir do Plano Cruzado, não foram poucas as iniciativas de congelamento de preços e salários, ou até aventuras mais ousadas, como o confisco do Plano Collor. A principal falha  daqueles fracassados planos de estabilização é que eles se contentavam em tratar apenas dos sintomas aparentes do problema.

Imagina se você está com problemas digestivos e vai comer aquela feijoada completa e bem gordurosa no sábado, acompanhada de algumas caipirinhas, torresmo e cerveja. Não seria de estranhar que depois da soneca digestiva, o despertar fosse acompanhado daquela SENHORA DOR DE CABEÇA. Nada que algumas aspirinas não resolvam momentaneamente, apesar de continuar o mal-estar. E no próximo sábado, dá-lhe feijoada novamente, recomeçando o ciclo até que o fígado vai para o beleléu...


Até o plano Real, o combate à inflação acontecia de forma similar: anestesiavam a dor de cabeça dos governantes (os índices de inflação) sem tratar das causas.

E nesse ponto foi que Arida e Resende acertaram a mão: reconheceram que além da chamada memória inflacionária (termo em moda naquela época), a inflação era especialmente causada pelo excesso de gastos públicos, em patamares muito além da receita tributária.

Voltando à analogia com o vício em drogas contra o qual Vera Fischer está tentando vencer, podemos comparar a “memória inflacionária” com a parte psicológica do vício, ou seja: a sensação eufórica ou alucinógena  causada pelo uso do tóxico que proporciona a “chapação”. Mas por trás disso há o vício químico, no qual o corpo passa a entender que necessita da droga para continuar vivendo e sofre com sua abstinência. Esse papel, na história econômica brasileira coube ao déficit público.

Feito o diagnostico, os chefões da economia daquela época trataram de ministrar os medicamentos para conter o efeito psicológico. Para evitar a especulação de preços internos atrelaram o Real (a nova moeda) ao Dólar, ao mesmo tempo em que botaram os juros na estratosfera. Paralelamente, desenvolveram e implantaram a Lei de Responsabilidade Fiscal para combater o vício químico (déficit público exagerado).

O certo é que a receita funcionou, mas com efeitos colaterais  previstos,  tidos como temporários. O primeiro foram os já citados juros altos que, ao mesmo tempo em que incentivavam a poupança interna, atraiam investidores do mundo inteiro na busca por rentabilidade alta e fácil (isso  também foi refletido na Bolsa de Valores).

Esse mesmo fator até ajudou o controle do dólar (vinculado inicialmente ao sistema de bandas cambiais), fazendo com que o real se valorizasse além do razoável, barateando os produtos importados (agrícolas e industriais), ao ponto de estrangular o setor produtivo brasileiro (especialmente a indústria).

Como não poderia deixar de ser, o que deveria – no papel – funcionar como um relógio teve seus momentos de confusão. Crises internacionais, como a russa, mexicana, argentina e o famoso 11 de setembro de 2001 provocaram verdadeiros ataques de epilepsia nas variáveis de maior zelo por parte das autoridades econômicas brasileiras (repetindo: câmbio, investimentos internacionais e juros para controlar a inflação).

Mas no final das contas, o plano de estabilização deu certo. Porém, até hoje somo forçado a conviver com um câmbio supervalorizado e os juros mais altos do mundo.

Ok, perto do vício de antes, a situação atual é bem mais branda. Seria trocar uma heroína, ou cocaína por alguma coisa mais leve e natural para fins terapêuticos de transição, como a maconha, por exemplo.

O problema é que o tratamento em questão já dura 17 anos e a economia brasileira nunca se aventurou a provar sua sustentabilidade sem o uso de drogas.

Vera Fischer decidiu ficar alguns meses há mais na clinica para evitar o convívio com o ambiente que lhe causou o vício e aumentar suas chances de cura. Mas imagina se ela resolvesse ficar dentro dos muros do hospital por aproximadamente duas décadas. Seria o mesmo que renunciar à vida; viver permanentemente de forma artificial e, portanto, nunca plena.

Esse é exatamente o caso da economia brasileira. O medo da não cura vem perpetuando o país em um tratamento que já virou novo vício. Por conta dos juros altos, o Brasil cresceu muito menos do que poderia (apesar dos dados positivos do final da década passada, alavancados por um contexto internacional favorável) e o cambio supervalorizado detonou com várias frentes da competitividade industrial do país.

Feita essa retrospectiva inspirada na belezoca da Vera Fischer, vamos dar uma olhada panorâmica do que está acontecendo hoje com a economia brasileira:

·         O Real está se desvalorizando de forma inesperada por conta das últimas turbulências internacionais, seguindo a velha máxima na qual se a economia norte-americana tem problemas, paradoxalmente, são os ativos dos EUA que se tornam os mais seguros. Daí, o dinheiro aplicado em títulos do Brasil e na Bolsa vai às pencas para a América do Norte, fazendo a paridade do Real despencar;

·         Em função de frustrações de safras, alta das commodities internacionais e outras milongas mais, a inflação está irremediavelmente extrapolando as metas estabelecidas para 2011;

·         O Brasil está assistindo a uma intensa desaceleração de sua economia. A indústria está entrando em recessão, o consumo vem arrefecendo, a inadimplência aumentando e por aí afora;

·         No ano passado, talvez por conta das eleições, o governo federal enfiou o pé na jaca no que se refere ao aumento dos gastos públicos. Isso está pesando na gestão dessa primeira fase da gestão de Dilma Rousseff, que tenta gastar menos com o corte de orçamento e caça aos sanguessugas de ministérios (reagindo às investigações e denúncias da imprensa, é verdade).

Enfim, o quadro mostra que o muro que protege a economia brasileira de testar a sua verdadeira cura está ruindo. É certo que a situação não está tão grave ao ponto de impedir medidas de reforço à proteção dos fundamentos econômicos atuais.

Mas será que isso realmente vale a pena? Será que não é chegada a hora de testar se o Brasil está finalmente curado da hiperinflação? Ou seria mais prudente continuar do jeito que está?

Se houvesse uma enquete nesse sentido, pessoalmente eu optaria pelo risco da cura. Tenho a consciência de que isso aumentaria temporariamente a inflação e quebraria algumas empresas importantes dado o seu grande endividamento em moeda estrangeira. Mas isso faz parte do jogo. E o melhor para qualquer sociedade é trabalhar curada, mesmo que isso envolva alguns perigos (facilmente controláveis).

Lá em 2003, quando Luis Inácio da Silva assumiu a presidência, pensei que ele e seus aliados estariam ansiosos por promover a libertação da economia brasileira de seus muros de contenção, eliminando a âncora cambial, promovendo a redução efetiva dos juros.

Mas como se diz popularmente, campanha é uma coisa; governar é outra.

Aparentemente, as novas autoridades econômicas da época (Palocci & Cia) se acovardaram em implantar uma nova condução à política econômica do país, quando isso já se fazia necessário. A situação foi muito bem retratada pelo humorístico Casseta & Planeta (Rede Globo) que dramatizava os membros da equipe de governo consultando os arquivos e manuais do ex-ministro Pedro Malan para saber o que fazer com a economia.


O medo era fazer alguma coisa que desse errado e matasse o Plano Real, eliminando chances de reeleição. No final, a receita original de Pérsio Arida e André Lara Resende foi mantida. O que era para ser transitório, acabou se perpetuando até os dias atuais.

Nesse segundo semestre de 2011 o mundo está em um momento muito especial no qual a credibilidade dos principais atores da economia global está em baixa e eles próprios não estão dando muita bola para isso. O importante é resolver a crise, mesmo que isso custe a coerência dos discursos ideológicos e morais (isso se recupera depois...).

Sendo assim, se o dólar já está mesmo fora de controle e a inflação extrapolou a meta, talvez tenha chegado o oportuno momento de o Brasil se libertar das âncoras que evitam que cresçamos, senão como a China, pelo como em parâmetros similares à Índia.

Sim, soltando o dólar e reduzindo juros, os preços vão subir – em um momento inicial – mais do que o considerado razoável. Mas além de diminuir a dívida pública (o chamado imposto inflacionário) teremos a chance de saber se o Brasil está curado ou não da hiperinflação.  

Se a resposta for positiva, o país estará pronto para o maior ciclo de desenvolvimento da sua história (com a melhoria da competitividade dos produtos brasileiros no exterior. Pena que o uísque escocês e o azeite de oliva espanhol vão ficar mais caros).

Caso contrário, basta restabelecer as âncoras e pagar o preço político da ousadia, que provavelmente já estará absorvido até as próximas eleições para presidente e governador, em 2014.

Em tempo, caso essa for a opção, é bom nos prepararmos para jogar tomate podre na cara de quem propor o retorno da velha indexação de preços e salários. Isso mataria qualquer chance de cura real da economia brasileira.

Por fim, meus votos de que Vera Fischer se recupere plenamente, saia da clínica e volte a conviver livremente com a vida.  



Nova Chuva Espacial – E o satélite da NASA caiu precisamente entre o mar e o Canadá no último final de semana. Provavelmente o monstrengo não machucou ninguém, mas isso ainda não está comprovado.

Então, está restabelecida a normalidade em nossa órbita?

Nada disso! Foi divulgado hoje que no final de outubro ou início de novembro será a vez de cair um satélite alemão (telescópio espacial), pesando também algumas toneladas. Só que o artefato germânico é bem mais resistente que o norte-americano, não devendo se desfazer na reentrada.

Será que tem mais engenhocas em órbita que estão perdendo o prazo de validade e se preparando para retornar à mãe-terra? Provavelmente sim. Daqui a pouco, a previsão do tempo nos tele-jornais vai ter que mostrar diariamente as perspectivas de chuva de lixo espacial...



O Político Mais Feio do Brasil – Nosso concurso de feiúra continua. Na semana passada e último final de semana o Deputado Tiririca e o Senador José Ribamar Sarney se desgarraram dos concorrente e disputam cabeça a cabeça o título mais importante da política brasileira em 2011. A votação continua aberta, bem como a inscrição de novos candidatos.
Envie seu voto por e-mail, clicando ao lado CLIQUE AQUI! .  Fotos de sugestão são bem-vindas, como foi a do ex-presidente Lula.
Caso você queira ficar no anonimato, envie sua opinião ao final dessa postagem no link de comentários, sem se identificar.


Até Breve,

Eduardo Starosta





quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Curtas Para Cutucar II

Chuva Espacial – Imagine que numa quinta ou sexta-feira você está passeando em qualquer lugar para fazer a digestão do almoço e repentinamente um trambolho do tamanho de um ônibus simplesmente se espatifa no local pelo qual você passou uns 30 ou 40 segundos antes. Acredite ou não, a chance de isso acontecer é 1 em 3200 de acordo com cientistas da Nasa. Acha pouco? A probabilidade de se acertar na mega sena é de 1 em 50.063.860 e nem por isso qualquer brasileiro deixa de fazer uma fezinha vez por outra.
O fato de é que a agência espacial norte-americana alertou o mundo inteiro a respeito de um satélite peso pesado que deve despencar nos próximos dias em qualquer lugar do planeta. Se isso fosse um caso isolado, poderíamos tratar da questão apenas como curiosidade.
Entretanto, segundo a mesma fonte, na órbita do planeta existe um lixão espacial com pelo menos 20 mil artefatos com mais de 10  centímetros de diâmetro. Voltando às estatísticas, isso significa dizer que certamente pelo menos seis pessoas na Terra receberão, cedo ou tarde, uma "mensagem dos céus direto no cocoruto".
E com a prevista prosperidade do turismo espacial na próxima década, esses números deverão piorar bem mais. Mesmo que os físicos digam que os detritos pequenos se desintegram ao entrar na atmosfera, não é agradável pensar no que certos farofeiros podem jogar em nossas cabeças quando estiverem em órbita.
Identificado o problema, deve-se encontrar a solução. Pelo menos em relação aos satélites maiores seria bom para todos a existência de algum protocolo internacional obrigando aos fabricantes dos artefatos que podem causar algum risco na reentrada a instalarem dispositivos de desintegração ou estilhaçamento dos mesmos (algo como uma bomba, por exemplo). Esse é um bom tema para conversa de bar.

Santa Ceva - E por falar em conversa de bar, outro grupo de cientistas - por sinal, bem mais sensatos do que os espaciais - concluíram pesquisa na Bélgica, comprovando que a cerveja é tão eficaz quanto a água para hidratar o corpo humano em lugares secos ou após exercícios físicos. Parabéns ao Doutor Manuel Castillo, por ter coordenado trabalho científico de tamanha relevância. Se as coisas continuarem assim, o mundo ainda vai se transformar no paraíso dos cervejeiros. A água está démodé!

Dólar Decolando -  Sinceramente, sempre achei pura balela essa moda de se falar que o real é moeda forte. O mais correto seria dizer que a situação de fraqueza do dólar, do euro e suas respectivas economias (EUA e União Européia) tenha sido a causa da valorização da moeda brasileira, atraente por pagar juros bem polpudos aos investidores. Mas bastou o presidente norte-americano Barack Obama anunciar a perspectiva de um plano de investimentos com recursos públicos, para inverter o fluxo de entrada de moeda estrangeira no Brasil na direção da porta de saída para o mundo dos ianques. Até essa quarta-feira, a valorização do dólar frente ao real chegou a 16,7%. Entendo que em situação de normalidade a paridade tecnicamente adequada seria de US$ 1,00 e E$ 1,00 não valendo menos de, respectivamente, R$2,35 e R$ 3,00.  Propaganda subliminar: o Escracho Geral está aceitando patrocinadores. As entidades de exportação são muito bem-vindas!

Carta Aberta à Presidenta: Segurança de Novo NÃO! – Por favor, Presidenta Dilma, não tente fazer a mesma besteira que seus antecessores tentaram, incluindo o Lula, FHC, Sarney, Figueiredo e os mais antigos. Essa história de querer o Brasil no Conselho de Segurança da ONU é besteira! Só serve para arrumar encrenca com países de tradição bélica e terroristas, além de custar um dinheirão. Veja só a confusão em que nos metemos no pequeno Haiti! Imagina, então se tivéssemos que mandar nossos pacíficos guerreiros ao Afeganistão...
Ainda mais: por ano, no Brasil, são assassinadas cerca de 108 mil pessoas. Isso é muito mais do que qualquer quantidade registrada de mortes nas últimas guerras no planeta: no Iraque foram 109 mil em 6 anos; e na Líbia, em torno de 50 mil.
Dito isso, não seria melhor usar toda essa força de vontade e dinheirama em prol da paz mundial para  diminuir a violência interna de nosso próprio país?
Façamos o seguinte: quando a criminalidade no Brasil chegar ao nível dos atuais membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, poderemos rediscutir a situação, certo Patroa?

Esperteza Chinesa – Podem até rir dos olhos puxados dos chineses. Mas o fato é que eles enxergam longe... até o futuro, segundo algumas línguas maliciosas. Uma semana antes de o governo brasileiro sobretaxar os carros importados em 28%, os chefões da JAC Motors internalizaram (ou seja, concluíram o processo de importação) de cerca de 24 mil carros. Isso significa pelo menos mais 6 meses de venda ao preço antigo. Os montadores sediados no Brasil devem estar “pê da vida”, pois não será tão fácil aumentar o preço dos veículos nacionais. Já o Faustão, acredita-se, está dando risada por ter mais um semestre de emprego como garoto-propaganda.


O Político Mais Feio do Brasil: Primeira Semana de Votação – Os leitores de Escracho Geral estiveram meio tímidos nesses últimos dias, no que se refere ao nosso grande certame estético do Político Mais Feio do Brasil.
Os votados até o momento foram:

 O Escracho Geral continuará aberto às sugestões dos leitores para esse concurso de pouca beleza. Envie seu voto por e-mail, clicando ao lado CLIQUE AQUI! . Fotos de sugestão são bem-vindas, como foi a do ex-presidente Lula.
Caso você queira ficar no anonimato, envie sua opinião ao final dessa postagem no link de comentários, sem se identificar.
Em tempo: discordo de quem votou na Marina Silva. Pessoalmente ela é bem bonitinha. Mas é verdade que os marqueteiros contratados pelo PV nas últimas eleições a transformaram em velhinha precoce. E uma dúvida: a imagem mais feia do Tiririca é a do palhaço ou a dele sem máscara?

Até breve

Eduardo Starosta

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O Político Mais Feio do Brasil

Depois de ter de engolir a troca de mais um ministro da sua cota partidária por suspeitas de travessuras com o dinheiro público, a cúpula do PMDB declarou não ter medo de cara feia. Isso é até compreensível na medida em que alguns dos rostos mais bizarros da política nacional são membros ativos da legenda.

Talvez tal declaração da mais alta relevância para os interesses brasileiros indique que o Partido esteja acostumado a tanta feiúra. Esse, seguramente, não é o caso dos leitores do Escracho Geral que – acredito - preferem admirar as coisas belas da vida.

Mas vá lá! Por vezes não há quem resista em dar uma espiadela no bizarro, no inacreditável. Por conta disso, o Escracho Geral está lançando o grande concurso do "Político Mais Feio do Brasil".

Participar é simples: basta citar o nome de seu feioso favorito no espaço para comentários logo após a postagem, ou então clicar ao lado CLIQUE AQUI!  para mandar e-mail com o seu voto (e se possível a foto com a pose de seu candidato a horroroso).

Se ainda vivesse, bem que o Costinha poderia
ser parlamentar e participar de nosso concurso estético...


Caso a promoção agrade aos leitores desse blog, organizaremos rankings semanais, com os 20 mais votados, ao cabo de um mês, sendo "convocados" para os certames eliminatórios. Evidentemente, aceitamos também propostas de critérios, regras e categorias para adotar no concurso.

Não se constranja em sugerir, votar e dar sua opinião. Afinal, se tem tanto político que faz troça da cara de nós, pobres contribuintes e cidadãos, é lógico que também temos direito de nos divertirmos pelo menos um pouquinho com os rostos que mandam e desmandam na gente.
Barbeiragem com os Carros
Até prova em contrário, o governo fez besteira ao sobretaxar em 28% os carros importados. O argumento de que as fábricas nacionais estão paradas por conta da competição predatória das marcas asiáticas, especialmente a chinesa JAC Motors (que tem o Faustão como garoto-propaganda) é frágil.

Há poucas semanas, várias publicações externaram o flagrante dos elevadíssimos preços dos carros brasileiros em comparação com os valores praticados no exterior. Nem desconsiderando a gigantesca carga tributária aqui praticada, os preços chegam a patamares razoavelmente próximos do que é praticado nos EUA e Japão, por exemplo, onde custo do trabalho é bem maior e a maior parte dos insumos muito mais cara.

Moral da história: esse aumento do imposto para os veículos importados aparentemente só beneficia a manutenção de margens das montadoras estabelecidas no Brasil. Isso vai contra os interesses dos consumidores, na medida em que esvazia a pressão competitiva por melhores preços de venda, além de inibir o avanço tecnológico em economia, segurança e conforto dos carros brasileiros.

Mesmo que seja meio traumático lembrar, o governo do ex-presidente Fernando Collor de Mello teve a iniciativa de tomar algumas medidas corretas para o Brasil. Uma delas se desenrolou a partir da declaração do então Chefe do Executivo de que os carros brasileiros eram carroças. Lembrando da época, realmente o que tínhamos de mais moderno na indústria do motivacional era o Opala, Monza, Santana e o então novato Tempra.

E nas duas últimas décadas ninguém pode dizer que a situação não tenha melhorado, apesar de ainda existir considerável hiato tecnológico desfavorável ao Brasil em relação aos outros grandes consumidores mundiais. Do preço, então, nem se fala!

Ao que parece, a medida do Ministério da Fazenda deve vigorar até o final do ano que vem, isso se não for renovada eternamente, como tentaram fazer com a CPMF (e vivem tentando ressuscitá-la - brrrr).
Sendo assim, afora os lançamentos já anunciados pelas montadoras, não espere nos próximos tempos novidades no mercado, ou mesmo preços mais favoráveis ao consumidor.

Caso o interesse do governo seja realmente combater a concorrência predatória, o melhor é revisar a política que resulta no Real supervalorizado. Se for para proteger os segmentos da indústria nacional, que sejam aqueles  realmente comprometidos com práticas desleais de comércio exterior, como por exemplo, vestuário, brinquedos, móveis, calçados, bebidas (especialmente vinhos) e alimentos.

Até Breve,

Eduardo Starosta

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Tentando Entender a Crise Global – Parte 3: O Comércio Internacional e a Fábula do Galo

A fábula  é bem antiga. No tempo em que os animais falavam entre si, todos tinham especial respeito pelo galo. Afinal de contas, era logo depois de seu canto da madrugada que o sol nascia. O problema é que com tanto prestígio, o galináceo ficou demasiadamente gabola e chato.

Por conta desse comportamento, a bicharada resolveu dar uma gelada no Pavarotti das aves. Este, por sua vez, ameaçando parar de cantar - o que impediria o nascimento do sol - conseguiu, durante muito tempo, manter a hegemonia do reino animal. Mas o bicho estava tão insuportável que todo o resto da  fauna concordou em ficar um tempo sem sol em troca de ter o prazer de dar uns cascudos no traseiro do galo pentelho. Por sua vez, em represália, o convencido cantor fez greve na madrugada seguinte.

E o sol acabou nascendo como em todos os dias, trazendo um bônus especial: os animais acordaram com os ouvidos em harmonia, sem a voz irritante do galináceo. Mas o melhor de tudo, segundo os testemunhos da época, foi a sensação de liberdade e a oportunidade de ridicularizar a ave.

É dessa fábula que se originou a expressão "cantar de galo", ou seja, contar vantagens sobre méritos que não realmente não possui.
Agora, saindo da Carochinha e voltando ao nosso mundo, é instigante lembrar que a crise global iniciada em setembro de 2008 veio acompanhada de profecias de arrepiar os cabelos.
·         O sistema financeiro iria desmoronar;

·         Os países ricos iriam entrar em colapso, com o Dólar, Euro, Iene e outras moedas fortes tendo o risco de morte súbita;

·         A economia global entraria em forte depressão por conta da redução drástica do comércio exterior.
Não tenho a intenção de discutir aqui se os bancos, as moedas e as importações/exportações mundiais realmente passaram por fortes impactos negativos a partir do início da crise financeira. É evidente que sim! Porém, ao contrário do que sempre a mídia destacou, o baque decorrente da crise nas três citadas frentes – mesmo que perceptível – não foi nenhum fim do mundo.
        Vamos ver alguns números específicos do comércio exterior.
·         Em 2001, o total das importações era equivalente 19,29% do PIB mundial (toda a riqueza produzida no mundo);

·         Daquele ano até 2008, o PIB do planeta - segundo o Banco Mundial - cresceu 23,8%, enquanto as importações aumentaram 113,49%. Por conta disso, era comum ouvir falar que o comércio exterior (ou processo de globalização, como os moderninhos gostam de chamar) seria o grande responsável pelo desenvolvimento do mundo. No ambiente dos “negócios” falar em proteger mercados era como cometer um pecado mortal (lógico que isso não se aplicava à agricultura dos países desenvolvidos...).

·         Mas daí, em 2009, por conta da falta de dinheiro fácil, as pessoas e os países pisaram no freio das compras internacionais. Somente naquele ano, as importações globais despencaram 22,9%. O fim do mundo dos maias estava prestes a acontecer antes de 2012! E veja só: depois de tanta tempestade, o planeta viu sua riqueza reduzida em 2,05%.

Se imaginarmos que a economia global é um  boi de 600 kg, o emagrecimento seria de 12,3 kg, o que é equivalente a um peru (a ave!) de 4 meses de vida. Por sinal, o prato preferido de dez entre dez Natais é aparentado do galo. E assim, retornamos a nossa fábula: Teve gente que cantou de galo, já que o impacto do comércio exterior e até do setor financeiro sobre a vida da maioria das pessoas não foi tão grande assim. Sofreu mais somente quem vive de exportação e de jogo financeiro, o que não é tanta gente assim, apesar do poder de fazer barulho que tem essa turma.

Não que a questão deixe de ser importante. Mas fica claro que a grande força da economia está no mercado interno da maioria dos países (claro, há exceções como Bélgica, Hong Kong, Japão, Rússia – por causa do petróleo - etc.). Um outro dado que comprova isso é que em 2010 o PIB mundial já estava recuperado do tombo do ano anterior, crescendo 2% diante de 2008, enquanto as importações ainda amargavam uma queda de 9,4% nessa mesma comparação.

E qual a explicação para isso? Na maioria dos casos, não é difícil. Simplesmente as pessoas deixaram de comprar tanto coisas de fora de seu país (como carros, ipods, azeitonas recheadas com atum em conserva no vinagre balsâmico, etc.) e as substituíram por produtos mais comuns no dia a dia.

Particularmente, o Brasil foi uma exceção a essa regra por conta do Real supervalorizado. Daí, apesar de podermos usufruir por mais tempo das delícias globais, essa festa tem um preço bem salgado: tal situação está intimamente ligada aos juros altos e às dificuldades enfrentadas pela indústria nacional, que será a abre-alas da recessão que se aproxima.

É esperar para ver!

Até Breve.

Eduardo S. Starosta

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Tentando Entender a Crise Global – Parte 2: O que Aconteceu com a Riqueza do Mundo

Até o início de 2008, falar sobre a possibilidade de uma crise de dimensões globais era coisa para poucos. Não que essas pessoas fossem mais inteligentes que as outras, mas talvez um pouco corajosas por fugirem do censo comum e abordarem temas desagradáveis aos ouvidos e bolsos.
Mas em setembro daquele ano finalmente aconteceu o apocalipse do sistema financeiro mundial e de lá para cá a crise global virou assunto fácil em qualquer mesa de bar. Veja só: de estamos completando três anos de convívio com essa realidade indesejada e ainda não há sinais de que a situação vá realmente melhorar nos próximos meses, ou até em períodos mais longos, especialmente na Europa e EUA.
Diante de tanto pessimismo é bem intrigante que nenhum veículo da mídia dê destaque ao real tamanho do problema. Os assuntos preferidos nesse âmbito ficaram por conta das oscilações nas bolsas de valores e dificuldade dos governos ao redor do planeta em pagar suas contas.
Aparentemente, acompanhando as notícias, parece que o mundo ficou mais pobre; e tudo que diz respeito à economia está dando errado. Será que é verdade? Ainda bem que não. É fácil provar isso com alguns dados fornecidos pelo Banco Mundial.
A figura a seguir retrata as últimas quatro décadas do crescimento do PIB mundial. Para reforçar a memória dos esquecidos, o PIB - Produto Interno Bruto - representa tudo o que foi produzido em bens e serviços no decorrer de um ano. Por exemplo, se você tem uma loja, o PIB dela é igual ao valor das vendas menos o que foi pago em mercadorias aos fornecedores,  salário aos trabalhadores e outras despesas diretas. O conceito se aproxima da idéia de lucro bruto.

Feita a explicação, observe abaixo que com exceção de 2009 o PIB global não parou de crescer nos últimos 40 anos. Claro que em alguns dos períodos a expansão da riqueza mundial foi inferior ao crescimento da população humana do planeta, fazendo-nos ficar, proporcionalmente, mais pobres por um curto período (a recuperação veio logo depois). Isso aconteceu por duas vezes na década de 70, uma vez nos anos 80,  idem nos 90 e finalmente em uma oportunidade nesta primeira década do terceiro milênio.

Sim, a queda do PIB global em 2009 foi uma novidade, por ter sido a maior do passado recente. Mas em termos mais objetivos, especialmente considerando a reação do ano seguinte, o que parecia um infarto da economia do planeta, não se mostrou muito mais grave do que uma unha encravada.
Evolução Recente da Taxa de Crescimento do PIB Mundial

Ano
Var %
Ano
Var %
Ano
Var %
Ano
Var %
1971
4,06%
1981
2,16%
1991
1,55%
2001
1,61%
1972
5,71%
1982
0,42%
1992
2,12%
2002
1,95%
1973
6,53%
1983
2,79%
1993
1,79%
2003
2,66%
1974
1,57%
1984
4,83%
1994
3,30%
2004
4,08%
1975
0,91%
1985
3,91%
1995
2,89%
2005
3,57%
1976
4,94%
1986
3,34%
1996
3,39%
2006
4,02%
1977
4,08%
1987
3,57%
1997
3,71%
2007
3,94%
1978
4,38%
1988
4,73%
1998
2,36%
2008
1,50%
1979
4,12%
1989
3,76%
1999
3,31%
2009
-2,05%
1980
1,86%
1990
2,97%
2000
4,27%
2010
4,22%

Fonte: Banco Mundial; Elaboração: ESTPLAN
Evidentemente, não se pode minimizar demasiadamente o que aconteceu a partir de setembro de 2008. O fato é que mesmo que a riqueza global não tenha desabado conforme retratava as manchetes dos jornais mais paranóicos, em alguns aspectos, a crise está sendo bastante rigorosa, como no caso do comércio entre países (tema do próximo Escracho Geral), sistema financeiro e contas públicas de vários dos governos mais ricos do mundo.
Agora, olhando o mundo de uma maneira ainda mais panorâmica, a despeito dos problemas enfrentados na atualidade, não seria correto falar que as coisas pioraram, ou que a humanidade vem se tornando socialmente mais injusta nas últimas décadas com a aceleração do processo de globalização.

Veja que nos anos 70, EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França e Itália concentravam nada menos do que 71,13% da riqueza mundial. Em 2010, para alcançar esse mesmo percentual, deve-se acrescentar China, Índia, Brasil e Canadá. De uma forma simples, isso quer dizer descentralização da distribuição de renda do planeta, o que é positivo.

Outro dado interessante nesse mesmo sentido: em 1970, segundo o Banco Mundial, 36 países tinham renda per-capita acima de US$ 5.000 (valores com desconto da inflação). Em 2010 (já em plena crise, portanto) esse "clube dos riquinhos" chegou a 74 nações.

E para finalizar, é interessante averiguar quem está pagando os maiores ônus da crise. Aí vão dados medidos entre 2008 e 2010:
·         9 países tiveram queda do PIB per capita acima de 10%. A renda per-capita média deles (aritmética) em 2010 foi de US$ 8.201 (valores constante de 2001);
·         18 países tiveram queda do PIB per capita entre 5% e 10%. A renda per-capita média deles em 2010 foi de US$ 13.721;
·         30 países tiveram queda do PIB per capita entre 2% e 5%. A renda per-capita média deles em 2010 foi de US$ 17.331;
·         29 países tiveram queda do PIB per capita entre 0,01% e 2%. A renda per-capita média deles em 2010 foi de US$ 14.556;
·         Por fim, os 100 países que registraram crescimento do PIB per capita (qualquer percentual) entre 2008 e 2010, registraram renda per-capita média de US$ 3.135.
Isso mostra que a crise em foco foi financeira mesmo (e não de produção) e por esse motivo atingiu exatamente quem tem mais dinheiro.
Aparentemente, os países pobres sofreram menos, ou ficaram de fora da bagunça. Isso é verdade pelo menos por enquanto. O futuro está carregado de mistérios...
Na próxima postagem abordarei os efeitos da crise no comércio global.
Até breve!