sexta-feira, 8 de abril de 2011

A Ditadura das Minorias e a Piada do Costinha

Lá pelos meados dos anos 70, quando eu tinha 11 ou 12 anos, surgiu a moda das calças boca-de-sino.

Quanto mais larga fosse a base da calça, tanto melhor. E quem conseguia cobrir todo o calçado com o brim, tinha um status todo especial no meio dos moderninhos da época.

Mesmo moleque, naquela época eu já tinha senso crítico suficiente para achar aquela moda ridícula; uma baboseira. Mas a opinião de uma criança naturalmente não era levada em consideração diante do consenso avassalador: a vida não poderia ter sentido sem as malditas calças boca-de-sino. Caminhando pela escola, ou em eventos sociais de pré-adolescentes, os raros resistentes à moda eram chamados de boco-mocos; seres de outro mundo.

No início do ano letivo seguinte, resolvi ceder à pressão. Minha mãe fez o obrigatório remendo de brim e fui para a escola com a ponta do sapato mal aparecendo. Mas estava tudo mudado: as bocas-de-sino haviam caído em desgraça e só se podia usar calças coladas nos tornozelos. Pelo menos mentalmente, mandei todos à pqp e desenvolvi alergia de décadas às palavras "moda" ou "está se usando".

Mais ou menos uma década depois, eu estava em Bondi Beach - uma praia de Sydney, Austrália - quando me deparei com uma linda loira com os peitos de fora. Naquele tempo, com vinte e poucos anos e os hormônios em franca ebulição, é evidente que aquela visão não me foi neutra. A quebra do transe hipnótico foi acontecer quando a proprietária dos seios me indagou aos berros o que eu estava olhando (e que voz mais horrível).

- Ora, estou vendo o mar. Por sinal, você está atrapalhando minha vista Mileide (leia-se peitudona babaca).

Naqueles tempos em que a presidência do Brasil caía no colo do Sarney, vivíamos num mundo em franco processo de globalização de costumes (apesar da cortina de ferro), onde a moda era começar a se mostrar. Mas ai de quem ousasse ver...

Os movimentos feministas prosperavam rapidamente e no caminho desbravado pelas mulheres que exigiam igualdade de direitos, minorias étnicas e comportamentais começaram a botar as manguinhas de fora e exigir respeito.
Provavelmente, a ação melhor planejada, mais inteligente, foi a dos movimentos homossexuais, que reagiram de forma primorosa à segregação histórica e que começou a se intensificar a partir dos primeiros focos da epidemia de AIDS.

Até esse ponto, tudo está certo. A meu ver, cada um faz o que bem quiser de si próprio. Mas a coisa tomou um caminho meio maluco: ser minoria começar a virar moda nos meios que se autodenominavam intelectuais, especialmente no ambiente das universidades.

E foi nesse clima que no início de 1986 – depois de quase dois anos revirando o mundo - eu voltei para o Brasil, com o objetivo de terminar a faculdade de economia. O reinício das aulas foi mais difícil do que eu imaginava. No primeiro dia, um dos meus amigos de tomar cerveja no início do curso, cismava de querer sentar no colo dos colegas. Na mesma semana, visitando outro amigo, me surpreendi com ele beijando cinematograficamente (cine pornô mesmo) um sujeito que estava junto.

Ainda bem, as demonstrações de afeto intra-sexos pararam por aí. Mas era obrigação social da platéia fingir que tais shows eram a coisa mais natural e corriqueira do mundo. Eu fora!

Ah, que saudades da peitudona desaforada..

Eu, que sempre fui um aluno displicente, achei melhor mesmo estudar para me formar e desligar a atenção daquele mundo que já começava a exercer pressões morais na direção de hábitos com os quais eu não sintonizava.

E as décadas foram passando, o mundo evoluindo e as tais das minorias gradativamente ampliando o seu poder.

Chegamos aos dias atuais com o lado ocidental do mundo sendo obrigado a conviver e respeitar todos os tipos de manifestações de credo, ideológicas e de opção sexual, além, é claro, da maravilhosa democracia étnica.

Tudo bem se a coisa ficasse por aí. Poderíamos terminar esse texto com o desejado “e todos foram felizes para sempre”. Mas a coisa não funcionou assim...

No Brasil, inicialmente, começou a prevalecer a idéia de que a discriminação do passado havia gerado uma tal de dívida social onde as minorias tinham os créditos por terem sido discriminadas em algum momento da história e a maioria ficava com os débitos.

Mas que minoria é essa? Vamos tentar identificar...

- De acordo com o censo brasileiro de 2000 (o de 2010 ainda não tem os dados bem processados), a população de afro-descendentes – negros e pardos - representava 45,3% do total do país e crescia de forma intensa diante da contagem anterior.

- Os brancos eram 53,8%, mas devem ter chegado a 2010 com pouco mais de 50% (quase uma minoria).

Por esse foco, a minoria não é tão minoritária assim e tende a virar maioria. Quando isso acontecer, como será que fica a situação, por exemplo, em relação às cotas raciais nas universidades.

Mas vamos pensar direito: na África há dezenas de milhares de tribos marcadas por diferenças étnicas; e mesmo dentre os brancos originários da Europa, sem falar dos asiáticos e os nativos índios, há enormes abismos culturais e de aparências físicas entre os povos.

Sim, é verdade que os ancestrais negros chegaram ao Brasil como escravos. Mas a maldição dessa hereditariedade acabou entre 1871 (Lei do Ventre Livre) e 1888 (Lei Áurea).

Grande parte dos imigrantes europeus e asiáticos chegou, exatamente, para suprir a necessidade de trabalho aberta com a libertação dos escravos.

E as condições de vida desse pessoal não eram de se invejar. Os italianos foram os primeiros a enfrentar a dureza da lavoura de café no final do século XIX e início do XX, sucedidos pelos japoneses.

Evidentemente, quem abandonou essas e outras civilizações milenares não o fez por simples aventura ou busca de riquezas. Eles eram quase que expurgos das sociedades em que viviam: fugiam da fome; perseguição étnica e religiosa. Aportaram no Brasil por falta de opção.

Será que seus descendentes não deveriam, também, serem considerados minorias favorecidas por políticas públicas. Se pensarmos assim, vamos chegar a conclusão de que sob um ou mais aspectos, todos somos minorias e que a maioria simplesmente não existe.

Então, MAMATA PARA TODO O MUNDO TURMA!

Agora, voltando à questão do combate do novo senso moral a que estamos nos submetemos, vamos entrar no tabu dos hoje quase intocáveis homossexuais.

Mesmo não havendo estatísticas oficiais, segundo a pesquisa Mosaico Brasil, feita em 10 capitais, os homossexuais e bissexuais masculinos correspondem 10,4% da população de homens (no Rio, terra do Bolsonaro, são 19,3%). No lado feminino, a preferência pelo mesmo sexo foi registrado em 6,3% da população.

Ou seja, transpondo esses resultados para todo o país, estamos falando de quase 17 milhões de pessoas assumidamente homossexuais. É gente para dedéu. Maior do que a população do Estado do Rio de Janeiro! Imagina se colocássemos nessa conta os enrustidos... DEUSQUEMELIVRE! Teríamos um Estado de São Paulo!

Pois bem, esses números mostram que não estamos tratando de mais uma pobre minoria perseguida e oprimida, como realmente acontecia em outros tempos.

Mas peraí: será que homem que gosta de pirulito e mulher que aprecia o que Raul Seixas chamava de o Rock das Aranhas são as únicas orientações sexuais dignas de defesa institucional?

Por que será que não existem movimentos contra a discriminação de relações do tipo: homem velho x ninfeta (pedofilia não vale); mulher velha x ninfeta; homem feio x mulher bonita; homem bonito x mulher feia; altas x baixos; baixas x altos; palmeirenses x corintianas; corintianos x gremista. Epa! Essa última mistura até eu sou contra (meu cunhado é corintiano, He, He, He).  

O certo é que na história pessoal das pessoas, raros são aqueles que não viveram alguma situação, que caso se tornasse pública seria condenada socialmente, ou ao menos pelos familiares. Ou seja, sob o aspecto de preferências, também somos todos minorias.

A diferença é que os homossexuais foram competentes em se organizar e hoje usufruem dos louros (falo da coroa de origem grega!) de suas vitórias no meio social.

Entretanto, não dá para negar que esses vitoriosos estão aproveitando a situação para tripudiar. As demonstrações públicas de afeto na rua dessa turma – especialmente os mais jovens - já há muito passaram de um apertão de bochecha ou mãos dadas (esses dias, vi dois gordões barbudos e tatuados andando assim.... que gracinha!).

Andando pelas ruas das principais cidades do país é possível encontrar casualmente alguns pontos de encontro especiais, onde as cenas dos meninas e das meninos  fariam sucesso em qualquer filme pornô do gênero.  

Em Porto Alegre, o “point” é a rua Luiz Afonso, na frente de um supermercado. Calma, sei disso porque a via é caminho para a casa de minha filha.

Esses tempos passei de taxi por lá com a menina no colo. Era final de tarde de domingo. Os gays estavam de um lado da rua e as lésbicas do outro, fazendo campeonatos de acrobacia. O motorista suspirou e disse:

- Se fosse meu filho ali, eu daria uma tremenda surra nele.

Lógico que não retruquei nada. Tal declaração gratuita, evidentemente, contém algum tipo de mágoa.

O fato é que as cenas em si são muito escancaradas para chamar a atenção. E se a gente olha, ou comenta, vem aquela turma policialesca do “o que é que você está olhando?”.

Pior é que se chamamos aquilo de veadagem, ou mostramos alguma contrariedade àquele sexo explícito, estamos sujeitos a ir para a cadeia por homofobia; mas se resolvermos fazer, em via pública, uma travessura um pouco mais ousada com a companheira, perigamos ser presos por atentado violento ao pudor. Mas eles não.

Pior ainda, é que com todo esse modismo do politicamente correto, fica proibitivo até contar piadas. Se o inesquecível Costinha estivesse vivo, ele teria mais anos de pena para pagar do que o Fernandinho Beira Mar por causa das suas gozações de bichinha. Para relembrar, após esse artigo transcrevi uma anedota dele...

Por falar nisso, esse moralismo deve estar colocando em crise o mercado do humor no Brasil. Se fazer piada de bicha não pode, daqui a pouco os portugueses, anões, árabes, judeus, cornos e joãozinhos vão estar, por Lei, imunes à gozação. Daí acabou o Brasil!

Sim, sejamos tolerantes com o próximo, mas também merecemos ser tratados como minoria de respeito. É verdade, nós que preferimos o sexo oposto acabamos ficando em sinuca.

A despeito de não ser um exemplo de simpatia, o Deputado Bolsonaro – mesmo que atrapalhadamente – tentou reagir a essa ditadura de novos costumes e está se dando mau.

Mesmo assim, nós, heterossexuais precisamos recuperar algum espaço. E aplausos para o Costinha!

Eduardo S. Starosta

Eram três bichinhas conversando, sobre o que cada uma gostaria de ser, se elas pudessem escolher:

- Ai, eu gostaria de ser ... Uma bola de futebol!! Disse a primeira.
- Bola de futebol??!?!?! Exclamaram as outras duas.
- E sim! Já imaginou, eu num campo de futebol, 20 homens me chutando, me disputando e dois homenzarrões me agarrando. Tudo isso durante 90 minutos! AAAAAAAAHHH! Ia ser demais!
- E mesmo! concordaram as bichonas.

Aí foi a vez da segunda, que mandou essa.

- Eu gostaria de ser um campo de futebol.
- Campo de futebol?!!? disseram as madames. Você tá doida!
- Imagina só aqueles mesmo 22 jogadores, me pisando o tempo todo, caindo por cima de mim, com aquelas camisas suadas! AAAAAAhhh! Eu ia ficar doida!
A terceira bicha não se conteve:
 
- Ah é, vocês duas não sabem de nada! Eu queria é ser uma ambulância!
- Ah, não agora nós não entendemos! Replicaram as dondocas.
- Imagina só, eu estou na minha, vem dois enfermeirões, me abrem por trás e aí enfiam um homem toooodinho, e eu saio pela cidade que nem uma doida gritando.
UUUUAAUUUAUUUUAAAUUUUAAAAAA    

Autor: Costinha