quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Enquanto o Brasil Sambava


Voltando do carnaval? 

Mesmo sem ter caído na folia, a chance de você ter cometido algum atentado ao fígado na onda do feriado prolongado é, no mínimo razoável. 

Então, para começar bem esse resto de semana (ou mesmo o ano, segundo alguns),  segue uma receita tradicional de suco anti-ressaca:

Pegue uma maçã, meia cenoura, um talo de salsão e o suco de uma laranja. 
Bata tudo isso no liquidificador, acompanhado por água de coco bem gelada e beba logo. 
Pronto, lá se foi a ressaca (as menos graves, pelo menos)!

Mesmo com toda a dedicação das escolas de samba, é triste prever que o carnaval desse ano provavelmente será lembrado pela violência: tiroteio prejudicando o desfile da Vila Isabel no Rio; depredação e roubo das notas do desfile de São Paulo; e o moleque imbecil de Quintão (RS) que atropelou 17 foliões, talvez querendo imitar o energúmeno que fez o mesmo com dezenas de ciclistas em Porto Alegre há alguns meses (será que ele está preso?)

Descontando esses e alguns outros absurdos da violência, tenho a confiança de que a esmagadora maioria das pessoas soube como aproveitar os dias de festa para gastar a energia que estava sobrando ou recuperar a que faltava.

Começamos, então, o ano de fato no Brasil, com todos os desafios que teremos pela frente em 2012. 

Dessa forma, não é despropositado desejar a todos um Feliz Ano Novo (na verdade, o carnaval primitivo é isso mesmo: a homenagem ao novo ciclo de fertilidade da natureza).
  
 É interessante notar que enquanto o nosso país simplesmente parou de funcionar por quatro dias, o mundo continuou funcionando, já que o carnaval só é realmente levado a sério por aqui. E descartando os argumentos pernósticos contra a nossa festa nacional (todos os países têm o seu momento de parada e é ótimo que o nosso seja em nome da alegria e liberdade!), é adequado pensar que estamos acordando de uma longa soneca, onde a realidade mundial mudou pelo menos um pouquinho enquanto dormíamos.

Então, a proposta de hoje é simplesmente dar uma rápida passada no que está acontecendo de interessante no planeta e que deverá ter desdobramentos nas próximas semanas, meses ou anos.

Começando pelo Japão, o arquipélago mais rico do mundo está com sérios problemas energético. 

Depois dos desastres naturais do ano passado, com direito a tsunamis em Fukushima e terremotos, a segurança das usinas nucleares do país ficou seriamente abalada. E com a parada do reator número 3 de Takahama (centro do Japão), apenas dois dos 54 reatores nacionais continuam em operação.

A questão matemática é simples: está faltando energia por lá e o governo já fala em reduzir o consumo das residências em pelo menos 10%. Parcialmente, a situação é compensada pelas usinas térmicas (principalmente a carvão), atuais vilãs do meio ambiente.

E aí se cria o problema que terá alcance global: as formas atuais de geração de energia, ou são inseguras, ou agressoras do meio ambiente, ou ineficazes, ou antieconômicas. 

Existe solução no curto prazo? Aparentemente não, uma vez que as formas geradoras de energia limpa ainda são primitivas em termos de capacidade para cobrir a demanda. 

No longo prazo (entre 10 e 20 anos), entretanto, o cenário é animador: a fusão nuclear poderá estar aperfeiçoada, assim como tecnologias de aproveitamento da energia dos ventos, das marés e do sol. O problema é que quanto mais energia o mundo é capaz de gerar, maior é o gasto da humanidade (isso é científico!) e o futuro mais longínquo pode trazer mais desequilíbrios... e soluções inovadoras!

Na Holanda, Mark Post está levando a sério o seu ideal de acabar com a chatice dos movimentos vegetarianos. O cientista divulgou na imprensa que lá por outubro ele vai ter carne suficiente para fazer o primeiro hambúrguer de células-tronco da humanidade. Em outras palavras, carne vermelha legítima sem matar nenhuma pobre vaquinha! 

O sujeito está meio desacreditado no meio científico sob o argumento de que a produção de carne dessa forma não gera produtividade suficiente  para ser relevante e que para o produto se tornar agradável ao paladar humano, será necessário incluir gordura e sangue artificial na receita.

Entretanto, se a iniciativa der certo e for aperfeiçoada, estaremos iniciando uma grande revolução na alimentação e no meio ambiente mundial. 

Imagine que cerca de 60% do efeito estufa do globo é provocando pela flatulência dos bovinos. A partir de uma eventual competição parcial com a pecuária de corte (hambúrguer de laboratório eu até posso comer, mas duvido que eles inventem uma costela gorda sintética de qualidade!) os “pums” seriam menos impactantes na natureza.

Por sinal, é perfeitamente plausível a nossa geração aguardar o inicio de novas revoluções no campo da alimentação e agricultura. A população vem aumentando cada vez mais lentamente e a produtividade da produção deverá dar ainda muitos saltos. Isso significará menor necessidade de áreas de plantio, queda do preço das terras e melhores condições de manejo ambiental nas próximas três ou quatro décadas.

O melhor de tudo, é que um contexto desses é letal para uma das piores pragas ambientais geradas pela humanidade: “os ecolochatos”!

Já na Rússia, os cientistas estão se especializando em ressuscitar mortos ao invés de criar vida (a população do país vem caindo desde o fim da URSS). David Gilichinsky e sua equipe conseguiu pegar uma planta congelada há 30 mil anos, cultivar em laboratório tecidos de seus frutos ... e Abracadabra! Nasceu uma plantinha nova em folha lá da Era do Gelo.

Daqui a pouco vai ser possível fazer esse procedimento com tecidos animais e trazer espécies extintas de volta. 

A ironia disso tudo é que Gilichinsky morreu pouco depois de concluir o experimento. Será que ele estava com planos de voltar a vida? 

É um mistério bem típico da civilização russa, que tem especial aptidão para desenvolver coisas incomuns, não raramente um tanto quanto sinistras... à La Rasputin.

E a Grécia, já no tema da crise econômica mundial, está papando mais 130 bilhões de euros da União Européia e FMI para tentar arrumar suas contas públicas em pandarecos. 

O maior preço desse dinheiro não é o custo financeiro, mas a perda de autonomia orçamentária do governo, que agora será acompanhado de perto por uma comissão dos credores.

Daí é só esperar por nova onda de protestos, onde lembranças dos velhos tempos de Atenas e Esparta serão resgatadas, além de mágoas contra a Alemanha da II Guerra Mundial. Tudo isso para manter a insanidade das contas públicas do país.

Uma pergunta: se o seu melhor amigo(a) estivesse quebrado por mau uso do dinheiro, você empresaria alguma coisa a ele sem se prevenir de que os seus recursos também não iriam acabar no ralo?

Por outro lado, a maioria dos que analisaram profundamente o rombo fiscal grego, consideram que os E$ 130 bi não são suficientes para eliminar o risco de quebra do país. Nesse caso, talvez o melhor seja não emprestar nenhum centavo e deixar quebrar mesmo!


Finalmente, nos Estados Unidos, as redes varejistas entraram na onda de alterar a própria personalidade para contornar a perda de movimento causada pela baixa do comércio.

A Walmart está oferecendo consultas médicas a US$ 50,00 (cerca de 10% do valor de mercado) e nem precisa marcar horário. Se você está com dor de barriga, basta ir no supermercado e consultar o doutor na gôndola em que ele atende (na verdade é um consultório, mas daí fica sem graça). 

Já as farmácias estão virando as melhores cafeterias do país, enquanto a loja-conceito Wal-greens, de Chicago, está vendendo serviços de pedicure e sushi-bar.

Que bagunça!

Mesmo assim, é uma estratégia que deve ser respeitada. Muitos se queixam do pragmatismo extremo dos norte-americanos. Entretanto, em se tratando de sobrevivência e reinvenção de si próprios, eles são insuperáveis, pelo menos até o momento.

Provavelmente, em breve, essa novidade deverá chegar ao Brasil. 

Certos restaurantes e lanchonetes por aqui têm tudo para estar integrados a serviços de pronto-socorro e até funerários; os cinemas de arte poderiam alugar poltronas bem reclináveis para facilitar o sono;   os aeroportos fariam o maior sucesso arrendando barracas-motéis (lembra do relaxa e goza da ex-ministra do turismo e atual senadora Marta Suplicy?)... e assim por diante.

Enfim, com o final do carnaval, chegou a hora de arregaçar as mangas e tocar a vida até o próximo ano. 

Felicidades a todos!

Até Breve

Eduardo Starosta

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O Carnaval Mental do Escracho Geral: Tempo de Fantasia em um Mundo Surreal



O carnaval é uma festa fantástica, especialmente na medida em que proporciona alguns dias de plena liberdade individual, sem censura. O sexo é liberado; homens chegados ao transformismo têm a desculpa de se vestirem de mulheres sem correrem o risco de serem linchados; e na fantasia passa a valer praticamente tudo, regado a samba, suor e cerveja (Caetano Veloso).

Pessoalmente, prefiro passar esses dias longe da agitação, no máximo cobiçando as belas mulheres dos desfiles através da tela da televisão de 20 polegadas num apartamento de praia, o que só será trocado por uma eventual pescaria no Farol da Solidão (RS).

Bem, há gosto para tudo e todos eles precisam ser respeitados desde que não interfiram na liberdade do próximo. Dessa forma, fico com a cerveja e deixo o samba e o suor para quem quiser.

Mas isso não me faz perder o interesse pelo tema do carnaval. 

Dispensando as explicações pagãs que grande parte das pessoas conhece, o fato é que estamos falando de uma comemoração global de culto aos prazeres da vida. E não raramente, para garantir a impunidade das travessuras, os foliões usam fantasias com objetivo claro de esconder a própria identidade. 

Mas isso não quer dizer que essas pessoas não têm identificação com o personagem escolhido para representar o seu "Avatar". Bem nesse ponto, qualquer tipo de verdade  acaba se tornando relativa, uma vez que cada fantasiado mascara sua própria identidade com as características que mais admira ou lhe chama atenção do personagem escolhido. Em resumo, estamos falando de um jogo de mentiras toleráveis, pois através delas fica mais fácil usufruir dos prazeres, amores e ódios mais intimamente desejados... até quarta de cinzas.

Apesar do carnaval de ser uma festa tipicamente brasileira, ela também está presente em vários pontos do mundo de forma mais moderada em termos do escracho da liberdade, mas com o mesmo sentido ou muito próximo.

Quem gosta da festa e tem vitalidade para agüentar a maratona da folia, que aproveite bem, já que o resto do ano aparentemente não vai ser muito fácil. 

Então, um bom carnaval a todos os leitores de Escracho Geral.

Começou a “Releitura” de Bin Laden - Osama Bin Laden seguia à risca a tradição árabe de possuir tantas esposas quantas pudesse sustentar. O problema disso é que em cada pacote de casamento pode vir como brinde uma penca de cunhados, o que sempre acaba resultando em encrenca.

Um deles (irmão da quinta esposa), chamado Zakaria Al Sadah resolveu aparecer no jornal britânico "Sunday times", dizendo que o mais letal terrorista da história simplesmente queria que seus filhos e netos estudassem no ocidente ano e vivessem em paz. 

Realmente, essa é uma história difícil de engolir. Se fosse verdade, significaria que Bin Laden seria ainda pior do que a encomenda, na medida em que ele teria liderado a morte de milhares de inocentes, sem nem acreditar na própria causa. 

Mas o mais provável é que com o passar dos próximos carnavais a imagem refletida pelas máscaras de Bin Laden fiquem cada vez mais caricatas e simpáticas. 

Ainda considero ter sido um grave erro o assassinato do chefe da Al Qaeda. Seu poder tende a se multiplicar na qualidade de mártir.

Guerra e Homossexualismo – Na história dos povos belicosos, o papel das mulheres sempre ficou relegado às tarefas domésticas. Os verdadeiros guerreiros ficavam juntos em acampamentos, se preparando para intermináveis batalhas, enquanto admiravam a virilidade uns dos outros. 

E pelo que os antigos historiadores deixam entender, entre um admirar de bíceps ou tríceps do companheiro,era comum ocorrer um “rala e rola” entre os guerreiros. Os relatos mais claros “desse admirar do mesmo sexo” ficam entre os registros das atividades espartanas (Aquiles papava seu primo) e da Macedônia (lembrando que Alexandre O Grande não escondia a preferência por seu namorado).

Será que tais preferências militares ficaram restritas aos tempos antigos? Acreditava que sim, até saber da denúncia feita pela Alta Comissária de Direitos Humanos da ONU, Navy Pillay.

Segundo ela, os soldados sírios em missão de reprimir a revolta contra o regime de Bashar al-Assad, estão estuprando os prisioneiros de guerra. Todos homens ou meninos!

Além de considerar a situação em si atrocidade, crime, será que o fato não reflete uma preferência homossexual por parte dos adeptos da violência, da mesma forma como acontecia na antiguidade?

Presenteio essa peteca aos psiquiatras e psicólogos. Mas não posso deixar de imaginar que talvez a melhor forma de resolver os embates bélicos seja simplesmente colocar os guerreiros em boates gays para, diríamos, liberar a energia.

A Gênese Brejeira – Artigo publicado na revista científica PNAS defende a idéia de que a vida no planeta Terra não surgiu no mar, conforme pensa a maioria dos biólogos. 

De acordo com Armen Mulkidjanian – coordenador do estudo – os ingredientes necessários para se criar a sopa primordial da vida – gerando as reações químicas necessárias – podem ser mais facilmente encontrados em pequenas áreas alagadas e estáveis do que na vastidão dos oceanos, onde a mistura de compostos é bem menos provável. 

Em outras palavras, doa a quem doer, todos os animais da Terra, inclusive nós os humanos, deixamos de ser filhos do Grande Deus Netuno para virarmos criaturas de origem bem brejeira. 

Pessoalmente, gostei da idéia. Combina mais com a humanidade.

Metendo Bala no Facebook – A história começa bem inocente. Uma menina de 15 anos, revoltada por ser obrigada a fazer tarefas domésticas como lavar a louça, externou sua indignação postando mensagem sobre o assunto no facebook. 

Lamentavelmente, o furioso papai descobriu a subversão  e resolveu puni-la matando o notebook da mocinha com nove tiros. 

A cena foi gravada e veiculada no YouTube (clique aqui para ver) e já conta com milhões de visitas.

Se a moda pega, além dos ladrões de caixa eletrônica, alguns correntistas vão começar a meter bala nos equipamentos para se vingar das contas estouradas. Da mesma forma, os ministros travessos da Patroa Dilma poderão estourar telas e telas de computadores, para abafar suas ações, diríamos, pouco condizentes com uma vida pública honrada. 

Moral da história: o Sr. Tommy Jordan (pai da menina) deu o exemplo uma idiotice de alcance global... Aguardem por novas besteiras similares a essa.


A Inteligência da Esquerda – Os socialistas, comunistas e demais que se consideram de linha política de esquerda estão com tudo! De acordo com pesquisa canadense que agregou dados de 50 anos, esse grupo de pessoas são mais inteligentes do que aqueles que se identificam com direitistas. 

E a diferença não é nada pequena. A média de QI para a direita ficou em 94 pontos, enquanto a esquerda ficou com 106 pontos. 

Mas vamos entender direito a questão: no Hemisfério Norte, clichês “esquerda” e “direita” são substituídos, respectivamente, por “liberais” e “conservadores”, sendo que esses últimos – mais associados à defesa da livre iniciativa – são predominantes no campo do domínio político, especialmente desde a queda da cortina de ferro e desmantelamento da URSS. Em resumo, o questionamento da realidade vigente nos EUA, Europa, Japão, etc ficou mais a cargo daqueles identificados com a posição política minoritária. 

Havemos de concordar que é mais difícil quebrar tabus e questionar o poder vigente, do que simplesmente defender as instituições estabelecidas e seus gestores.

Então, considero mais palatável aceitar a idéia de que a maior inteligência tende a ficar do lado que questiona o poder. Ou seja, o poder emburrece!

Robô que Come Cocô – Não é brincadeira! Cientistas britânicos desenvolveram um robô que ingere dejetos e água poluída para recarregar suas baterias. A coisa é mais ou menos assim: a engenhoca come a merda e micróbios decompositores transformam a lauta refeição em energia elétrica. E o mais interessante é que o robô em questão pode funcionar incessantemente por cerca de 30 anos.

Imagina soltar um bando dessas máquinas nas redes de esgoto e canos. A função deles é exatamente essa, limpar a porcaria que as pessoas não conseguem ou não tem estômago para tal. 

O lado preocupante de tudo isso é que a robótica está tendo sucesso em dar cada vez mais autonomia energética e de mobilidade para as máquinas. Também progride rapidamente o desenvolvimento de cérebros artificiais. 

Imagina juntar tudo isso numa coisa só: mobilidade, autonomia energética e inteligência? Está-se criando um ser capaz de tomar decisões inteligentes por conta própria. E isso é perigoso, pelo menos sob o ponto de vista do velho Isaac Asimov, cujas obras de ficção científica – assim como as de Julio Verne – previram várias coisas que hoje são realidade.

Querem Matar o Tiro ao Alvo – O mundo moderno faz algumas coisas perderem a graça. Desde os tempos imemoriais, muitas pessoas se gabaram de suas pontarias. Poderia ser no arco e flecha, lança, dardos e até estilingue. Nas olimpíadas da era moderna existe até o tiro ao prato.

Pena que isso esteja com sua utilidade prática morrendo. Uma indústria bélica dos EUA inventou uma bala que simplesmente persegue o alvo através de um conjunto de barbatanas associados a sensores óticos e laser. Simplesmente, errar o alvo vai ser impossível. 

Na nota anterior falamos nas previsões de Asimov. Agora vale lembrar que Walter Lantz - criador do Pica-Pau e Andy Panda - já havia idealizado a bala de controle remoto (sempre acertava o traseiro do Zeca Urubu) e foi seguido pelos estúdios Anna & Barbera e outros.

A vulgarização dessa tecnologia (por maior que seja o segredo, ele sempre é desvendado) terá alguns desdobramentos sérios. O tiro acidental deixará de existir; enquanto o erro acidental será quase uma impossibilidade.

A Chuva Sólida – Todo o ano é a mesma coisa: em alguma região do mundo milhões de hectares de plantações são perdidos por conta de estiagens extremas. Não raras vezes, até em regiões em que a sociedade teve sucesso em se mobilizar e providenciar reservatórios, a força da seca é implacável.

Mas essa maldição pode estar prestes a acabar. Talvez inspirado nas fraldas infantis, o engenheiro mexicano Sérgio Rico inventou um gel à base de poliacrilato de sódio (sei lá o que é isso!) que acumula água da chuva perto da raiz dos vegetais o suficiente para nutrir a planta durante toda a seca. 

O composto tem vida útil de 8 a 10 anos e já foi testado com sucesso em lavouras de milho. Se isso realmente funcionar no mundo real (será que os arados mecânicos da lavoura não liquidam ou deslocam o gel?) e o custo for razoável, os agricultores terão muito o que comemorar, além de se evitar a construção de gigantescas barragens. 

Gel acumulador de água, desenvolvido pelo mexicano Sérgio Rico (agora rico mesmo)
Geopolítica da Crise Européia – Será coincidência? Na IIa Guerra Mundial, a estratégia alemã foi expandir ao máximos as fronteiras de seu domínio e buscar a sustentação da maior parte possível dos territórios conquistados. Enquanto isso, os ingleses se recolheram a sua ilha para concentrar esforços e foram para o contra-ataque a partir do apoio logístico das ex-colônias.
Agora, em plena crise européia, é claro que as idéias bélicas estão descartadas. Mas a estratégia de reação mostra-se similar a de 70 e tantos anos atrás.
A Alemanha, sob a batuta de Angela Merkel, está assumindo incontestável liderança na União Européia, simplesmente por ter tido a capacidade de manter as contas públicas germânicas em ordem, enquanto gregos, portugueses, italianos e outros faziam estrepolias com o dinheiro público de seus países e da União Européia. Essa postura fez com que os alemães naturalmente assumissem o papel de xerifes financeiros do continente, gerando naturais ódios regionais, que atualmente estão mais latentes na Grécia.
Enquanto isso, os britânicos – com toda a experiência financeira – resolveram se defender da crise através de um recuo para a segurança das próprias fronteiras.
É provável que uma dessas duas posturas seja a chave para a superação da crise. 
A fragilidade alemã consiste em assumor a responsabilidade sobre uma amplitude territorial demasiadamente grande, sem dominá-la de fato. Pelo lado inglês, o ponto fraco está exatamente numa estratégia inicial isolacionista do resto da Europa que será muito cara no futuro (em termos de preferências comerciais), se eles não reagirem a tempo de se tornarem protagonistas importantes da recuperação da economia do continente.
Um ótimo carnaval a todos e até breve!
Eduardo Starosta




quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O PT Balzaquiano




Certa vez, o General Montgomery foi homenageado, por sua vitória contra o alemão Rommel, na IIª Guerra Mundial.
Em seu discurso, Montgomery se gabou:
"Não fumo, não bebo, não prevarico e sou herói"
Churchill ouviu o discurso e  retrucou:
"Eu fumo, bebo, prevarico e sou chefe dele."


Na minha opinião Winston Churchill foi o personagem mais decisivo para a história da humanidade no século XX. E entendo que um dos seus maiores méritos e chaves do sucesso foi enxergar nele próprio uma pessoa sujeita a paixões e tentações mundanas, as quais – mais do que esconder – fazia questão de ressaltar.

Daí a grande sabedoria do Premiê britânico em reconhecer que simplesmente somos o que somos; e não o que idealizamos a respeito de nós próprios.

Talvez por conta dessa postura crítica, várias de suas frases de efeito se tornaram clássicas. Para quem estiver interessado em um resumo dessa obra, clique aqui para ser redirecionado ao site ”pensador.info”.

Mas, para essa postagem, estou interessado em uma frase falsamente atribuída à Winston Chuchill, provavelmente para valorizá-la. “Quem não foi de esquerda até os 30 anos não tem coração; quem continuou sendo depois disso, não tem cérebro”.

Dizem que, na verdade, esse foi um deboche do falecido Paulo Francis, o qual costumava ser bem ácido para desfazer as pessoas e idéias das quais não gostava.

Apesar do tom intolerante da afirmativa, ela não chega a ser totalmente absurda no contexto da história brasileira e latino-americana.

Especialmente nos anos 60, 70 e 80 quase todos os países da América do Sul foram governados por ditaduras militares explicitamente identificadas com ideologias de extrema direita (leia-se fascismo). E quase que naturalmente, quem buscava se antagonizar com a falta de liberdade de expressão da época era abrigado pelo extremo-oposto da esquerda marxista e suas centenas de ramificações.

Isso aconteceu especialmente ao nível das universidades (também em sindicatos e em menor escala no meio militar), onde a natural teorização de mundos idealizados no protegido isolamento dos campus permitiram a prosperidade de teses que, necessariamente, não se enquadram como uma luva no mundo real do dia-a-dia.

Mas o importante, na época, é que para ser considerado uma pessoa “do bem” no meio social das universidades era necessário se opor à ditadura de direita; e o caminho aparentemente mais lógico para isso seria tornar-se “um subversivo de esquerda”.

Ou seja, a disseminação do marxismo na juventude daquele tempo foi parcialmente a resposta a um grande apelo emocional por justiça, liberdade e direitos democráticos. Lógico que esse vínculo ideológico acabava gerando decorrências naturais da forma como o mundo deveria ser interpretado.

Daí, indiretamente por conta das ditaduras latino-americanas, prosperou pela geração de classe média do continente que hoje está na faixa etária entre 45 e 65 anos uma forte aversão ao capitalismo, visto como a ideologia dos déspotas e espoliadores.

Assim, tudo o que fosse favorável à livre iniciativa, à economia de mercado, passou a ser demonizado, por servir de base de apoio aos ditadores nacionais e imperialistas internacionais (mais notadamente os EUA e as multinacionais).

Explicada a questão, não vejo como condenar ou ridicularizar os jovens dos anos 60 a 80 que optaram pela associação com a esquerda. Seria mais ingenuidade ainda tentar ver os dois lados da moeda em um ambiente de repressão. A luta pela liberdade era uma necessidade e só poderia ser levada adiante na medida em que houvesse um antagonismo claro, de fácil compreensão.

E isso justifica a primeira metade da frase falsamente atribuída a Churchill (provavelmente de Paulo Francis) “Quem não foi de esquerda até os 30 anos não tem coração...”.

No final dos anos 70, em paralelo à efervescência universitária, germinava rapidamente o movimento sindical do ABC paulista (e também no Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro), o qual foi extremamente hábil em associar suas demandas salariais e de direitos trabalhistas ao pensamento de esquerda das universidades (e de alguns “dinossauros” dos anos 20 e 30), com o tempero especial da crescente insatisfação da classe média brasileira, diante da estagnação que se seguiu ao fim do milagre econômico daquela década.

E foi nesse contexto histórico que nasceu o Partido dos Trabalhadores, liderados pelos então sindicalistas Lula, Olívio Dutra, José Fortunati & Cia, secundados por ideólogos da esquerda como José Dirceu, Hélio Bicudo, Tarso Genro, Eduardo Suplicy, Plínio de Arruda Sampaio, dentre outros.

Relegados a um eleitorado modesto no início dos anos 80, os petistas souberam usar primorosamente os preceitos práticos do manual da militância socialista e lograram sucesso em arregimentar crescentes contingentes para o seu lado do jogo. Isso ocorreu especialmente no âmbito da juventude da época e movimentos sindicais e sociais mais incisivos, como CUT, MST e frentes religiosas, o que – nesse último caso acaba sendo uma forte contradição com os preceitos do materialismo histórico (em outras palavras, marxista da gema não pode acreditar em Deus!).

De uma forma até rápida, o PT galgou crescente bancada nos legislativos municipais, estaduais e federal, conquistando prefeituras e governos de locais políticos importantes do país. No início, é verdade, cometeram grandes barbeiragens na condução dos executivos, mas também é verdade que, em vários casos, aprenderam com os erros e foram amadurecendo sob alguns aspectos da gestão pública. E em outros aspectos não!

Entendo que o principal mérito petista é a própria organização partidária e de sua militância. Foi essa a força motriz que os levou a conquistar por três vezes consecutivas o governo federal.

Porém, o exercício do poder tem seus custos e embates de consciência. Talvez um dos maiores seja o reconhecimento de que a prática do trato com seres humanos não foi mapeada com competência por nenhum manual, nem mesmo o marxista.

Também pudera, o bicho gente é demasiadamente complicado: somos um animal ao mesmo tempo social e individualista; entendemos as regras da sociedade e concordamos com elas até o momento em que nossos interesses pessoais sejam contrariados; somos sujeitos a mudar de opiniões conforme a conveniência do momento.

Em resumo, o ser humano é dono de uma consciência predominantemente ingovernável no sentido mais absoluto da palavra. Apenas leis punitivas colocam a sociedade nos eixos.

Nesse ponto, o capitalismo vence o socialismo de goleada em termos de reproduzir a essência humana. Afinal, o que está em jogo na economia de mercado é o conceito da não-ideologia (a esquerda chama isso de neo-liberal) em favor da multiplicação da ambição pessoal por riqueza.

Se esse movimento de caráter individualista pode beneficiar terceiros, não há restrições quanto a isso, o que acaba tornando o capitalismo imbatível em termos de desenvolvimento econômico. O empresário e mesmo o empregado produz pelo seu próprio interesse de ganhar dinheiro, enquanto nos modelos econômicos mais “solidários”, a motivação prioritária é o ganho comunitário, o que invariavelmente gera ineficiências crônicas, lembrando que, afora alguns altruístas de verdade, humano só pensa em beneficiar o próximo, se isso traz alguma compensação em proveito próprio.

E voltando a história do PT, esse reconhecimento da natureza humana, o qual está distante do ideal que as pessoas deveriam ser segundo a índole socialista, acabou gerando um forte choque de consciência daqueles universitários que hoje estão grisalhos.

Afinal, a prática confirmou a antiga profecia do compositor Belchior, de que “ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais”. O reencontro com a antítese das certezas mobilizadoras do passado fazem parte de qualquer processo de amadurecimento, quando há a busca de harmonização. 

Neste caso, coincidentemente o PT está em plena idade balzaquiana ( a mulher de 30 anos), onde a beleza começa a se misturar com as experiências reais da vida, mandando embora a ingenuidade (daí a segunda parte da falsa frase de Churchill: ... quem tem mais de 30 anos e continua de esquerda não tem cérebro).

É de se entender que a equipe econômica de Lula não mudou as diretrizes da política monetária do governo de FHC por medo de fazer alguma porcaria; também é parcialmente compreensível a política de alianças feita pelo PT para chegar ao poder, do tipo "toda maneira de amor vale a pena".

Entretanto, o passo dado na direção de promover a privatização dos aeroportos é um fato integralmente novo, feito de livre e espontânea vontade por uma cúpula partidária que hoje reconhece a pouca capacidade da gestão pública em administrar competentemente negócios de características privadas.

Foi realmente uma criativa chacota, a ex-musa das privatizações, Elena Landau (Ex-BNDES), ter passado o título de beleza para a presidente Dilma Rousseff.

Sem maiores brincadeiras, o significado da ação de privatização é forte. O PT - na prática - rompeu com sua própria base de formação, em nome do pragmatismo da implacável realidade

Considero isso excelente e dou os parabéns aos líderes desse processo histórico.

Só falta, agora, a cúpula petista se convencer de que é bobeira defender idéias de controle da imprensa e de tentar montar uma logística na administração pública de perpetuação no poder.

Daí chegaremos à democracia realmente plena, onde os pontos de debate político passarão a ser centrados em questões objetivas, ao invés de uma seqüência intermináveis de xingamentos entre partidos políticos. Em tempo: a oposição também tem que amadurecer.

Vejo que mesmo diante de tantos escândalos ao nível dos ministérios, estamos tateando uma linha divisória na qual poderemos evoluir para um modelo de construção democrática de qualidade espanhola (sem Rei, é claro) ou regredir para a repetição dos ciclos populistas do passado à la Argentina.

Tudo depende da inteligência... ou burrice dos governantes. No primeiro caso, segue-se à decisão histórica dos aeroportos um longo caminho fiscal e administrativo ao nível da federação, estados e municípios.

Até Breve

Eduardo Starosta