segunda-feira, 29 de abril de 2013

O Mundo Pós-Global - Parte 1


O Mundo Pós-Global – Parte 1

O último relatório sobre a economia global do FMI traz pouca luz sobre quando ou em que circunstâncias o mundo vai sair da crise de origem financeira iniciada em 2008.

Talvez seja primeiramente importante reconhecer que existe rondando pelo planeta algo pior do que os problemas financeiros e de contas públicas dos países – com destaque especial para a Europa.

Entre balanços de empresas, pontos da bolsa e cotações de moedas está sendo possível enxergar uma realidade enfadonha, na qual coisas realmente novas não surgem. Isso não é claramente perceptível porque as empresas líderes globais estão se esforçando ao máximo para manter a cabeça erguida com novos lançamentos de produtos “inovadores” que, na sua essência, não passam de uma releitura do que já existe.

Pensando bem, a última revolução realmente revitalizadora da humanidade ocorreu entre a década retrasada e a passada, com a popularização da informática e telecomunicações. Daquele tempo até os dias atuais, nada surgiu de muito relevante que viesse a mobilizar grande número de pessoas em uma direção de mudança de destino.

Para contrapor esse pensamento, não vale lembrar do recente lançamento dos tablets ou de novas engenhocas dos celulares. É isso que eu chamo de “mais do mesmo”, ou seja, apenas uma releitura de design, com alguns avanços não tão empolgantes. Talvez uma das raras exceções seja o tal dos óculos do Google (quem experimentou diz que é fantástico).

Mas o que a realidade tem mostrado é que a crise financeira é menos grave do que a atual crise de imaginação. Há alguns anos, as encrencas dos países eram rapidamente resolvidas com inovações de produtos. Aparentemente, a inspiração anda em baixa nos dias de hoje.

Então, não é coincidência que a Europa está pagando o maior preço social pela crise global e a China está crescendo acima de 7% ano ano. 

O povo do Velho Mundo está fazendo jus ao apelido do continente e assumindo uma postura resignada, tal qual os últimos meses de trabalho de um profissional que deseja a aposentadoria. 

Enquanto isso, os chineses estão recém degustando os primeiros sabores da sociedade de consumo, se especializando em “adaptações” baratas e multifuncionais do que nasceu para ser sofisticado durante muitos anos. Mais ou menos é como lançar no mercado um bacalhau à base de frango.

Mas a saída chinesa tem prazo de validade. Na medida em que a exigência de qualidade for aumentando, os falsificadores ficando manjados e as exigências de trabalho digno começando a surtir efeito, o povo amarelo vai ter que realmente começar a rebolar na busca de verdadeiras novidades, o que ainda parece ser prerrogativa dos norte-americanos e japoneses... se bem que aqueles povos também estão mostrando lerdeza criativa.

E por incrível que pareça, o até há pouco tempo careta e circunspecto Fórum Econômico Mundial parece estar disposto a tomar as rédeas para conduzir a humanidade novamente no caminho de uma imaginação mais fértil.

Em seu Relatório de Riscos, Globais (http://reports.weforum.org/global-risks-2013) divulgado no início de 2013, o Fórum recomenda que as nações do mundo discutam seriamente alguns pontos que podem vir a ser estratégicos – ou vitais – para o futuro em termos de ética e da forma como as sociedades se enxergam a si próprias.

O primeiro ponto é o que mais quebra com os padrões do que se define por razoável de acordo com o pensamento tradicionalmente conservador das lideranças políticas e científicas mundiais em relação ao intangível.

O documento simplesmente diz que é uma questão de tempo até que se descubram formas de vida extraterrestre. Isso mesmo! Estão dizendo para nós começarmos a levar os ETs a sério.

Se ocorrer algum achado de vida – mesmo que bacteriana – em Marte, Europa (o satélite de Júpiter, não o Continente!) ou em outro lugar do sistema solar, o primeiro aspecto a entrar em crise será o ego religioso, especialmente da teologia ocidental... Se existem formas de vida em outros mundos, o que sustentará a crença de que Deus teria feito o ser humano a sua imagem? Cá entre nós, com tantas imperfeições que temos, isso seria muita falta de imaginação do Todo-Poderoso.

E imagina se os novos telescópios que já descobriram planetas em zonas potencialmente habitáveis na órbita de estrelas vizinhas ao nosso Sol encontrarem algum sinal de civilização adiantada. Será que aquelas caras assustadoras de ETs que circulam na internet podem ser verdade? Veja a seguir algumas das imagens de extraterrestres que mais bombam na web.

Imagina topar com alguma dessas figuras em uma noite chuvosa em alguma estrada deserta... EU FORA!!!


Mas é evidente que essa história tem outro lado, além de fomentar nossa imaginação.

Os projetos de chegar a Marte; de trazer um asteroide para a órbita da Lua para tirar minérios raros pela Terra ou servir de base para explorar o espeço exterior deverão se tornar realidades nos próximos dez ou vinte anos. 

E veja que nisso tudo estão misturados objetivos científicos e econômicos.

É possível que as missões espaciais ocorram com objetivos em prol da ciência, do turismo, dos ensaios de colonização de outros mundos, ou por questões geopolíticas.

Entretanto, para o Fórum Econômico Mundial se pronunciar sobre o assunto – e da forma contundente como foi feito - o mais razoável é imaginar que tal cenário tenha o objetivo de direcionar esforços para novas fronteiras da economia.

A estratégia é mais ou menos como em uma pescaria jogar o mais longe possível a linha, com centenas de anzóis e diferentes iscas acopladas. No retorno da carretilha (acho molinete uma droga!), é provável que se recolha vários tamanhos e espécies de peixes. Uns mais aproveitáveis do que outros.

No caso, a exploração espacial, ou a tecnologia que pode vir a permitir a exploração espacial de forma mais barata e eficaz certamente virá acompanhada de centenas ou milhares de novos produtos, os quais serão adaptados ligeirinho ao nosso dia-a-dia.

Acontecendo isso, podemos dar adeus à atual crise global que – como comentei antes – parece ter um cunho menos financeiro e mais de falta de imaginação na proposta de novos produtos e serviços.

Não é absurdo pensar que estamos adentrando em uma nova fase; a do mundo pós-global. 

Onde isso vai dar é uma incógnita. Mas é válida a tentativa do Fórum Econômico Mundial em querer direcionar esforços para a revitalização da geração de riqueza.

A maioria das visões alternativas pode até serem mais românticas... mas de consequências tétricas.

Até Breve

Eduardo Starosta

terça-feira, 16 de abril de 2013

Sociedade Vigiada


Em Porto Alegre e Santana do Livramento (RS), câmaras de monitoramento ajudaram a identificar o assassino de seis taxistas.

Já em Curitiba, o flagrado pelas imagens foi o motorista de uma van que atropelou e matou um idoso.

Finalmente, um skinhead de Belo Horizonte foi em cana pelo monitoramento de suas violentas atrocidades em câmaras e na internet.

E esses exemplos de flagrantes incriminadores não são casos fortuitos. Sistemas de captação de imagem estão rapidamente tomando conta das ruas, condomínios, empresas e prédios públicos. A tendência é que nos próximos anos o grau de cobertura e a resolução das imagens aumente, facilitando o reconhecimento e prisão de bandidos.

Em países que dominam métodos mais sofisticados de monitoramento, como os EUA, a questão já está bem mais avançada. Provavelmente, satélites estacionários de alta resolução devem ter acumulado as imagens que poderão levar à identificação e possível captura dos terroristas que explodiram bombas na Maratona de Boston nessa última segunda-feira.

Pelo lado bom, a boa aplicação das tecnologias em foco seria um belo auxílio contra a criminalidade brasileira (e mundial!), desde que, é claro, o poder judiciário não mantenha o hábito de soltar levianamente quem a polícia prendeu. 

Falando nisso, uma boa regrinha para o futuro código penal seria: “usou, ou ameaçou com arma, tá em cana sem fiança e  muito menos habeas-corpus”.

Já passou do tempo de limpar as ruas. Se os presídios estão lotados, que se instalem grades em prédios públicos ociosos, até que novas cadeias sejam construídas!

Entretanto, tirando a questão da criminalidade, imagine só o poder de um Estado que tem a possibilidade de vigiar qualquer um de seus cidadãos indiscriminadamente.

Sem ilusões, em um país como o Brasil, onde o sigilo telefônico e bancário é facilmente desrespeitado, a possibilidade de contar com tecnologias de monitoramento por imagem eficazes poderá vir a ser uma tentação irresistível para “autoridades” curiosas por mapear os passos de seus desafetos e concorrentes.

Pior ainda: imagine o momento em que burocratizarem as imagens de monitoramento e isso quase que naturalmente vazar para mãos inescrupulosas ou ter negociação aberta em mercados secundários.

Maluquice? Provavelmente não. Veja só o que acontece com você e seu computador. Não é raro notícias de pessoas com fotos, filmes, telefones, documentos, contas bancárias, senhas e outras informações divulgadas na internet sem permissão. Os rackers são uma notória realidade.

Se isso é assim com a web, imagina com imagens que – em princípio – são derivadas de tecnologias bem mais simples.

É bom começarmos a pensar nessa questão, pois o que pode garantir a nossa liberdade frente à criminalidade, pode – por outro lado - vir a ser o novo carcereiro de uma prisão aberta, onde a privacidade deixará de existir.

- Adeus namorar na rua...

Até breve.

Eduardo Starosta