terça-feira, 16 de abril de 2013

Sociedade Vigiada


Em Porto Alegre e Santana do Livramento (RS), câmaras de monitoramento ajudaram a identificar o assassino de seis taxistas.

Já em Curitiba, o flagrado pelas imagens foi o motorista de uma van que atropelou e matou um idoso.

Finalmente, um skinhead de Belo Horizonte foi em cana pelo monitoramento de suas violentas atrocidades em câmaras e na internet.

E esses exemplos de flagrantes incriminadores não são casos fortuitos. Sistemas de captação de imagem estão rapidamente tomando conta das ruas, condomínios, empresas e prédios públicos. A tendência é que nos próximos anos o grau de cobertura e a resolução das imagens aumente, facilitando o reconhecimento e prisão de bandidos.

Em países que dominam métodos mais sofisticados de monitoramento, como os EUA, a questão já está bem mais avançada. Provavelmente, satélites estacionários de alta resolução devem ter acumulado as imagens que poderão levar à identificação e possível captura dos terroristas que explodiram bombas na Maratona de Boston nessa última segunda-feira.

Pelo lado bom, a boa aplicação das tecnologias em foco seria um belo auxílio contra a criminalidade brasileira (e mundial!), desde que, é claro, o poder judiciário não mantenha o hábito de soltar levianamente quem a polícia prendeu. 

Falando nisso, uma boa regrinha para o futuro código penal seria: “usou, ou ameaçou com arma, tá em cana sem fiança e  muito menos habeas-corpus”.

Já passou do tempo de limpar as ruas. Se os presídios estão lotados, que se instalem grades em prédios públicos ociosos, até que novas cadeias sejam construídas!

Entretanto, tirando a questão da criminalidade, imagine só o poder de um Estado que tem a possibilidade de vigiar qualquer um de seus cidadãos indiscriminadamente.

Sem ilusões, em um país como o Brasil, onde o sigilo telefônico e bancário é facilmente desrespeitado, a possibilidade de contar com tecnologias de monitoramento por imagem eficazes poderá vir a ser uma tentação irresistível para “autoridades” curiosas por mapear os passos de seus desafetos e concorrentes.

Pior ainda: imagine o momento em que burocratizarem as imagens de monitoramento e isso quase que naturalmente vazar para mãos inescrupulosas ou ter negociação aberta em mercados secundários.

Maluquice? Provavelmente não. Veja só o que acontece com você e seu computador. Não é raro notícias de pessoas com fotos, filmes, telefones, documentos, contas bancárias, senhas e outras informações divulgadas na internet sem permissão. Os rackers são uma notória realidade.

Se isso é assim com a web, imagina com imagens que – em princípio – são derivadas de tecnologias bem mais simples.

É bom começarmos a pensar nessa questão, pois o que pode garantir a nossa liberdade frente à criminalidade, pode – por outro lado - vir a ser o novo carcereiro de uma prisão aberta, onde a privacidade deixará de existir.

- Adeus namorar na rua...

Até breve.

Eduardo Starosta

Um comentário:

  1. Prezado Eduardo,
    O problema de ser monitorado ou não, sinceramente não é o foco central mas sim a forma que somos monitorados. Somos monitados pelos bancos e administradoras de cartão de crédito no momento que o usamos, pois eles sabem onde, quanto, quando e o quê foi gasto, gerando assim um perfil de consumidor que é literalmente vendido no mercado. De posse desses dados, somos bombardeados com comerciais de TV, rádio, internet, outdoor´s, busdoors e outras mídias físicas e virtuais que nos colocam num verdadeiro "brete" do mundo consumista. Certa vez, um grande sábio me disse que a utilidade do cartão de crédito é comprar aquilo que não precisa com o dinheiro que não se tem, e esse verdadeiro cocktail de marketing+cartão de crédito+ impulso dá o grau de endividamento que temos no nosso país. Segundo o sábio Rei Salomão, no seu livro de provérbios, no momento que você se endivida com alguém (seja banco ou pessoa física) você fica "escravo" dessa pessoa, pois os seus esforços são direcionados para cumprir sua palavra e pagar sua dívida. Então, na minha humilde opinião, a verdadeira liberdade não é ser livre de câmeras e filmadoras mas sim poder controlar seu próprio dinheiro sem precisar financiamento de ninguém para curtir sua vida.
    Grande Abraço
    Ricardo R.
    Canoas RS

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