O Mundo Pós-Global – Parte 1
O
último relatório sobre a economia global do FMI traz pouca luz sobre quando ou
em que circunstâncias o mundo vai sair da crise de origem financeira iniciada
em 2008.
Talvez
seja primeiramente importante reconhecer que existe rondando pelo planeta algo
pior do que os problemas financeiros e de contas públicas dos países – com
destaque especial para a Europa.
Entre
balanços de empresas, pontos da bolsa e cotações de moedas está sendo possível
enxergar uma realidade enfadonha, na qual coisas realmente novas não surgem.
Isso não é claramente perceptível porque as empresas líderes globais estão se
esforçando ao máximo para manter a cabeça erguida com novos lançamentos de
produtos “inovadores” que, na sua essência, não passam de uma releitura do que
já existe.
Pensando
bem, a última revolução realmente revitalizadora da humanidade ocorreu entre a
década retrasada e a passada, com a popularização da informática e telecomunicações. Daquele tempo
até os dias atuais, nada surgiu de muito relevante que viesse a mobilizar grande
número de pessoas em uma direção de mudança de destino.
Para
contrapor esse pensamento, não vale lembrar do recente lançamento dos tablets
ou de novas engenhocas dos celulares. É isso que eu chamo de “mais do mesmo”,
ou seja, apenas uma releitura de design, com alguns avanços não tão empolgantes.
Talvez uma das raras exceções seja o tal dos óculos do Google (quem experimentou diz que é fantástico).
Mas
o que a realidade tem mostrado é que a crise financeira é menos grave do que a
atual crise de imaginação. Há alguns anos, as encrencas dos países eram
rapidamente resolvidas com inovações de produtos. Aparentemente, a inspiração anda
em baixa nos dias de hoje.
Então,
não é coincidência que a Europa está pagando o maior preço social pela crise
global e a China está crescendo acima de 7% ano ano.
O povo do Velho Mundo está
fazendo jus ao apelido do continente e assumindo uma postura resignada, tal qual os últimos meses de trabalho de um profissional que deseja a aposentadoria.
Enquanto isso, os chineses estão recém degustando os primeiros sabores da
sociedade de consumo, se especializando em “adaptações” baratas e multifuncionais
do que nasceu para ser sofisticado durante muitos anos. Mais ou menos é como
lançar no mercado um bacalhau à base de frango.
Mas
a saída chinesa tem prazo de validade. Na medida em que a exigência de
qualidade for aumentando, os falsificadores ficando manjados e as exigências de trabalho digno começando a surtir efeito, o povo
amarelo vai ter que realmente começar a rebolar na busca de verdadeiras
novidades, o que ainda parece ser prerrogativa dos norte-americanos e
japoneses... se bem que aqueles povos também estão mostrando lerdeza criativa.
E
por incrível que pareça, o até há pouco tempo careta e circunspecto Fórum Econômico
Mundial parece estar disposto a tomar as rédeas para conduzir a humanidade
novamente no caminho de uma imaginação mais fértil.
Em
seu Relatório de Riscos, Globais (http://reports.weforum.org/global-risks-2013)
divulgado no início de 2013, o Fórum recomenda que as nações do mundo discutam
seriamente alguns pontos que podem vir a ser estratégicos – ou vitais – para o
futuro em termos de ética e da forma como as sociedades se enxergam a si
próprias.
O
primeiro ponto é o que mais quebra com os padrões do que se define por razoável
de acordo com o pensamento
tradicionalmente conservador das lideranças políticas e científicas mundiais em
relação ao intangível.
O
documento simplesmente diz que é uma questão de tempo até que se descubram
formas de vida extraterrestre. Isso mesmo! Estão dizendo para nós começarmos a
levar os ETs a sério.
Se
ocorrer algum achado de vida – mesmo que bacteriana – em Marte, Europa (o
satélite de Júpiter, não o Continente!) ou em outro lugar do sistema solar, o primeiro
aspecto a entrar em crise será o ego religioso, especialmente da teologia
ocidental... Se existem formas de vida em outros mundos, o que sustentará a
crença de que Deus teria feito o ser humano a sua imagem? Cá entre nós, com
tantas imperfeições que temos, isso seria muita falta de imaginação do
Todo-Poderoso.
E
imagina se os novos telescópios que já descobriram planetas em zonas
potencialmente habitáveis na órbita de estrelas vizinhas ao nosso Sol
encontrarem algum sinal de civilização adiantada. Será que aquelas caras
assustadoras de ETs que circulam na internet podem ser verdade? Veja a seguir
algumas das imagens de extraterrestres que mais bombam na web.
Imagina topar com alguma dessas figuras em uma noite chuvosa em alguma estrada deserta... EU FORA!!! |
Mas
é evidente que essa história tem outro lado, além de fomentar nossa imaginação.
Os
projetos de chegar a Marte; de trazer um asteroide para a órbita da Lua para tirar
minérios raros pela Terra ou servir de base para explorar o espeço exterior deverão
se tornar realidades nos próximos dez ou vinte anos.
E veja que nisso tudo estão
misturados objetivos científicos e econômicos.
É
possível que as missões espaciais ocorram com objetivos em prol da ciência, do
turismo, dos ensaios de colonização de outros mundos, ou por questões geopolíticas.
Entretanto,
para o Fórum Econômico Mundial se pronunciar sobre o assunto – e da forma
contundente como foi feito - o mais razoável é imaginar que tal cenário tenha o
objetivo de direcionar esforços para novas fronteiras da economia.
A
estratégia é mais ou menos como em uma pescaria jogar o mais longe possível a
linha, com centenas de anzóis e diferentes iscas acopladas. No retorno da carretilha
(acho molinete uma droga!), é provável que se recolha vários tamanhos e espécies
de peixes. Uns mais aproveitáveis do que outros.
No
caso, a exploração espacial, ou a tecnologia que pode vir a permitir a exploração
espacial de forma mais barata e eficaz certamente virá acompanhada de centenas
ou milhares de novos produtos, os quais serão adaptados ligeirinho ao nosso
dia-a-dia.
Acontecendo
isso, podemos dar adeus à atual crise global que – como comentei antes – parece
ter um cunho menos financeiro e mais de falta de imaginação na proposta de novos
produtos e serviços.
Não
é absurdo pensar que estamos adentrando em uma nova fase; a do mundo
pós-global.
Onde isso vai dar é uma incógnita. Mas é válida a tentativa do
Fórum Econômico Mundial em querer direcionar esforços para a revitalização da geração
de riqueza.
A
maioria das visões alternativas pode até serem mais românticas... mas de consequências
tétricas.
Até
Breve
Eduardo
Starosta
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