quinta-feira, 21 de maio de 2015

O País do Pendura

A situação está ficando para lá de danada nesse nosso país. 

Relatório divulgado essa semana pela Serasa-Experian aponta que 54,3% das empresas brasileiras estão com pelo menos uma dívida em atraso. O valor total da inadimplência das pessoas jurídicas chega a R$ 86,4 bilhões.

Para colocar em números mais palpáveis, esse valor corresponde a cerca de 18,8% de tudo o que o Brasil produz em um mês. Outra relação esclarecedora: cada empresa inadimplente, está, em média, “pendurado” com R$ 22,8 mil.

É claro que essa situação que afeta o ambiente nacional de negócios está ligada a dois fatores principais: atraso de pagamento das pessoas físicas e estoques parados de mercadorias e insumos comprados e não revendidos.

O grande problema é que em realidades como essa há grandes chances de se gerar um efeito em cadeia de proporções desastrosas para todos. 

Obviamente, quem não recebe seus créditos fica com menos dinheiro para honrar as contas a pagar e frequentemente acaba também entrando para o clube dos devedores.

Paralelamente a isso temos os entraves do setor público aumentando juros, subindo impostos e atrasando o pagamento de vários fornecedores privados.

Pegue todos esses ingredientes, enfie-os em uma panela quente, mexa uns 10 segundos e dê o fora: a explosão será grande e muito malcheirosa. E ao contrário do que os governos desejam, a primeira vítima da falta de dinheiro serão os impostos...

Ainda é prematuro para se afirmar categoricamente que a situação da inadimplência está fora de controle. Mas não há dúvidas de que o caminho atual nos conduz a tal destino.

Em situações como essa, qualquer solução passa, obrigatoriamente, pela geração de renda nova. Ou seja, as pressões implementadas (alta de juros e impostos) pelas autoridades econômicas aos consumidores e empresas com o objetivo de conter a inflação devem ser desmobilizadas no menor prazo possível, sob pena de crescente risco de um efeito em cadeia catastrófico de não pagamentos. 

Caso as ações estratégicas propostas pelo ministro Levy, da Fazenda, sejam realmente implementadas e o governo federal deixe de gastar R$ 80 bilhões em 2015, poderá ser dado um importante passo para a desoneração da sociedade junto ao fisco e os bancos. 

Em outras palavras, a hora é de injetar renda para reverter o pendura geral no qual se transformou as relações econômicas no Brasil.

A alternativa a esse cenário é o aprofundamento recessivo e o desabastecimento. 

Daí é que poderemos ter uma amostra do que os venezuelanos estão vivendo na atualidade.

Eduardo Starosta

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