Se estamos alarmados com o desenrolar da atual crise política e econômica brasileira – causada pela incompetência dos gestores públicos – um rápido olhar no panorama internacional pode nos deixar em pânico.
O jornal estatal chinês, Global Times, discorreu nessa semana, em editorial, a respeito das crescentes chances de uma guerra entre China e Estados Unidos por conta de desavenças nas águas internacionais do Pacífico.
O fato é que os chineses estão construindo ilhas artificiais de forma a ampliar seu alcance territorial. Os norte-americanos não estão gostando desse expansionismo e mandam seus aviões-espiões para verificar o andamento das obras de infraestrutura dessas novas possessões.
A citada nação oriental, com uma população superando a casa dos 1,3 bilhão de habitantes, detém um território vasto, mas majoritariamente problemático para a vida humana sustentável.
O expansionismo chinês já é conhecido há décadas (e em uma visão histórica mais ampla, há milênios), sendo pauta permanente de preocupação dos governos do Japão e Coréia do Sul.
Mas essa história tem ainda mais uma faceta: o milagre econômico que levou a China rapidamente ao posto de segunda potência mundial pode estar prestes a desabar. A dívida do país já chega a 280% do PIB nacional e caminha rapidamente para o patamar dos 400%. Isso deixa evidente que o setor bancário chinês está assumindo cada vez maior alavancagem (= empréstimos com menor lastro), o que repete a situação que gerou a crise financeira global em 2008.
E isso está acontecendo bem no momento em que o Partido Comunista (ironicamente “dono da economia de mercado”) encaminha a mudança do padrão do desenvolvimento nacional, que deixaria de priorizar as exportações em favor do mercado interno.
A frustração tende a ser grande e nesses casos, a história mostra que a solução política dos ditadores é atribuir as culpas a algum inimigo externo. Um eventual embate de forças entre os chineses (com provável apoio da Rússia) e norte-americano (junto com OTAN) terá um desfecho incerto, mas trará traumas e danos irreparáveis à humanidade e ao planeta.
O contexto lembra muito as condições objetivas que deflagraram a I Guerra Mundial: a Alemanha emergente e competitiva enfrentava boicotes aos seus produtos por parte dos outros países europeus e suas colônias. A luta armada encerrou com a derrota dos germânicos, oficializada na assinatura do Tratado de Versalhes, o qual impunha uma situação de miséria aos alemães.
Tal burrada política pavimentou a ascensão do nazismo e suas barbáries. Daí veio a II Guerra e mais milhões de mortos.
A sabedoria da política externa dos Estados Unidos na época foi, através do Plano Marshall, viabilizar a construção de sociedades ricas no Japão e Alemanha, transformando os antigos inimigos em amigos incondicionais.
Nessa ótica, talvez seja melhor para todos, a revisão do posicionamento das relações sino-americanas dentro do contexto global. Por exemplo, permitir que o Yuan (moeda chinesa) entre para a cesta de moedas do FMI, podendo ser internacionalmente negociada, aliviaria completamente as pressões financeiras chinesas nos próximos anos e, consequentemente, garantiria a paz e a oportunidade de gradativa democratização da China.
A alternativa a esse desfecho seria assistir à implosão da economia chinesa, o que traria a guerra e o flagelo de todos nós.
Eduardo Starosta
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