Deu Escracho na Cabeça

Deu Escracho na Cabeça

Não adiantou o google ter cortado o Escracho Geral ontem (depois reestabeleceram o blog). Ainda bem que estou migrando para o UOL!

O que vale mesmo é que não fiquei em cima do muro e acertei no alvo. SEGUNDO TURNO MACACADA! E sem essa de preto no branco; é azul contra vermelho mesmo, de acordo com as cores da preferência partidária. Parece coisa de Brasília. Lá os petistas andam de bandeirinha vermelha e os não-petista devem ser todos torcedores do Cruzeiro ou do Grêmio.

É verdade que a Dilma não esteve muito longe de levar o troféu para a casa ainda no primeiro turno. Mais 3,1% de preferência do eleitorado e ela poderia simplesmente olhar para o Serra e a Marina e dizer algo como “tchau bobões”.

O problema é que esse minguado percentual muda tudo. Agora ela tem que ficar rosnando para o candidato do PSDB e fazer juras de amor para a Marininha. Mas será que isso cola? Mais ou menos!

O fato é que se tudo isso fosse uma partida de futebol; o segundo tempo iria recomeçar com o time vermelho prestes a entrar na área do adversário e fazer o gol do título. Mas sempre há a possibilidade do desarme e contra-ataque e, em se falando do PT, o primeiro turno mostrou que imaginar gol contra não é algo lá tão descabido.

Pelo lado do Serra, o time de campanha também tem muito perna-de-pau (na eleição passada, o Alckmin fez menos votos no 2º turno do que no primeiro. Lembra?), especialmente no setor de marketing político, onde os petistas batem um bolão. O ex-governador de São Paulo é um cara sério, meio ranzinza, mas competente. Ficou ridículo com aquela história de sorrir e dizer que ele é o Zé. Ora, um Zé que se preze jamais disputaria a presidência; ele ficaria tomando cerveja em qualquer lugar e rindo da cara dos candidatos. Imagina se dá zebra e o cara vira presidente. Será que o Sr. José Serra aceitaria ser chamado de Zé Barranquinho...? Um “catso”!

Mas vejamos quais as principais variáveis em jogo no segundo turno. A Marina (que se fosse mais “reforçada” lembraria a Índia Amazonense do Chacrinha) virou o picolé que a Dilma e o Serra querem lamber. E haja baba para agüentar! O problema é que o Partido Verde não tá lá muito maduro em sacramentar apoio. Na verdade, o pessoal da jardinagem está é bem dividido. Alguns egressos do PT bem que preferem se reaproximar das origens políticas; mas alguns outros diriam algo como “nem morta filha” e engrossariam o lado do Serra, ou esqueceriam das eleições e iriam plantar carvalhos por aí.

Sendo assim, o fator Partido Verde não dá direito para avaliar. E nem se sabe se mesmo havendo um apoio definido para qualquer dos lados, isso signifique uma transferência expressiva de votos. Imagina: os militantes correram durante meses para ganhar a eleição e o resultado foi derrota... Com que ânimo eles vão manter o pique no segundo turno para defender a causa do sujeito que era adversário até a semana passada? Acho que os verdes vão preferir relaxar e tomar suco de clorofila. Mas se a Marina souber usar a oportunidade e apostar no cavalo (ou égua) vitorioso, ela pode voltar a ser Ministra do Meio Ambiente e levar mais duas ou três pastas para a sua turma.

Existe, porém, um fator mais poderoso de transferência de votos do que os grupos políticos que não chegaram ao segundo turno. Se na fase inicial do certame, o Presidente Lula foi decisivo (sem ele, definitivamente, a Dilma não arrancaria), agora ganha força o apoio dos governadores eleitos, onde a disputa pela hegemonia estadual já está liquidada. Nesse ambiente pode-se até incluir a força dos senadores vitoriosos.

Diríamos que nesse processo os governadores eleitos tenham 50% da força política de influenciar nos votos de quem apostou no PV, anulou a cédula ou votou em branco e os senadores influenciam em 25%, cada um. Aonde tem segundo turno, distribuímos os votos de acordo com a proporção do primeiro turno.

De acordo com essas suposições simplórias, vamos ver como pode ficar o quadro da disputa se nenhum dos lados fizer atos extremos de brilhantismo ou burrice? Em tempo: nessa simulação vale a suposição de que a abstenção é mantida.

Estado	Votos Dilma 1º turno	Votos Serra 1º  turno	Votos Livres	Partido Governador	Partido 1º Senador	Partido 2º Senador	Votos Dilma 2º turno	Votos Serra 2º  turno
SP	8.741	9.524	7.316	PSDB	PSDB	PT	10.570	15.011
MG	5.067	3.318	3.454	PSDB	PSDB	PPS	5.067	6.772
RJ	3.740	1.925	3.139	PMDB	PT	PRB	6.879	1.925
ES	717	683	683	PSB	PMDB	PR	1.400	683
RS	3.007	2.600	1.296	PT	PT	PP	3.979	2.924
PR	2.311	2.608	1,429	PSDB	PT	PMDB	3.026	3.323
SC	1.403	1.658	839	DEM	PMDB	PSDB	1.613	2.287
BA	4.188	1.403	1.895	PT	PT	PSB	5.591	1.403
PE	2.749	773	1.520	PSB	PTB	PT	4.269	1.520
CE	2.783	687	1.229	PSB	PMDB	PT	4.012	687
MA	2.080	444	761	PMDB	PMDB	PMDB	2.524	444
PB	1.031	551	650	N/D	IRREL	IRREL	1.455	777
PI	1.088	339	386	N/D	IRREL	IRREL	1.382	431
RN	846	460	572	DEM	PMDB	DEM	989	880
AL	709	508	365	N/D	IRREL	IRREL	922	660
SE	507	405	273	PT	PSC	PSB	712	473
GO	1.302	1.217	811	N/D	IRREL	IRREL	1.721	1.609
DF	462	354	735	N/D	IRREL	IRREL	878	673
MT	660	679	316	PMDB	PR	PDT	976	679
MS	519	551	323	PMDB	PT	PMDB	842	551
PA	1.700	1.337	717	N/D	IRREL	IRREL	2.101	1.653
AM	991	129	502	PMN	PMDB	PC do B	1.493	129
RO	321	358	166	N/D	IRREL	IRREL	399	446
TO	362	199	212	PSDB	PR	PMDB	468	305
AC	84	180	101	PT	PT	PMN	160	205
AP	161	73	123	N/D	IRREL	IRREL	245	112
RR	64	114	56	N/D	IRREL	IRREL	84	150
TOTAL	47,593	33,077	28,441				63,757	46,712

Bem, se a eleição fosse hoje e obedecesse aos brilhantes critérios que definimos, o nosso futuro presidente usará saias. E como o Zé não tem o menor jeito para Drag Queen, sobrou para a minha Dilminha do coração (hi, hi, hi) a tarefa de administrar essa nossa maçaroca brasileira.

Claro que o critério que usamos provoca distorções enormes individualmente nos estados (por exemplo, é impossível que o ACM Neto não puxe uns votos para o Serra na Bahia, ao mesmo tempo em que é pouco provável que a Dilma não pape alguns dos 3,45 milhões de votos que estão sobrando em Minas Gerais). Mas veja só: A Dilma fecharia o pleito com 57,7% da preferência do eleitorado e o nosso amigão paparia 42,3% do eleitorado, o que está dentro dos padrões dos institutos de pesquisa. CNI, CNT, Rede Globo, olhem eu aqui! Demitam o IBOPE, Data Folha, Sensus e Vox Populi e contratem o Escracho Geral para prognósticos eleitorais. Sou bem mais barateiro e até entrego a pesquisa com brochura.

Pois bem. Para mudar o que está escrito aqui, o turma do Serra vai ter que atacar forte e a da Dilma têm de se defender sem fazer nenhuma besteira (parece que descobriram ainda mais quebras de sigilo a partir da Receita Federal).

As armas do segundo turno estão dadas: Eunice Guerra, aborto, bixas e outros assuntos sem os quais o Brasil não vive serão o centro dos debates.

E tomara que todo mundo mude de voto pelo menos umas quinze vezes!

Até Breve.