terça-feira, 25 de outubro de 2011

Curtas Para Cutucar V

Coisas do Espaço – Sempre achei que - mesmo com a crise - seria uma grande burrada do governo norte-americano cortar o orçamento da pesquisa espacial, uma vez que foi através das invenções direcionadas para alcançar o desconhecido que surgiram várias das principais invenções que hoje dominam os sonhos de consumo da humanidade. Nessa ótica, a maior fronteira para o desenvolvimento de novos produtos está mesmo no infinito do espaço.
Assim, é com certo alívio que passo a suspeitar que a redução da mesada da NASA não passa de conversa para calar a boca dos menos imaginativos. Veja que interessante: os engenheiros e cientistas estão debatendo seriamente projetos de construção de postos de reabastecimento em órbita. O objetivo da citada infra-estrutura seria o óbvio: encher o tanque das naves com destinos mais longínquos, como Marte e o cinturão de asteróides.
Evidentemente, quem está pensando em soluções práticas assim, tem planos de avançar para além dos limites conhecidos com racionalidade econômica.
E agora uma má notícia para os espaços-maníacos: sabe aquela história de flutuar no cosmo com baixa gravidade (a gravidade zero não existe!) e se sentir livre? Pura lorota! De acordo com quem já esteve lá por cima, mover um braço ou uma perna não é moleza. É parecido com os movimentos que se faz embaixo d’água por quem mergulha. Ou seja, há a necessidade de vencer a resistência do líquido e é isso que nos torna mais lentos nessas circunstâncias. Conclusão: ir para o mundo da lua é coisa daqueles malhadões de academia e não para nós, singelos molengas.
Primeiros Passos da Era DJ (Depois de Jobs) – Segundo fontes oficiosas, Steve Jobs, consciente de sua morte iminente,  deixou de herança à Apple um estoque de lançamentos  suficientes para garantir a liderança da empresa nos próximos quatro anos. Entretanto, os movimentos do setor de tecnologia da internet e informação não respeitam longos períodos de luto e contemplação.
Nessa semana, o assunto de destaque é a briga entre Google e Microsoft pela compra da outrora toda-poderosa Yahoo. É difícil crer que líderes de inovação há alguns anos se transformem tão rapidamente em pouco mais do que marcas respeitáveis para compor o portfólio de novas potências do setor. Isso faz pensar: o que será da Apple após esgotar o caderninho de idéias de Jobs; e no futuro mais longínquo, será que a Microsoft sobreviverá à falta de Gates?  Como sobreviverá o Facebook sem Mark Zuckerberg?
Deixemos essas respostas para os próximos anos e décadas definirem. Mas não se pode desprezar o fato de que os avanços mais significativos da inovação e quebras de paradigmas de hábitos e conhecimentos vêm dos talentos individuais. O coletivo normalmente serve para alguns aperfeiçoamentos periféricos. Moral da história: no governo da alta tecnologia é o velho René Descartes que continua dando as tintas.
E em memória ao Jobs. Quando ele lançou o Ipad, a crítica especializada achou o produto meio decepcionante; bobeira. A “besteira” (os tablets) no segundo trimestre do ano vendeu 13,6 milhões de exemplares, contra 7,3 milhões de netbooks. Outra moral da história: os críticos profissionais são uns babacas.
A Greve dos Médicos e os Paradoxos Éticos – Depois dos correios e bancos, começou as paralisação dos médicos do SUS em nível nacional. As reivindicações dizem respeito a reajuste salarial e melhoria das condições de trabalho da rede de atendimento pública de saúde. Pessoalmente, aposto que dando um consolo ao bolso dos doutores, a segunda parte dos questionamentos pode ficar convenientemente de lado. Há quem diga também, que tal greve não faria muita diferença dada a péssima qualidade de atendimento predominante nos postos de saúde e hospitais públicos. Não são poucas as reportagens de telejornais que vem abordando esse tema.
Sim, a greve é um direito! Ninguém pode ser obrigado a trabalhar não querendo, mesmo que isso resulte em vidas perdidas.
Será mesmo? Acredito que possa ter um caminho intermediário entre o extremo da liberalidade e da obrigação escravocrata de curar sob condições de penúria.
·         Em primeiro lugar, em um país de quase 200 milhões de habitantes predominantemente de classe média e saúde precária, um médico competente tem boas chances de realização material atuando como profissional liberal. O SUS deve ser uma alternativa apenas para quem precisa ganhar experiência ou vê a profissão como sacerdócio. Nesse último caso, não tem que ficar reclamando de salário! Talvez o correto seria limitar a jornada de trabalho desses profissionais em empregos públicos para que eles possam se realizar materialmente através de seus consultórios ou vínculos de trabalho privados.

·         Uma outra saída antipática para as “vítimas”, mas justa sob o ponto de vista social, seria recrutar por pelo menos dois anos os formados nas universidades públicas (as melhores!) para trabalharem por tempo integral na saúde pública com piso salarial. Além de ganharem experiência, os novos médicos (e outros profissionais da saúde e, eventualmente, demais áreas do conhecimento) reduziriam o déficit de atendimento flagrante na atualidade.

·         Quanto à questão da deficiência de hospitais, leitos, CTIS, alas cirúrgicas, equipamentos, etc. são três as soluções: investir, investir e investir. Falta dinheiro para a saúde? Que simplifiquem os estádios babilônicos que estão sendo construídos com dinheiro público para 2014; que criem um sistema realmente eficaz de auditoria (e não o TCU) para evitar tantos desvios de verbas públicas; que repensem o custo bilionário dos prédios oficiais...
Economia Brasileira Levando Bomba – Naquele papo de palestrante comportamental, o otimista é o cara legal, que sempre vê coisas boas nas maiores desgraças. Dessa vez, o otimismo veio com o leve recuo da inflação, em função da piora do desempenho da economia brasileira. Ou seja, a previsão de crescimento do PIB nacional que era superior a 5% no início do ano para o então sorridente Mantega, já está abaixo de 3% e poderá ser ainda inferior em 2012.
MAS A INFLAÇÃO ESTÁ CAINDO DE 7,33% PARA 7,12%, EBA!
Será que o otimista que pensa assim é realmente um otimista, ou não passa de um estúpido?
Melhor partir para derrubar mais os juros e arrumar o câmbio. Afinal de contas, perto do que está acontecendo no mundo, não se tem muito a perder em tentar se livrar das âncoras que seguram a inflação de 17 anos atrás. O desenvolvimento brasileiro agradeceria.

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