O Bocejo da Economia Brasileira – Escracho Geral é
escrito por um economista que vez por outra resolve bancar o engraçado; mas que
nunca deixa de ser economista.
O compromisso que pessoalmente assumi ao
idealizar esse blog foi simplesmente não mentir e tentar dizer as coisas da
forma mais fácil possível, sem tentar virar proprietário de qualquer verdade.
Pelo contrário, estou aqui para polemizar com as verdades que normalmente se
aceita sem pensar muito e que podem ser a gênese de muitas encrencas no futuro.
E dentro dessa
linha, desde o ano passado – em plena campanha eleitoral – insistia que 2011
seria um ano bem cabeludo tanto para o Brasil como para a economia global e por
motivos diferentes.
Não deu outra: a
Europa continuou patinando em graves problemas fiscais (déficit público e
instabilidade financeira), enquanto os EUA só agora, nos últimos dias do ano,
mostram indicativos que podem estar vendo a luz no final do túnel.
Mas no Brasil, as
encrencas econômicas mostraram outras características. A crise financeira internacional
quase não foi sentida por aqui. Isso ocorreu não por causa de nossas polpudas
reservas cambiais, mas simplesmente porque - com ou sem crise - temos
estruturalmente os juros mais altos do mundo e isso acabou minimizando os
riscos diretos do sistema financeiro.
Então, quando o PIB
do terceiro trimestre registrou estagnação; a produção industrial mostrou estar em queda
livre; e o comércio deixou de crescer logo antes do Natal, é interessante saber o
que realmente está acontecendo.
Por que o Brasil parou de bombar, enquanto os
países em condições similares continuam a crescer em ritmo de dar inveja?
Vamos aos fatos:
1) Os juros reais
brasileiros são os maiores do mundo. Aqui nas terras tupiniquins a taxa básica
(o que o Banco Central paga aos investidores em títulos ) real é de 5,1% ao
ano, descontada a inflação. Na Rússia e China é de 1%, enquanto na Índia chega
até a ser negativa (-2,3% ao ano). E se considerarmos os juros para quem
realmente precisa de dinheiro – empresários e famílias com planos de investimento
ou problemas orçamentários – a coisa fica terrível: os 5% ao ano normalmente
dão lugar a taxas superiores a 10% ao mês;
2) Os outros Brics
alavancam sua economia, predominantemente, por meio de exportações industriais (especialmente
Índia e China). Mas o Brasil, orgulhoso proprietário da moeda que mais se
valorizou na última década, só acaba tendo competitividade para vender soja,
frango, ferro e outras commodities com baixo valor agregado, já que produzir em
nosso país – comparativamente – é mais caro do que produzir nos outros em situação
industrial semelhante. Isso seria até interessante se este custo a maior fosse
em função de salários que proporcionassem melhor padrão de vida aos
trabalhadores do país. Mas nada disso: a questão é puramente financeira e os
operários não se beneficiam em nada disso... só são prejudicados pela escassez
de empregos;
3) E agora a pior
parte: a arrecadação de impostos não pára de bater recordes, crescendo muito
mais do que o desenvolvimento da economia nacional. Veja só: em 2011 o PIB
brasileiro deve ficar ao redor (provavelmente abaixo) de 3% de crescimento. Ao
mesmo tempo, a arrecadação federal – administrada pela Receita – aumentou 8,43%,
descontada a inflação. Desde 2007, essa expansão ficou em detestáveis 28%. Detestáveis
porque isso simplesmente significa que essa grana (cerca de R$ 381 bi em quatro
anos) saiu do nosso bolso, pobres contribuintes, para um poder executivo
federal que desde os tempos da independência se mostra um péssimo gastador. Se
incluíssemos nessa conta os impostos estaduais e municipais, o quadro ficaria
ainda mais tenebroso.
4) Desde meados da
década passada, a rápida popularização do crédito pessoal foi fundamental para
dar suporte ao crescimento do consumo. Carros parcelados em 100 meses,
televisores em 18 meses “sem juros” (mentira braba), dentre outros atrativos,
proporcionaram a grande festa consumista das classes B, C e D do Brasil. O
negócio era mais ou mesmo assim: se o salário permitia, a prestação era
assumida. Essa maneira irresponsável de tratar as contas pessoais (incentivada
pelas grandes redes de consumo, sem um preventivo freio das autoridades) acabou
por gerar um processo de esgotamento. Na primeira turbulência econômica, a
capacidade de continuar comprando e mesmo de honrar os créditos contratados foi por água abaixo. O resultado disso é o aumento da inadimplência, que
passa dos 18% ao ano e promete crescer nos próximos meses.
Que encrenca, hein?
E como resolver tal situação. A resposta não é muito complexa, mas é trabalhosa
e contrária a alguns interesses. Mas vamos lá:
1) Reduzir os juros
básicos e usar os bancos públicos como reguladores de mercado, forçando as
demais instituições financeiras a trabalhar com custos do crédito mais
palatáveis.
Quem vai gostar? Os brasileiros sem grandes
poupanças e os empresários.
Quem não vai gostar? Os bancos, o governo e os
investidores em títulos da dívida brasileira.
2) Desvalorizar o
Real, ao ponto de tornar os produtos brasileiros novamente competitivos no
mercado internacional (decorrência lógica da queda dos juros).
Quem vai gostar? Os exportadores, as empresas
que operam no mercado interno em desvantagem por conta das importações baratas,
os desempregados da indústria que aumentam suas chances de conseguir emprego e
os turistas estrangeiros em visita ao Brasil.
Quem não vai gostar? Os que gostam de importados
(consumidores e comércio), e o banco central (por conta da alta da inflação).
Quem vai detestar? As criancinhas que sonham em
conhecer a Disneylândia.
3) Frear o crescimento
da arrecadação de impostos, diminuindo aos poucos a carga tributária.
Quem vai gostar? Eu, tu (você), ele, nós, vós e
eles!
Quem não vai gostar? Os governos, quem vive dos
governos e quem trabalha só para os governos.
Quem vai detestar? Os governantes, é claro.
4) Desenvolver legislação
sobre a instituição da falência pessoal e criar programa emergencial de renegociação
de débitos das pessoas físicas.
Quem vai gostar? Os endividados
Quem vai adorar? Os endividados maníacos
(ter-se-á que criar freios ao endividamento não razoável)
Quem
não vai gostar? Quem vive de juros altos, bancos e cartões de crédito
Enfim, a continuidade da crise global tem efeito direto
sobre o Brasil, se bem que moderado em função do modesto grau de internacionalização
de nosso país (a exemplo dos EUA).
A solução está
realmente no trato de nossas questões internas (claro que com conseqüências externas). Em parte, o governo federal e o Banco Central já estão conduzindo as políticas econômicas nessa
direção, via redução dos juros básicos (SELIC).
Mas ainda falta muita coisa
para a Patroa botar para funcionar. Talvez a tomada de medidas mais corajosas e impactantes aconteça depois da reforma
ministerial. Enquanto isso, vamos nos acostumando com o Brasil em ritmo de
bocejo.
STJ de Salto Alto na Chinelagem – Ridículo é até
elogio para as recomendações do presidente do STJ, Ari Pargendler em relação aos calçados que podem ou não podem ser usados
nos tribunais. Dedos de fora só são permitidos
para as mulheres, desde que estejam de salto alto. A sandália da moda, estilo
gladiador, não caiu no gosto de nosso magistrado-mor e está PROIBIDA! Parece
mentira, mas não é. Confiram isso na reportagem recentemente veiculada na Folha
de São Paulo, onde tem, inclusive, os “modelitos” adorados e os detestados pelo
Pargendler CLIQUE
AQUI. Esse cara, ao invés de Chefe da Justiça, deveria ser consultor de moda, ressaltando o seu fetiche por pés femininos.
Conversa de Fila de Supermercado – Dia desses, finalizando algumas compras no supermercado fui à fila do caixa. Um sujeito cabisbaixo
que estava à minha frente cedeu a vaga, pois esperava por mais mercadorias.
Isso aconteceu também com quem me sucedeu e o homem saiu entabulando conversa.
- Pela tua cara, trouxe a
mulher ao supermercado. Isso deixa qualquer um maluco!
- É, e o pior é que ela é a
segunda mulher...
- Putz, e as segundas mulheres
engordam mais rápido ou devagar que as primeiras?
O cabisbaixo não respondeu.
Pouco depois, passando minhas
compras pela caixa percebi a chegada da esposa do rapaz. Realmente era uma tipa bem
roliça.
E ele não sabia se caia na gargalhada ou se escondia de vergonha.
Eu e o sujeito que desenvolveu
a conversa saímos risonhos, mas pensativos.
Aos que me chamarem de machista
reitero que apenas fiz um relato do que vi e ouvi.
Até Breve
Eduardo Starosta
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