sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

O Bocejo da Economia Brasileira


O Bocejo da Economia Brasileira – Escracho Geral é escrito por um economista que vez por outra resolve bancar o engraçado; mas que nunca deixa de ser economista. 

O compromisso que pessoalmente assumi ao idealizar esse blog foi simplesmente não mentir e tentar dizer as coisas da forma mais fácil possível, sem tentar virar proprietário de qualquer verdade. Pelo contrário, estou aqui para polemizar com as verdades que normalmente se aceita sem pensar muito e que podem ser a gênese de muitas encrencas no futuro.

E dentro dessa linha, desde o ano passado – em plena campanha eleitoral – insistia que 2011 seria um ano bem cabeludo tanto para o Brasil como para a economia global e por motivos diferentes.

Não deu outra: a Europa continuou patinando em graves problemas fiscais (déficit público e instabilidade financeira), enquanto os EUA só agora, nos últimos dias do ano, mostram indicativos que podem estar vendo a luz no final do túnel.

Mas no Brasil, as encrencas econômicas mostraram outras características. A crise financeira internacional quase não foi sentida por aqui. Isso ocorreu não por causa de nossas polpudas reservas cambiais, mas simplesmente porque - com ou sem crise - temos estruturalmente os juros mais altos do mundo e isso acabou minimizando os riscos diretos do sistema financeiro.

Então, quando o PIB do terceiro trimestre registrou estagnação; a produção industrial mostrou estar em queda livre; e o comércio deixou de crescer logo antes do Natal, é interessante saber o que realmente está acontecendo. 

Por que o Brasil parou de bombar, enquanto os países em condições similares continuam a crescer em ritmo de dar inveja?

Vamos aos fatos:

   1) Os juros reais brasileiros são os maiores do mundo. Aqui nas terras tupiniquins a taxa básica (o que o Banco Central paga aos investidores em títulos ) real é de 5,1% ao ano, descontada a inflação. Na Rússia e China é de 1%, enquanto na Índia chega até a ser negativa (-2,3% ao ano). E se considerarmos os juros para quem realmente precisa de dinheiro – empresários e famílias com planos de investimento ou problemas orçamentários – a coisa fica terrível: os 5% ao ano normalmente dão lugar a taxas superiores a 10% ao mês;

     2) Os outros Brics alavancam sua economia, predominantemente, por meio de exportações industriais (especialmente Índia e China). Mas o Brasil, orgulhoso proprietário da moeda que mais se valorizou na última década, só acaba tendo competitividade para vender soja, frango, ferro e outras commodities com baixo valor agregado, já que produzir em nosso país – comparativamente – é mais caro do que produzir nos outros em situação industrial semelhante. Isso seria até interessante se este custo a maior fosse em função de salários que proporcionassem melhor padrão de vida aos trabalhadores do país. Mas nada disso: a questão é puramente financeira e os operários não se beneficiam em nada disso... só são prejudicados pela escassez de empregos;

    3)   E agora a pior parte: a arrecadação de impostos não pára de bater recordes, crescendo muito mais do que o desenvolvimento da economia nacional. Veja só: em 2011 o PIB brasileiro deve ficar ao redor (provavelmente abaixo) de 3% de crescimento. Ao mesmo tempo, a arrecadação federal – administrada pela Receita – aumentou 8,43%, descontada a inflação. Desde 2007, essa expansão ficou em detestáveis 28%. Detestáveis porque isso simplesmente significa que essa grana (cerca de R$ 381 bi em quatro anos) saiu do nosso bolso, pobres contribuintes, para um poder executivo federal que desde os tempos da independência se mostra um péssimo gastador. Se incluíssemos nessa conta os impostos estaduais e municipais, o quadro ficaria ainda mais tenebroso.

   4)   Desde meados da década passada, a rápida popularização do crédito pessoal foi fundamental para dar suporte ao crescimento do consumo. Carros parcelados em 100 meses, televisores em 18 meses “sem juros” (mentira braba), dentre outros atrativos, proporcionaram a grande festa consumista das classes B, C e D do Brasil. O negócio era mais ou mesmo assim: se o salário permitia, a prestação era assumida. Essa maneira irresponsável de tratar as contas pessoais (incentivada pelas grandes redes de consumo, sem um preventivo freio das autoridades) acabou por gerar um processo de esgotamento. Na primeira turbulência econômica, a capacidade de continuar comprando e mesmo de honrar os créditos contratados foi por água abaixo. O resultado disso é o aumento da inadimplência, que passa dos 18% ao ano e promete crescer nos próximos meses.

Que encrenca, hein? E como resolver tal situação. A resposta não é muito complexa, mas é trabalhosa e contrária a alguns interesses. Mas vamos lá:

    1)   Reduzir os juros básicos e usar os bancos públicos como reguladores de mercado, forçando as demais instituições financeiras a trabalhar com custos do crédito mais palatáveis.

Quem vai gostar? Os brasileiros sem grandes poupanças e os empresários.

Quem não vai gostar? Os bancos, o governo e os investidores em títulos da dívida brasileira.

    2)   Desvalorizar o Real, ao ponto de tornar os produtos brasileiros novamente competitivos no mercado internacional (decorrência lógica da queda dos juros).

Quem vai gostar? Os exportadores, as empresas que operam no mercado interno em desvantagem por conta das importações baratas, os desempregados da indústria que aumentam suas chances de conseguir emprego e os turistas estrangeiros em visita ao Brasil.

Quem não vai gostar? Os que gostam de importados (consumidores e comércio), e o banco central (por conta da alta da inflação).

Quem vai detestar? As criancinhas que sonham em conhecer a Disneylândia.
   
    3)   Frear o crescimento da arrecadação de impostos, diminuindo aos poucos a carga tributária.

Quem vai gostar? Eu, tu (você), ele, nós, vós e eles!

Quem não vai gostar? Os governos, quem vive dos governos e quem trabalha só para os governos.

Quem vai detestar? Os governantes, é claro.

    4)   Desenvolver legislação sobre a instituição da falência pessoal e criar programa emergencial de renegociação de débitos das pessoas físicas.

Quem vai gostar? Os endividados

Quem vai adorar? Os endividados maníacos (ter-se-á que criar freios ao endividamento não razoável)

Quem não vai gostar? Quem vive de juros altos, bancos e cartões de crédito

Enfim, a continuidade da crise global tem efeito direto sobre o Brasil, se bem que moderado em função do modesto grau de internacionalização de nosso país (a exemplo dos EUA).

A solução está realmente no trato de nossas questões internas (claro que com conseqüências externas). Em parte, o governo federal e o Banco Central já estão conduzindo as políticas econômicas nessa direção, via redução dos juros básicos (SELIC). 

Mas ainda falta muita coisa para a Patroa botar para funcionar. Talvez  a tomada de medidas mais corajosas e impactantes aconteça depois da reforma ministerial. Enquanto isso, vamos nos acostumando com o Brasil em ritmo de bocejo.

STJ de Salto Alto na ChinelagemRidículo é até elogio para as recomendações do presidente do STJ, Ari Pargendler em relação  aos calçados que podem ou não podem ser usados nos tribunais. Dedos de fora só são permitidos para as mulheres, desde que estejam de salto alto. A sandália da moda, estilo gladiador, não caiu no gosto de nosso magistrado-mor e está PROIBIDA! Parece mentira, mas não é. Confiram isso na reportagem recentemente veiculada na Folha de São Paulo, onde tem, inclusive, os “modelitos” adorados e os detestados pelo Pargendler CLIQUE AQUI. Esse cara, ao invés de Chefe da Justiça, deveria ser consultor de moda, ressaltando o seu fetiche por pés femininos.

Conversa de Fila de SupermercadoDia desses, finalizando algumas compras no supermercado fui à fila do caixa. Um sujeito cabisbaixo que estava à minha frente cedeu a vaga, pois esperava por mais mercadorias. Isso aconteceu também com quem me sucedeu e o homem saiu entabulando conversa.

- Pela tua cara, trouxe a mulher ao supermercado. Isso deixa qualquer um maluco!

- É, e o pior é que ela é a segunda mulher...

- Putz, e as segundas mulheres engordam mais rápido ou devagar que as primeiras?

O cabisbaixo não respondeu.

Pouco depois, passando minhas compras pela caixa percebi a chegada da esposa do rapaz. Realmente era uma tipa bem roliça. 

E ele não sabia se caia na gargalhada ou se escondia de vergonha.

Eu e o sujeito que desenvolveu a conversa saímos risonhos, mas pensativos.

Aos que me chamarem de machista reitero que apenas fiz um relato do que vi e ouvi.


Até Breve

Eduardo Starosta

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