quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Enquanto o Brasil Sambava


Voltando do carnaval? 

Mesmo sem ter caído na folia, a chance de você ter cometido algum atentado ao fígado na onda do feriado prolongado é, no mínimo razoável. 

Então, para começar bem esse resto de semana (ou mesmo o ano, segundo alguns),  segue uma receita tradicional de suco anti-ressaca:

Pegue uma maçã, meia cenoura, um talo de salsão e o suco de uma laranja. 
Bata tudo isso no liquidificador, acompanhado por água de coco bem gelada e beba logo. 
Pronto, lá se foi a ressaca (as menos graves, pelo menos)!

Mesmo com toda a dedicação das escolas de samba, é triste prever que o carnaval desse ano provavelmente será lembrado pela violência: tiroteio prejudicando o desfile da Vila Isabel no Rio; depredação e roubo das notas do desfile de São Paulo; e o moleque imbecil de Quintão (RS) que atropelou 17 foliões, talvez querendo imitar o energúmeno que fez o mesmo com dezenas de ciclistas em Porto Alegre há alguns meses (será que ele está preso?)

Descontando esses e alguns outros absurdos da violência, tenho a confiança de que a esmagadora maioria das pessoas soube como aproveitar os dias de festa para gastar a energia que estava sobrando ou recuperar a que faltava.

Começamos, então, o ano de fato no Brasil, com todos os desafios que teremos pela frente em 2012. 

Dessa forma, não é despropositado desejar a todos um Feliz Ano Novo (na verdade, o carnaval primitivo é isso mesmo: a homenagem ao novo ciclo de fertilidade da natureza).
  
 É interessante notar que enquanto o nosso país simplesmente parou de funcionar por quatro dias, o mundo continuou funcionando, já que o carnaval só é realmente levado a sério por aqui. E descartando os argumentos pernósticos contra a nossa festa nacional (todos os países têm o seu momento de parada e é ótimo que o nosso seja em nome da alegria e liberdade!), é adequado pensar que estamos acordando de uma longa soneca, onde a realidade mundial mudou pelo menos um pouquinho enquanto dormíamos.

Então, a proposta de hoje é simplesmente dar uma rápida passada no que está acontecendo de interessante no planeta e que deverá ter desdobramentos nas próximas semanas, meses ou anos.

Começando pelo Japão, o arquipélago mais rico do mundo está com sérios problemas energético. 

Depois dos desastres naturais do ano passado, com direito a tsunamis em Fukushima e terremotos, a segurança das usinas nucleares do país ficou seriamente abalada. E com a parada do reator número 3 de Takahama (centro do Japão), apenas dois dos 54 reatores nacionais continuam em operação.

A questão matemática é simples: está faltando energia por lá e o governo já fala em reduzir o consumo das residências em pelo menos 10%. Parcialmente, a situação é compensada pelas usinas térmicas (principalmente a carvão), atuais vilãs do meio ambiente.

E aí se cria o problema que terá alcance global: as formas atuais de geração de energia, ou são inseguras, ou agressoras do meio ambiente, ou ineficazes, ou antieconômicas. 

Existe solução no curto prazo? Aparentemente não, uma vez que as formas geradoras de energia limpa ainda são primitivas em termos de capacidade para cobrir a demanda. 

No longo prazo (entre 10 e 20 anos), entretanto, o cenário é animador: a fusão nuclear poderá estar aperfeiçoada, assim como tecnologias de aproveitamento da energia dos ventos, das marés e do sol. O problema é que quanto mais energia o mundo é capaz de gerar, maior é o gasto da humanidade (isso é científico!) e o futuro mais longínquo pode trazer mais desequilíbrios... e soluções inovadoras!

Na Holanda, Mark Post está levando a sério o seu ideal de acabar com a chatice dos movimentos vegetarianos. O cientista divulgou na imprensa que lá por outubro ele vai ter carne suficiente para fazer o primeiro hambúrguer de células-tronco da humanidade. Em outras palavras, carne vermelha legítima sem matar nenhuma pobre vaquinha! 

O sujeito está meio desacreditado no meio científico sob o argumento de que a produção de carne dessa forma não gera produtividade suficiente  para ser relevante e que para o produto se tornar agradável ao paladar humano, será necessário incluir gordura e sangue artificial na receita.

Entretanto, se a iniciativa der certo e for aperfeiçoada, estaremos iniciando uma grande revolução na alimentação e no meio ambiente mundial. 

Imagine que cerca de 60% do efeito estufa do globo é provocando pela flatulência dos bovinos. A partir de uma eventual competição parcial com a pecuária de corte (hambúrguer de laboratório eu até posso comer, mas duvido que eles inventem uma costela gorda sintética de qualidade!) os “pums” seriam menos impactantes na natureza.

Por sinal, é perfeitamente plausível a nossa geração aguardar o inicio de novas revoluções no campo da alimentação e agricultura. A população vem aumentando cada vez mais lentamente e a produtividade da produção deverá dar ainda muitos saltos. Isso significará menor necessidade de áreas de plantio, queda do preço das terras e melhores condições de manejo ambiental nas próximas três ou quatro décadas.

O melhor de tudo, é que um contexto desses é letal para uma das piores pragas ambientais geradas pela humanidade: “os ecolochatos”!

Já na Rússia, os cientistas estão se especializando em ressuscitar mortos ao invés de criar vida (a população do país vem caindo desde o fim da URSS). David Gilichinsky e sua equipe conseguiu pegar uma planta congelada há 30 mil anos, cultivar em laboratório tecidos de seus frutos ... e Abracadabra! Nasceu uma plantinha nova em folha lá da Era do Gelo.

Daqui a pouco vai ser possível fazer esse procedimento com tecidos animais e trazer espécies extintas de volta. 

A ironia disso tudo é que Gilichinsky morreu pouco depois de concluir o experimento. Será que ele estava com planos de voltar a vida? 

É um mistério bem típico da civilização russa, que tem especial aptidão para desenvolver coisas incomuns, não raramente um tanto quanto sinistras... à La Rasputin.

E a Grécia, já no tema da crise econômica mundial, está papando mais 130 bilhões de euros da União Européia e FMI para tentar arrumar suas contas públicas em pandarecos. 

O maior preço desse dinheiro não é o custo financeiro, mas a perda de autonomia orçamentária do governo, que agora será acompanhado de perto por uma comissão dos credores.

Daí é só esperar por nova onda de protestos, onde lembranças dos velhos tempos de Atenas e Esparta serão resgatadas, além de mágoas contra a Alemanha da II Guerra Mundial. Tudo isso para manter a insanidade das contas públicas do país.

Uma pergunta: se o seu melhor amigo(a) estivesse quebrado por mau uso do dinheiro, você empresaria alguma coisa a ele sem se prevenir de que os seus recursos também não iriam acabar no ralo?

Por outro lado, a maioria dos que analisaram profundamente o rombo fiscal grego, consideram que os E$ 130 bi não são suficientes para eliminar o risco de quebra do país. Nesse caso, talvez o melhor seja não emprestar nenhum centavo e deixar quebrar mesmo!


Finalmente, nos Estados Unidos, as redes varejistas entraram na onda de alterar a própria personalidade para contornar a perda de movimento causada pela baixa do comércio.

A Walmart está oferecendo consultas médicas a US$ 50,00 (cerca de 10% do valor de mercado) e nem precisa marcar horário. Se você está com dor de barriga, basta ir no supermercado e consultar o doutor na gôndola em que ele atende (na verdade é um consultório, mas daí fica sem graça). 

Já as farmácias estão virando as melhores cafeterias do país, enquanto a loja-conceito Wal-greens, de Chicago, está vendendo serviços de pedicure e sushi-bar.

Que bagunça!

Mesmo assim, é uma estratégia que deve ser respeitada. Muitos se queixam do pragmatismo extremo dos norte-americanos. Entretanto, em se tratando de sobrevivência e reinvenção de si próprios, eles são insuperáveis, pelo menos até o momento.

Provavelmente, em breve, essa novidade deverá chegar ao Brasil. 

Certos restaurantes e lanchonetes por aqui têm tudo para estar integrados a serviços de pronto-socorro e até funerários; os cinemas de arte poderiam alugar poltronas bem reclináveis para facilitar o sono;   os aeroportos fariam o maior sucesso arrendando barracas-motéis (lembra do relaxa e goza da ex-ministra do turismo e atual senadora Marta Suplicy?)... e assim por diante.

Enfim, com o final do carnaval, chegou a hora de arregaçar as mangas e tocar a vida até o próximo ano. 

Felicidades a todos!

Até Breve

Eduardo Starosta

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