O carnaval é uma festa
fantástica, especialmente na medida em que proporciona alguns dias de plena liberdade
individual, sem censura. O sexo é liberado; homens chegados ao transformismo têm a desculpa de se
vestirem de mulheres sem correrem o risco de serem linchados; e na fantasia
passa a valer praticamente tudo, regado a samba, suor e cerveja (Caetano Veloso).
Pessoalmente, prefiro
passar esses dias longe da agitação, no máximo cobiçando as belas mulheres dos
desfiles através da tela da televisão de 20 polegadas num apartamento de praia,
o que só será trocado por uma eventual pescaria no Farol da Solidão (RS).
Bem, há gosto para tudo e
todos eles precisam ser respeitados desde que não interfiram na liberdade do
próximo. Dessa forma, fico com a cerveja e deixo o samba e o suor para quem
quiser.
Mas isso não me faz
perder o interesse pelo tema do carnaval.
Dispensando as explicações pagãs que
grande parte das pessoas conhece, o fato é que estamos falando de uma
comemoração global de culto aos prazeres da vida. E não raramente, para
garantir a impunidade das travessuras, os foliões usam fantasias com objetivo
claro de esconder a própria identidade.
Mas isso não quer dizer que essas
pessoas não têm identificação com o personagem escolhido para representar o seu
"Avatar". Bem nesse ponto, qualquer
tipo de verdade acaba se tornando
relativa, uma vez que cada fantasiado mascara sua própria identidade com as
características que mais admira ou lhe chama atenção do personagem escolhido.
Em resumo, estamos falando de um jogo de mentiras toleráveis, pois através
delas fica mais fácil usufruir dos prazeres, amores e ódios mais intimamente
desejados... até quarta de cinzas.
Apesar do carnaval de ser
uma festa tipicamente brasileira, ela também está presente em vários pontos do
mundo de forma mais moderada em termos do escracho da liberdade, mas com o
mesmo sentido ou muito próximo.
Quem gosta da festa e tem
vitalidade para agüentar a maratona da folia, que aproveite bem, já que o resto
do ano aparentemente não vai ser muito fácil.
Então, um bom carnaval a todos os
leitores de Escracho Geral.
Começou
a “Releitura” de Bin Laden - Osama Bin Laden seguia à risca a tradição árabe de
possuir tantas esposas quantas pudesse sustentar. O problema disso é que em
cada pacote de casamento pode vir como brinde uma penca de cunhados, o que
sempre acaba resultando em encrenca.
Um deles (irmão da quinta
esposa), chamado Zakaria Al Sadah resolveu aparecer no
jornal britânico "Sunday times", dizendo que o mais letal terrorista
da história simplesmente queria que seus filhos e netos estudassem no ocidente
ano e vivessem em paz.
Realmente, essa é uma história difícil de engolir. Se
fosse verdade, significaria que Bin Laden seria ainda pior do que a encomenda,
na medida em que ele teria liderado a morte de milhares de inocentes, sem nem
acreditar na própria causa.
Mas o mais provável é que com o passar dos próximos
carnavais a imagem refletida pelas máscaras de Bin Laden fiquem cada vez mais
caricatas e simpáticas.
Ainda considero ter sido um grave erro o assassinato do
chefe da Al Qaeda. Seu poder tende a se multiplicar na qualidade de mártir.
Guerra e Homossexualismo – Na história dos povos belicosos, o papel das mulheres
sempre ficou relegado às tarefas domésticas. Os verdadeiros guerreiros ficavam
juntos em acampamentos, se preparando para intermináveis batalhas, enquanto
admiravam a virilidade uns dos outros.
E pelo que os antigos historiadores
deixam entender, entre um admirar de bíceps ou tríceps do companheiro,era comum
ocorrer um “rala e rola” entre os guerreiros. Os relatos mais claros “desse
admirar do mesmo sexo” ficam entre os registros das atividades espartanas (Aquiles
papava seu primo) e da Macedônia (lembrando que Alexandre O Grande não escondia
a preferência por seu namorado).
Será que tais preferências militares ficaram restritas aos tempos
antigos? Acreditava que sim, até saber da denúncia feita pela Alta Comissária
de Direitos Humanos da ONU, Navy Pillay.
Segundo ela, os soldados sírios em missão de reprimir a revolta contra o
regime de Bashar al-Assad, estão estuprando os prisioneiros de guerra.
Todos homens ou meninos!
Além de considerar a situação em si atrocidade, crime, será que o fato não
reflete uma preferência homossexual por parte dos adeptos da violência, da
mesma forma como acontecia na antiguidade?
Presenteio essa peteca aos psiquiatras e psicólogos. Mas não posso
deixar de imaginar que talvez a melhor forma de resolver os embates bélicos
seja simplesmente colocar os guerreiros em boates gays para, diríamos, liberar
a energia.
A Gênese Brejeira – Artigo publicado na revista científica PNAS defende a
idéia de que a vida no planeta Terra não surgiu no mar, conforme pensa a maioria dos
biólogos.
De acordo com Armen Mulkidjanian – coordenador do estudo – os ingredientes
necessários para se criar a sopa primordial da vida – gerando as reações químicas
necessárias – podem ser mais facilmente encontrados em pequenas áreas alagadas e
estáveis do que na vastidão dos oceanos, onde a mistura de compostos é bem menos
provável.
Em outras palavras, doa a quem doer, todos os animais da Terra,
inclusive nós os humanos, deixamos de ser filhos do Grande Deus Netuno para
virarmos criaturas de origem bem brejeira.
Pessoalmente, gostei da idéia.
Combina mais com a humanidade.
Metendo Bala no Facebook – A história começa bem inocente. Uma menina de 15 anos,
revoltada por ser obrigada a fazer tarefas domésticas como lavar a louça,
externou sua indignação postando mensagem sobre o assunto no facebook.
Lamentavelmente, o furioso papai descobriu a subversão e resolveu puni-la matando o notebook da mocinha
com nove tiros.
Se a moda pega, além dos ladrões de caixa eletrônica, alguns
correntistas vão começar a meter bala nos equipamentos para se vingar das
contas estouradas. Da mesma forma, os ministros travessos da Patroa Dilma poderão
estourar telas e telas de computadores, para abafar suas ações, diríamos, pouco
condizentes com uma vida pública honrada.
Moral da história: o Sr. Tommy Jordan
(pai da menina) deu o exemplo uma idiotice de alcance global... Aguardem por novas besteiras similares a essa.
A
Inteligência da Esquerda – Os
socialistas, comunistas e demais que se consideram de linha política de esquerda estão com tudo! De acordo com pesquisa canadense que agregou dados
de 50 anos, esse grupo de pessoas são mais inteligentes do que aqueles que se
identificam com direitistas.
E a diferença não é nada pequena. A média de QI
para a direita ficou em 94 pontos, enquanto a esquerda ficou com 106 pontos.
Mas vamos entender direito a questão: no Hemisfério Norte, clichês “esquerda” e
“direita” são substituídos, respectivamente, por “liberais” e “conservadores”, sendo que esses
últimos – mais associados à defesa da livre iniciativa – são predominantes no
campo do domínio político, especialmente desde a queda da cortina de ferro e
desmantelamento da URSS. Em resumo, o questionamento da realidade vigente nos
EUA, Europa, Japão, etc ficou mais a cargo daqueles identificados com a posição política
minoritária.
Havemos de concordar que é mais difícil quebrar tabus e questionar
o poder vigente, do que simplesmente defender as instituições estabelecidas e
seus gestores.
Então, considero mais palatável aceitar a idéia de que
a maior inteligência tende a ficar do lado que questiona o poder. Ou seja, o poder emburrece!
Robô
que Come Cocô – Não
é brincadeira! Cientistas britânicos desenvolveram um robô que ingere
dejetos e água poluída para recarregar suas baterias. A coisa é mais ou menos
assim: a engenhoca come a merda e micróbios decompositores transformam a lauta refeição
em energia elétrica. E o mais interessante é que o robô em questão pode
funcionar incessantemente por cerca de 30 anos.
Imagina soltar um bando dessas máquinas nas redes de
esgoto e canos. A função deles é exatamente essa, limpar a porcaria que as
pessoas não conseguem ou não tem estômago para tal.
O lado preocupante de tudo
isso é que a robótica está tendo sucesso em dar cada vez mais autonomia
energética e de mobilidade para as máquinas. Também progride rapidamente o
desenvolvimento de cérebros artificiais.
Imagina juntar tudo isso numa coisa só:
mobilidade, autonomia energética e inteligência? Está-se criando um ser capaz
de tomar decisões inteligentes por conta própria. E isso é perigoso, pelo menos
sob o ponto de vista do velho Isaac Asimov, cujas obras de ficção científica –
assim como as de Julio Verne – previram várias coisas que hoje são realidade.
Querem
Matar o Tiro ao Alvo – O mundo
moderno faz algumas coisas perderem a graça. Desde os tempos imemoriais, muitas
pessoas se gabaram de suas pontarias. Poderia ser no arco e flecha, lança,
dardos e até estilingue. Nas olimpíadas da era moderna existe até o tiro ao
prato.
Pena que isso esteja com sua utilidade prática
morrendo. Uma indústria bélica dos EUA inventou uma bala que simplesmente
persegue o alvo através de um conjunto de barbatanas associados a sensores
óticos e laser. Simplesmente, errar o alvo vai ser impossível.
Na nota anterior
falamos nas previsões de Asimov. Agora vale lembrar que Walter Lantz - criador do
Pica-Pau e Andy Panda - já havia idealizado a bala de controle remoto (sempre
acertava o traseiro do Zeca Urubu) e foi seguido pelos estúdios Anna &
Barbera e outros.
A vulgarização dessa tecnologia (por maior que seja o
segredo, ele sempre é desvendado) terá alguns desdobramentos sérios. O tiro
acidental deixará de existir; enquanto o erro acidental será quase uma
impossibilidade.
A
Chuva Sólida – Todo o ano é
a mesma coisa: em alguma região do mundo milhões de hectares de plantações são perdidos
por conta de estiagens extremas. Não raras vezes, até em regiões em que a sociedade
teve sucesso em se mobilizar e providenciar reservatórios, a força da seca é implacável.
Mas essa maldição pode estar prestes a acabar. Talvez
inspirado nas fraldas infantis, o engenheiro mexicano Sérgio Rico inventou um
gel à base de poliacrilato de sódio (sei lá o que é isso!) que acumula água da
chuva perto da raiz dos vegetais o suficiente para nutrir a planta durante toda
a seca.
O composto tem vida útil de 8 a 10 anos e já foi testado com sucesso em lavouras de
milho. Se isso realmente funcionar no mundo real (será que os arados mecânicos da
lavoura não liquidam ou deslocam o gel?) e o custo for razoável, os
agricultores terão muito o que comemorar, além de se evitar a construção de
gigantescas barragens.
Gel acumulador de água, desenvolvido pelo mexicano Sérgio Rico (agora rico mesmo) |
Geopolítica da Crise Européia – Será coincidência? Na IIa Guerra Mundial,
a estratégia alemã foi expandir ao máximos as fronteiras de seu domínio e buscar
a sustentação da maior parte possível dos territórios conquistados. Enquanto
isso, os ingleses se recolheram a sua ilha para concentrar esforços e foram para o contra-ataque a partir do apoio logístico das ex-colônias.
Agora, em plena crise européia,
é claro que as idéias bélicas estão descartadas. Mas a estratégia de reação mostra-se
similar a de 70 e tantos anos atrás.
A Alemanha,
sob a batuta de Angela Merkel, está assumindo incontestável liderança na União
Européia, simplesmente por ter tido a capacidade de manter as contas públicas
germânicas em ordem, enquanto gregos, portugueses, italianos e outros faziam estrepolias
com o dinheiro público de seus países e da União Européia. Essa postura fez com
que os alemães naturalmente assumissem o papel de xerifes financeiros do
continente, gerando naturais ódios regionais, que atualmente estão mais
latentes na Grécia.
Enquanto isso,
os britânicos – com toda a experiência financeira – resolveram se defender da
crise através de um recuo para a segurança das próprias fronteiras.
É provável que
uma dessas duas posturas seja a chave para a superação da crise.
A fragilidade
alemã consiste em assumor a responsabilidade sobre uma amplitude territorial
demasiadamente grande, sem dominá-la de fato. Pelo lado inglês, o ponto fraco
está exatamente numa estratégia inicial isolacionista do resto da Europa que
será muito cara no futuro (em termos de preferências comerciais), se eles não reagirem a tempo de se tornarem protagonistas importantes da recuperação da
economia do continente.
Um ótimo carnaval a todos e até breve!
Eduardo Starosta
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