Mesmo a pessoa mais otimista do país não pode negar
que o Brasil começou o ano (em março, depois do carnaval, é claro!) com o pé
esquerdo.
O resultado do PIB nacional crescendo apenas 2,75%
diante da promessa da equipe econômica nacional de pelo menos 4,5% acabou se
revelando um grande fiasco.
E os dados de janeiro mostram que a situação tende
ainda ficar mais grave: a produção industrial
do país caiu 3,44% frente ao mesmo período de 2011. Aquele foi o sétimo mês
consecutivo de queda do indicador e o pior resultado desde setembro de 2009,
quando estávamos ainda no epicentro dos efeitos da crise financeira mundial.
Outro dado de arrepiar os cabelos é o recorde dos
útimos três anos da emissão de cheques sem fundos no primeiro bimestre desse
ano, que chegou a 1,97% do total emitido, lembrando que esse tipo de moeda de
troca está em crescente obsolescência.
Em resumo, a recessão industrial, em conjunto com a
estafa da capacidade de crédito da população e somada com a frustração da safra
na região sul do país deixa claro que o momento atual e os próximos meses serão
bem pouco agradáveis quando o assunto for economia.
Não é à toa que o Banco Central se apressou em reduzir
0,75 ponto percentual da SELIC. Mas,
além disso demorar para repercutir no mercado interno, só a pressão dos juros
básicos não terá força para fazer os custos de financiamento do cheque especial
e cartão de crédito recuar a limites razoáveis, favorecendo assim consumo.
É verdade que informalmente o setor financeiro vem sendo
até benevolente na redução de juros para quem está pessoalmente falido, de
dentro da velha filosofia de que é melhor recuperar pelo menos algum dinheiro,
do que ficar de mãos vazias. Entretanto, para os endividados até o pescoço - que
relutam em assumir a própria quebra - os dias estão sendo bem difíceis para honrar
os compromissos e gerar consumo novo.
Já pelo lado político, está latente a impressão de
que o governo de Dilma deixou de ter uma base de apoio inabalável, pelo abalo
causado na recusa do senado em reconduzir ao cargo o presidente da ANTT,
Bernardo Figueiredo, indicado pessoalmente pela própria Patroa.
É claro que para os senadores pouco ou nada importa o
cargo, propriamente dito. O coitado do Bernardo simplesmente foi usado para
mostrar a insatisfação da base aliada com o tratamento recebido pelo próprio
governo.
Esse comportamento pode estar sendo ocasionado por
dois fatores, sendo que nenhum deles pode ser considerado muito digno à luz do
que seria saudável para o trato da política nacional:
·
No
primeiro caso, os já citados resultados ruins da economia brasileira - caso se
propaguem nos próximos meses - tornarão oportuno o desembarque de pelo menos alguns
partidos aliados do governo, para se posicionarem com mais força nas
oportunidades geradas pelas eleições municipais.
· O
segundo fator refere-se simplesmente à criação de um impasse para buscar a
força na negociação de algo que a presidente já mostrou detestar: a barganha e
concessão de cargos públicos para os "amigos" da rainha.
Encurtando as palavras, é lamentável que a
representação parlamentar brasileira tenha deixado de lado a verdadeira
discussão do mérito das políticas públicas e se dedicado quase que
exclusivamente à “locupletagem” por meio
de empregos e verbas públicas. Essa é uma postura histórica das últimas
legislaturas, mas que foi especialmente solidificada na administração do
ex-presidente Lula.
Moralismos a parte, o fato é que os dados políticos e
econômicos colhidos nessas primeiras semanas de ano ativo, mostram um horizonte
bastante turbulento para os próximos meses.
Se as lideranças petistas conseguirem pelo menos domar
a perspectiva recessiva (especialmente nas cidades industriais e agrícolas),
eles aquietarão os seus aliados nada fiéis e terão condições de se fortalecerem
nas eleições municipais.
Caso contrário, o arranca-rabo será bem feio.
Até Breve.
Eduardo Starosta
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