sexta-feira, 30 de março de 2012

Homenagem aos Humoristas Mortos


Pobre Brasil!

Até há poucos dias não seria difícil ranquear os dois melhores humoristas vivos do país. Nas opções disponíveis, Chico Anysio e Millôr Fernandes seriam francos favoritos para liderarem a lista.

Porém, o Senhor Destino Irônico determinou que em menos de uma semana ficássemos órfãos desses dois primorosos retratistas da caricata e frívola vida política nacional.

Foi uma pena! Millor com seus textos e charges cáusticas e Chico por meio dos eternos personagens de Chico City sempre tiveram notável habilidade de mostrar a realidade dos hábitos, da moral e da política nacional com incansável senso de humor, ao ponto de muitas vezes nos flagrarmos rindo de nossa própria personalidade e jeito de ser.



Pessoalmente vejo os humoristas como os principais guardiões da coerência e seriedade da vida pública nacional. Afinal, basta um pequeno deslize de algum figurão da política para que um ou mais gozadores tomem a iniciativa de fazer o escracho da besteira feita, inibindo novas investidas no mesmo sentido.

 E parece que as celebridades da política brasileira têm a plena consciência do baque causado ao humor pela morte de Millôr e Chico, pois aproveitaram o período informal de luto para impunemente aprontar travessuras.

A nossa presidente Dilma Rousseff estava indo muito bem na missão de mandar na gente. Mesmo que não haja consenso em relação à qualidade de seu governo (afinal, como disse Nelson Rodrigues, todo o consenso é burro!), era uma tarefa demasiadamente árdua tentar encontrar algum ponto de incoerência evidente na gestão da Patroa.

Mas a pobrezinha não suportou a pressão da briga com a própria base parlamentar e liberou R$ 2,5 milhões em emendas para cada um dos deputados e senadores aliados.

Vou explicar isso direito: além de criar e votar leis, os deputados e senadores possuem acesso a criar emendas ao orçamento da União, determinando a execução de obras ou outros investimentos em sua base eleitoral. 

Isso é legítimo e até coerente com a ideia do voto distrital.

O problema é que essas emendas parlamentares não são cumpridas por si só. A presidência da república, através da Casa Civil, tem que liberar os recursos para os investimentos individualmente e é de praxe que a aprovação do empenho seja fruto de uma certa flexibilização das convicções dos parlamentares na direção do que o executivo quer.

Em outras palavras, quem não votar a favor das propostas do governo, não tem dinheiro para agradar seus eleitores.

Entretanto, por uma mistura de ânsia de economizar e certo desprezo presidencial pelos legisladores, a liberação dos recursos das emendas parlamentares ficou bem mais difícil de sair não só para os inimigos políticos, como para os próprios aliados. 

E isso – na verdade – foi o que provocou a revolta da base parlamentar.

Imagina só: às vésperas das eleições para prefeitos, os senadores e deputados estariam de carteira vazia para agradar seus eleitores, o que naturalmente abre rápido e extenso espaço político para as oposições.

Foi por conta disso que os “fiéis aliados” começaram a impor derrotas ao governo no Congresso. 

De acordo com fontes da Câmara dos Deputados, a revolta extrapolou o PMDB e PR, chegando até ao próprio PT, com alguns grupos do partido pedindo a cabeça de Ideli Salvatti e Gleisi Hoffmann.

Diante de tanta pressão, a Patroa resolveu fazer o que a turma queria: disponibilizou R$ 2,5 milhões para cada aliado, para que eles parassem de perturbar no Congresso Nacional.

Ou seja, o acordo de Dilma com os paramentares deixou por demais escrachado que a força das convicções políticas para votar leis é inversamente proporcional à generosidade monetária do governo.

O que Millor escreveria sobre isso?

Qual o personagem de Chico Anysio que melhor representaria a figura do parlamentar que muda o voto em função do dinheiro em jogo?

Outros membros do Jet set político nacional também aprontaram grandes trapalhadas enquanto assistíamos os dois humoristas se despedirem da vida:


       Deu zebra para então todo certinho Senador Demóstenes Torres, com suas relações, diríamos, “bicharescas”. 


     Mas o azarado da semana foi o treinador da seleção brasileira, Mano Menezes. O cara foi pego no bafômetro e se danou, apenas algumas horas antes de o STJ aliviar a barra dos bebuns no volante, que já não precisavam se submeter ao bafômetro e exames de sangue e agora estão imunes a testemunhas ou exames médicos. Depois do Mano, só perde a carteira o pinguço convicto, aquele que assume publicamente a sua 
condição de pudim de cachaça.  
   E o Serra querendo mais uma vez papar a prefeitura de São Paulo? Será que dessa vez ele vai entender que não é só o paulistano que elege o presidente do Brasil. 
   Incrível foi o Fidel que perguntou a um incrédulo Bento XVI, o que faz um Papa, enquanto botava em cana uns 70 fiéis.  
   O governo também se destacou falando que o desconto do IPI sobre geladeiras, fogões, móveis e abajures representaria uma renúncia de arrecadação de R$ 460 milhões. Mas será que se deixassem o IPI alto, esses produtos seriam vendidos da mesma forma? E os trabalhadores das indústrias ficariam empregados, pagando impostos, se o preço dos eletrodomésticos não caísse?

 Realmente, temos muita matéria prima para piadas... mas estão faltando bons piadistas. Dá vontade de dizer para Millôr e Chico Anísio um “voltem logo”.



Adeus grandes Mestres.



O Aniversário de Porto Alegre – Semana passada Porto Alegre estava completou 240 anos. Minha filha, há poucas semanas de completar 4 anos, chegou da escola querendo me passar a seguinte conversa pelo telefone:

- Pai, sabia que hoje é o aniversário de Porto Alegre?
- É mesmo?
- É, a gente tem que comprar presente para Porto Alegre.
- Qual o presente que vamos comprar?
- Uma Polly (bonequinha do tamanho de um dedo), pai!
- Legal, e como é que vamos entregar o presente para Porto Alegre?
- Porto Alegre não tem mão para segurar a Polly. Então eu vou ficar cuidando dela.
Dispensável dizer que a pequena aumentou sua coleção de bonecas.

Até breve.

Eduardo Starosta

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