O ministro dos esportes, Aldo Rebelo queria o Saci, mas o moleque com
uma só perna não tinha chances de ser bom de bola.
No ministério do turismo também achavam simpática a
idéia da arara; mas além disso fazer propaganda do desenho animado Rio (por que
não?), lembrava o ícone tucano dos arqui-inimigos do PSDB.
A onça pintada era uma boa candidata, mas quem a
FIFA fez papar o precioso título de mascote da Copa 2014 foi o tímido e singelo
tatu-bola.
Depois, em nota oficial, o próprio Comitê Organizador
da Copa desmentiu a notícia, afirmando evasivamente que a imagem do mascote
ainda está em desenvolvimento.
Mas não seria despropositada tal escolha (mesmo que
temporária) por parte da FIFA.
A peculiaridade do bichinho brasileiro é que ao sinal
de perigo (ou pressão), sua defesa é simplesmente se enrolar todo.
Será que a FIFA fez tamanha maldade com o Brasil a
optar por essa escolha? Vamos aos fatos:
- 5 dos 12 estádios previstos estão com atrasos no
cronograma de obras;
- 17 das 43 obras de mobilidade urbana previstas para
as cidades-sede também estão em atraso;
- De acordo com o site da Copa 2014 (http://www.portal2014.org.br/), os aeroportos estão todos com o agendamento suas
obras em dia, mas estudo do IPEA feito ano passado, desmente isso
veementemente.
O evento
esportivo mais caro do mundo, orçado em R$ 33 bilhões, está, na verdade, muito
longe de ter seu planejamento considerado minimamente razoável.
O próprio incidente envolvendo o secretario geral da
FIFA Jérôme Valcke que há alguns dias manifestou a vontade de dar um chute no
traseiro do Brasil mostra a insatisfação da entidade internacional com seus
parceiros brasileiros.
A mídia nacional entendeu a expressão como uma espécie
de palmadinha para chamar a atenção. Pessoalmente, compreendi as palavras como
uma proposta de realmente dar um pé na bunda do Brasil e fazer a Copa 2014 em
outro lugar.
E agora, com a demissão de Ricardo Teixeira da CBF, as
desconfianças sobre a capacidade organizacional do futebol e governo brasileiro
tornaram-se bem mais fortes.
Na época da candidatura de nosso país a sede do
certame, eu considerava tal ato uma daquelas bobeiras de marketing político.
Uma copa é demasiadamente cara e normalmente deficitária. Será que o Brasil
tinha moral e condições para jogar dinheiro pela janela? Penso que não!
Entretanto, a partir do momento em que o país foi
selecionado para o evento, o maior risco de prejuízo seria desistir ou promover
um espetáculo de incompetência para a platéia internacional (que aparentemente
está acontecendo), reforçando por mais algumas décadas o desagradável clichê de
que o Brasil não é uma nação séria.
A gabolice de Lula nos fez entrar nessa encrenca. Para
sair dela com dignidade, Dilma terá de ser bem mais dura e exigente do que o
costume com os executivos que estão tocando o projeto.
Sugiro até que a Patroa abandone sua aversão à turma
do futebol e retire a organização da Copa 2014 do Ministério dos Esportes,
passando-o ao status de projeto especial controlado pela própria presidência da
república.
O Brasil tem pouco mais de dois anos para justificar o
tatu (se ele for confirmado) como um simpático mascote de um povo emergente, ou
se resignar em aceitar as gozações globais, associando nosso país ao velho
Tatoo, do seriado Ilha da Fantasia.
O
Brasil no Buraco – Falando
em tatu, os últimos indicadores mostram que a economia brasileira está
realmente entrando em um buraco de razoáveis proporções. De acordo com o SERASA
a inadimplência em fevereiro subiu 18,3% em fevereiro último diante do mesmo mês
de 2011. E o dado mais preocupante fica para o financiamento de veículos. Nesse
caso, o atraso acima de 90 dias nas prestações atingiu seu maior nível dos
últimos 30 meses (nos remetendo à crise financeiro global).
Finalmente, os dados estaduais da produção industrial
de janeiro confirmam retração em 7 das 13 unidades da federação pesquisadas
pelo IBGE. O único “grande” a não cair, foi o Rio Grande do Sul, beneficiado
por desempenho atípico do segmento de máquinas e equipamento.
Em resumo, os dias por vir mostram serem difíceis. Até
o eterno otimista, Guido Mantega, já fala em dificuldades para 2012. Junto com
isso, as recentes fragilidades políticas externadas ao nível do governo federal
mostram que as eleições municipais estão muito longe de terem uma perspectiva
de decisão antecipada, como parecia evidente no início do ano.
O arranca-rabo será divertido!
Até Breve
Eduardo Starosta
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