sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Uma Nova Geopolítica Norte-Americana

O presidente dos EUA, Barack Obama, está em uma fria no campo político. Seu partido, o Democrata, perdeu espaço no Congresso nas últimas eleições. Isso é um indício de que o poder poderá voltar aos republicanos no próximo pleito majoritário. Diante desse quadro, o senso político manda Obama correr em busca de apoio junto aos eleitores.

O alvo: latinos residentes nos EUA e que já compõem um percentual relevante do eleitorado.

A conta: um em cada seis eleitores é de origem latina. E essa população, de menor renda, vem crescendo em ritmo quatro vezes mais rápido do que o restante dos norte-americanos.

As ações: abrandar as leis contra deportações de residentes clandestinos; e o reatamento de relações diplomáticas com Cuba, após de mais de meio século de inimizade.

E é esse último ponto que vem sendo destaque dos principais jornais do mundo. 

É de se reconhecer que o estabelecimento da paz com a ilha dos irmãos Castro transcende os interesses mais diretos da política interna norte-americana.

Após o fim da União Soviética e a consolidação do capitalismo chinês, Cuba passou a ser o último baluarte global do velho marxismo, ironicamente localizado nas vizinhanças de Miami. E essa posição foi extremamente importante no discurso ideológico de vários países sul-americanos nesse início de século. Venezuela, Bolívia, Brasil e outros países da região utilizaram o regime cubano como fonte de inspiração.

Economicamente isso foi um caos. Mas politicamente a estratégia foi bem sucedida. E ser pró-Cuba, até há alguns dias, era sinônimo de ser contra os EUA.

Com a paz entre os dois países, essa realidade pode mudar. Se os cubanos forem seduzidos pelas delícias da economia de mercado, o discurso sul americano ficará fragilizado.

Isso será essencial para uma estratégia estadunidense no âmbito continental. Novos blocos geoeconômicos estão se consolidando. Além da União Europeia, está ficando evidente a aproximação política, econômica e militar entre Rússia e China.


Enquanto isso os parceiros dos EUA (Japão, Reino Unido e Austrália) estão meio moles. A vitalidade latino-americana é vital para eles. E pode ser uma excelente oportunidade para nós do sul.

Eduardo Starosta

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