quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Os Últimos Serão... Os Últimos

Em março do ano passado, o Jornal Le Monde, França, na primeira página, identificou o Brasil como o país mais caro e sobretaxado do mundo.

Isso não é novidade. Mas a situação tributária nacional é tão amalucada que ganhou notoriedade internacional, pelo lado do deboche.

O mais grave é que o despropósito de imposto que pagamos tem como contrapartida o despropósito da oferta de serviços públicos de baixa qualidade. 

Resumindo, pagamos muito imposto por quase nada em troca e ainda mais: o dinheiro que entregamos ao fisco não é o suficiente bancar o custeio público. O resultado disso é o aumento da dívida pública, que descamba para a nossa também nada honrosa situação de deter a maior taxa de juros do mundo.

A consequência desse anacronismo é mais uma vez escancarada nas pesquisas de avaliação da competitividade mundial. Dessa vez foi a Confederação Nacional da Indústria que divulgou na última quarta-feira ranking envolvendo 14 países que disputam entre si os mesmos nichos do mercado mundial. O Brasil ficou na vergonhosa penúltima colocação pelo quarto ano consecutivo, só superando a Argentina... Mas quem não vence os argentinos nos dias atuais?

Dentre os itens avaliados, a pior situação é a dos juros. Além da taxa básica (SELIC) campeã mundial, o spread dos empréstimos (lucro bruto dos bancos) chega a ser 19,6 pontos percentuais maior do que a remuneração paga aos investidores. E para manter a tradição, também levamos bomba nos quesitos impostos, infraestrutura, educação, ambiente macroeconômico e produtividade do trabalhador.

A situação seria perdoável caso os caminhos para o desenvolvimento socioeconômico fossem um grande mistério. Mas não é nada disso! Os modelos para se levar um país como o Brasil ao caminho da prosperidade são por demais conhecidos e testados para serem ignorados (como o são!) pelos nossos gestores públicos.

Talvez o início da solução do problema não seja simplesmente culpar os políticos que temos, mas reconhecer que os brasileiros, predominantemente, não entendem nada de política.

Para que serve o poder político?

Responder a essa questão pode ser o início de uma grande mudança. Por ora, o Brasil está dentre os últimos do mundo e assim continuará.


Eduardo Starosta

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