Agora não tem desculpa: já se sabe que a Beija Flor ganhou no Rio de Janeiro, a Vai Vai em São Paulo e a Imperadores do Samba levou o bi em Porto Alegre.
Porres recuperados e agora podemos finalmente adentrar em 2015. Ora, se é verdade que no Brasil o ano só começa depois do Carnaval, será que podemos considerar que o calendário inicia na quaresma?
Pelo menos no atual momento a comparação não é despropositada. Afinal, janeiro e fevereiro acabaram sendo uma verdadeira farra de trapalhadas e irresponsabilidades no campo da política e da economia: novos parlamentares e ministros querendo aparecer; juros em alta; inflação aumentando; elevação de impostos e dos preços públicos; crise cambial; e a produção e o consumo em queda livre.
Relembrando, a quaresma – além de nos proibir (em vão) de comer carne – representa o período de 40 dias de purificação antes da Páscoa, ou seja, o renascimento.
Os efeitos da freada na economia já estão perceptíveis no dia a dia, mas com o agravante de que isso não melhorou a credibilidade brasileira para os investidores internacionais, que são fundamentais para girar a dívida pública nacional.
Importante ficar claro para os gestores federais que a purificação do país passa, obrigatoriamente, pela redução e racionalização com qualidade dos gastos públicos.
Essa é uma tarefa perfeitamente possível de ser realizada, havendo interesse político em realmente comprar o desafio. O prazo de 40 dias (até a Páscoa) é bem razoável para cortar custeios não prioritários e mostrar tais ações à sociedade.
Paralelamente é importante também iniciar a reversão das expectativas negativas a respeito do futuro do Brasil. Aproveitar a baixa do petróleo no mercado internacional e inverter a alta interna dos preços do energético seria um golpe de mestre e com total sustentabilidade econômica.
Se sairmos da Páscoa mais otimistas, o ano ainda pode ser salvo. Caso contrário vai ser muito difícil que a economia brasileira deixe de registrar um dos piores resultados de desempenho das últimas décadas.
Que a quaresma traga luz aos nossos governantes... e gasolina mais barata para o povo. Isso é só o começo de uma longa agenda de ajustes.
Eduardo Starosta
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