quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

A Imoralidade Econômica

Disse o Barão de Itararé: “o homem é o bicho mais cafajeste que existe... a mulher também”.

Essa frase revela o que poucos admitem: a conduta correta só vale para quando os outros estão olhando. Se há a oportunidade de uma travessura impune, ela provavelmente será feita.

Vários estudos econômicos e sociológicos comprovam o freio dos humanos para executarem atos contra a ética estabelecida é a percepção do risco real de serem punidos pelas suas ações. Se tal risco é nulo, então as peraltices estão liberadas... por baixo dos panos é claro.

Isso explica os recentes casos de corrupção que assombram os brasileiros (assombram mesmo?): mensalão, petrolão, etc.

Mas será que é certo culpar apenas a classe política, ou a sensação de 
impunidade à corrupção é generalizada? Dois casos recentes mostram que a segunda opção é a mais correta.

Falo do juiz do Rio de Janeiro, Flávio Roberto de Souza, que se apropriou de dois carrões e um pianão apreendido do ex-bilionário Eike Batista. Lembro também do caso do pregão eletrônico da base da Marinha de Duque de Caxias (RJ), que orçou R$ 62 milhões para adquirir panquecas, lasanhas empadões e bebidas o suficiente para embriagar as Forças Armadas inteiras.

E assim vai ladeira abaixo a credibilidade do judiciário e dos militares brasileiros. Não que tais procedimentos possam ser generalizados para todos os membros das duas corporações. Mas há de se reconhecer que o estigma fica evidente.

Voltando a racionalidade econômica, tais coisas acontecem pela percepção do baixo risco de punição. Será que o juiz será demitido e preso; e os marinheiros metidos na farra da manguaça com lasanha seguirão o mesmo caminho? É pouco provável.

Mesmo na vida privada, são poucos os que resistem - tendo a certeza da impunidade - a evitar impostos, atravessar o sinal vermelho, ou dar uma puladinha de cerca (epa!).

Em resumo, sem o risco da punição, as regras são desmoralizadas. Essa é uma constatação histórica do Brasil e de vários países do mundo; normalmente aqueles que não conseguem se desenvolver.

Concluindo, antes de buscarmos solucionar crises com arroubos autoritários, o melhor é zelar para que as leis sejam cumpridas e que punam cegamente quem as descumprir.


Eduardo Starosta

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