quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

A Sombria Sina Latino Americana

        Quem for a Caracas, capital da Venezuela, não encontrará mais do que vestígios daquela que já foi uma das mais prósperas metrópoles do continente. Hoje a situação por lá lembra os piores momentos que precederam a queda da União Soviética: filas de centenas de metros para comprar gêneros de primeira necessidade racionados e o perceptível mercado negro, onde uma camisinha custa cerca de R$ 2 mil. Se um mero balãozinho lubrificado sai tão caro, imagine o resto?
        
    Quase dois anos após a morte de Hugo Chávez os venezuelanos ainda continuam pagando o preço de um dos mais penosos crimes contra a humanidade: o custo de um povo deixar-se enganar.

       
     O mecanismo é bastante simples e ingênuo:

- Um sujeito qualquer berra com eloquência as coisas que as pessoas querem ouvir;
- Alguns anos depois ele assume o poder e continua berrando com eloquência, enquanto aparelha o Estado com seus capangas;
- O excesso de competência para falar contrasta com a total incompetência para a gestão pública;
- As coisas começam a dar errado;
- O líder desvia a atenção do povo invocando um inimigo, que pode ou não existir;
- Aos poucos a paixão da população por aquele salvador, vai dando espaço ao temor desencorajador de enfrentar o demônio;
- Alguns poucos corajosos são exilados, outros mortos e mais alguns impedidos de se manifestar;
- Grandes estátuas e painéis com fotos do líder nas ruas contrastam  com a miséria humana;
-  Vem as saudades do passado. Mas o tempo que passou é apenas um fantasma;
- No final, a morte do caudilho ou a sua desmoralização põe fim ao medo e começa a longa e difícil reconstrução do país, sob os escombros de uma economia e sociedade arrasada.
Cuba começa a tentar sair dos anos 50;  Venezuela está às portas da morte enquanto Nação; Argentina, Bolívia e Equador aparentam seguir o mesmo caminho.

     Ao menos por prevenção, é bom prestar atenção ao Brasil. A exemplo de nossos vizinhos, fomos um país de quarteladas e ainda não estamos completamente imunes à influência de falastrões.

       Em tempo: a produção industrial brasileira fechou 2014 em níveis inferiores a 2008. Será que isso significa alguma coisa? Estamos no caminho certo, ou apenas presos à sombria sina Latino Americana?


Eduardo Starosta

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