quinta-feira, 5 de março de 2015

A Culpa foi do FHC ou Ele Tinha Razão?

Em 2003, junto com Lula, um novo grupo de políticos assumia o poder federal. 

Fernando Henrique Cardoso encerrava naquela época seus dois mandatos com desgastes: a consolidação do Plano Real (iniciado na gestão de Itamar Franco) não se mostrou simples. A nova moeda era vista com desconfiança e qualquer problema ameaçava os ajustes feitos para evitar que o endividamento público causasse novamente a temida hiperinflação.

E nesse contexto o Brasil decidiu que era preciso mudar. Mas as transformações apregoadas pelo novo governo não eram assim tão simples e a justificativa para não executar o prometido era “a herança maldita do FHC”, lembra? 

No frigir dos ovos, a condução da economia foi ainda mais conservadora do que a liderada pelo ex-ministro da fazenda, Pedro Malan. E mesmo em um ambiente internacional amplamente favorável entre 2003 e 2008, as dificuldades para o Brasil crescer aceleradamente eram muito grandes.

 Mudanças significativas acabaram ocorrendo em ações sociais como a Bolsa Família. Mas tal estratégia de acréscimo de renda para gerar crescimento pela via do consumo costuma ser temporária. 

Paralelamente se fazia necessário investir em infraestrutura e criar um ambiente econômico propício ao desenvolvimento. E nesse ponto, a gestão federal foi um fiasco: grande parte das obras do PAC ficou no papel ou inacabadas; os impostos aumentaram; e a sobrevalorização do Real dilacerou boa parte da indústria brasileira. 

E na onda das alianças do PT com velhas e vampirescas oligarquias, o equilíbrio das contas públicas foi para as cucuias, levando junto estatais como a Petrobras. 

Diante do exposto, é chover no molhado mostrar surpresa ou indignação com a nova alta dos juros e a elevação de impostos. O fato é que isso não vai conter a alta da inflação e muito menos a recessão na qual o Brasil está entrando.

Talvez os atuais gestores do país ainda não tenham entendido que o verdadeiro segredo de viver sem inflação esteja escondido por trás do conceito de moeda forte: chama-se responsabilidade fiscal.

Essa foi a principal herança de FHC. Se tal prioridade fosse mantida, com aperfeiçoamento de práticas de gestão (que evitam o roubo), o Brasil de hoje seria bem melhor.

Eduardo Starosta

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