quinta-feira, 16 de abril de 2015

A Lorota da Crise Mundial no Brasil

Nessa semana as autoridades econômicas brasileiras finalmente assumiram publicamente que o PIB de nosso país (toda a riqueza gerada) deverá cair em torno de 1% em 2015 e a inflação tenderá a passar de 8%.

Apesar desses dados não serem nada agradáveis de se encarar, o consolo é que as pessoas que estão administrando a economia nacional começam a falar com mais realismo e sinceridade.

Esse é o primeiro passo para se corrigir os erros do passado. E é nesse ponto que reside o maior problema mental dos nossos governantes. Eles ainda são incapazes de encarar publicamente seus próprios erros, delegando responsabilidades para qualquer coisa que não sejam eles próprios.

Ora, qualquer pessoa com informação mediana e sem preconceito de pensamento sabe que a encrenca econômica atual é fruto direto da má condução da administração pública. Mas o governante que admite isso dentro da própria gestão está assumindo a própria incompetência... e daí, adeus carreira política!

Fica mais fácil, então, culpar algo sem corpo e personalidade, como a tal da crise mundial.

Se isso fosse verdade, seria correto admitir que o desempenho econômico do globo deve estar tão ruim ou pior de que a performance brasileira. Mas não é o que ocorre: segundo o FMI, em 2015 a riqueza mundial tenderá a aumentar 3,45%, com os países ricos crescendo 2,4% e os países emergentes (grupo no qual o Brasil teoricamente é incluído) registrando alta de 4,26%.

Com tais informações, é claro que a culpa da retração econômica do Brasil de 1% não é do que ocorre além das nossas fronteiras.

Mas e se um enrolador metido a esperto levantar o argumento de que estamos pagando hoje o preço dos problemas mundiais gerados pela crise financeira global iniciada em outubro de 2008?

Além de ser mentira - pois o Brasil nunca manteve muita relação financeira com o mundo exterior - podemos desfazer essa lorota usando dados muito simples: entre 2009 e 2014 o PIB mundial cresceu 21,2% e o nosso país ficou nos modestos 16,8%.

Voltando para as perspectivas de 2015, é triste ver que das 188 nações analisadas pelo FMI, o Brasil ficará na 179ª posição do crescimento global. De países conhecido, pior do que o nosso só ficarão “os colegas” Rússia, Ucrânia, Venezuela e Iêmen, os quais – além de serem dependentes do petróleo – também construíram a triste tradição de governos bagunçados e sem gestão séria.

Sintetizando, o mundo não tem culpa das nossas mazelas. O recomendável é reconhecer que o principal problema estrutural do Brasil se divide em duas partes: a primeira são os representantes da população em cargos eletivos; e a segunda são os próprios eleitores que escolhem pessoas sem senso.

Um dia aprenderemos...

Eduardo Starosta

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