quinta-feira, 23 de abril de 2015

Coisa para Brasileiro Ver

       O escândalo dos bingos, o mensalão, o achaque à Petrobrás e outras coisas que ainda vamos descobrir têm características flagrantemente comuns: todos os esquemas serviram para alimentar ilegalmente o caixa dos partidos e aliados do governo.

Lógico que de lambuja um monte de gente acabou enriquecendo com a bagunça e são esses os que ganham os destaques nos meios de comunicação. Mas não se pode esquecer de que tudo isso não passou de corrupção de origem partidária.

Repeti o que está escrito no primeiro parágrafo? Então tome mais um repeteco; e agora silábico: a corrupção é, acima de tudo, PAR-TI-DÁ-RIA.

Esse é o pior dos mundos que poderíamos imaginar para o amadurecimento político do Brasil.

A situação em foco é um dos mais graves crimes contra a humanidade. Na medida em que o roubo tem objetivo político, estamos falando do aliciamento de consciências, o que detona com qualquer perspectiva de futuro realmente mais próspero.

Campanhas eleitorais com os melhores marqueteiros; festas políticas regadas com às melhores bebidas, comidas e espetáculos musicais; carros de som azucrinando nossos ouvidos no domingo pela manhã; pobres coitados vivendo às custas do cachê de participação em passeatas e atos políticos. Tudo isso e muito mais existe porque a corrupção partidária tomou conta do dia a dia do país.

Por enquanto, os principais punidos no caso da Petrobrás são os executivos e empresários. Mas será que eles são os maiores culpados? O que aconteceria, por exemplo, com a empreiteira que se negasse a pagar propina? Aposto que quebraria em pouco tempo, sendo alijada de qualquer obra pública. Analisemos individualmente com sinceridade: será que recusaríamos “pagar o cafezinho” aos representantes do poder, caso isso significasse perder o emprego, a empresa, ou ter o bloqueio ao acesso de importantes serviços?

Enquanto nos degladiamos com tais inquietações conflituosas entre a consciência e a prática da vida, os verdadeiros corruptos (e corruptores!) que se escondem em siglas partidárias serão premiados com a triplicação da mesada, expressos em R$ 865 milhões.

Isso parece um acerto de contas dos mais escabrosos:

- Olha, você deixa de roubar, que em troca eu lhe pago diretamente os seus ganhos por achacar a Petrobrás e outras estatais e repartições públicas...

Nessa lógica, que tal pagar aos traficantes, assaltantes e outros da turminha, para que eles deixem de “trabalhar”? Por mais ridículo que isso seja, é apenas detalhe a diferença em relação ao que foi feito com o Fundo Partidário.

Os veículos de comunicação mais otimistas falam que o brasileiro esgotou sua tolerância com a corrupção.

Caso a pressão popular não reverta a sanção da presidência da república relacionada ao Fundo Partidário, toda essa intolerância contra o desvio do dinheiro do povo é só desabafo estéril, coisa para inglês, digo, brasileiro ver.



Eduardo Starosta

Nenhum comentário:

Postar um comentário