quinta-feira, 23 de setembro de 2010

PT x PT

Há poucos dias apenas apaixonados oposicionistas ousavam acreditar que a eleição presidencial teria o segundo turno. A vantagem da petista Dilma Rousseff sobre todos os outros candidatos era folgada e mostrava claros sinais de consolidação.

Nem as arapongagens de quebra do sigilo fiscal da filha e do genro do Serra e de líderes do PSDB pareciam arranhar a disposição da maioria da população brasileira de votar em Dilma. Aparentemente, a tese de que seriam os próprios acusadores que teriam plantado a situação, foi suficiente para convencer o eleitorado manter o voto.

Entretanto, o escândalo da ex-ministra da casa civil, Erenice Guerra (com seu filho e parentes), acusada de envolvimento indireto em milionário tráfico de influência, atraiu para valer a atenção da população.

E quando estourou a denúncia de troca de favores familiares entre Erenice e o presidente dos Correios, David de Matos, a situação entrou em estado de ebulição.

Provavelmente, foi essa a situação que levou, segundo a última pesquisa eleitoral do Datafolha, à diminuição da diferença de intenção de voto entre a candidata petista e os demais pleiteantes ao palácio do planalto de 12 pontos percentuais para 7 pontos.

Se a eleição fosse  hoje, Dilma ainda seria vitoriosa no primeiro turno. Mas caso estejamos assistindo apenas ao início de um fenômeno de rejeição, os militantes dos partidos devem respirar fundo e se preparar para a continuidade da maratona de campanha, rumo ao segundo turno. Nos próximos dias, novas pesquisas irão trazer resultados mais esclarecedores.

Apesar da  grande chance de risco eleitoral para o PT e seus aliados mais próximos, a preocupação dos envolvidos direta e indiretamente, pela situação, está mais voltada para tentar identificar quem foi o dedo-duro que avisou à imprensa nacional sobre as travessuras da turma de Erenice Guerra.

Depois de muito futricar, fuçar e xeretar, a maior parte dos jornalistas investigativos estão convictos de que as denúncias foram originárias de tendências do próprio Partido dos Trabalhadores.

Mas por que estaria ocorrendo o chamado “fogo amigo” dos próprios correligionários?

Isso não é muito difícil de entender. Em primeiro lugar cabe lembrar que o PT é uma agremiação que serve de guarda-chuva para várias linhas e tendências da esquerda brasileira. Uma vez que a eleição presidencial estaria praticamente resolvida, tais facções iniciaram o duelo interno voltado para a obtenção dos melhores cargos públicos.

E nessa guerra vale praticamente tudo! Se fosse comparada com a antológica Corrida Maluca, o Dick Vigarista ganharia todas.

Estamos diante um festival de grandes proporções dedicado a exibir podres alheios.

Quem faz isso, evidentemente está consciente de que se trata de um tiro no próprio pé (ou seja, do PT) tolerável dada a folga de Dilma, mas mortal para os inimigos/concorrentes pela hegemonia da futura burocracia estatal.

O jogo é arriscado, mas pode dar certo. Entretanto, se a oposição souber tirar proveito da situação, Dona Dilma terá uma longa lista de pescoços para torcer a partir de novembro. Afinal, ex-candidatos não eleitos têm bastante tempo de folga para a vingança. É só surgir mais um ou dois novos escândalos nos próximos dias, que tal situação, pouquíssimo provável, pode assumir proporções mais realistas.

Pelo menos, isso acaba com a monotonia eleitoral dessa temporada.
Em tempo: Escracho Geral também passou a ser veiculado no endereço http://escrachogeral.zip.net/ .
A conta do google tende a ser desativada nas próximas semanas.
Até breve.

Eduardo S. Starosta

Nenhum comentário:

Postar um comentário