quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Solucionando a Quebra do Sigilo Fiscal da Verônica (ou Os Novos Barnabés)

Nem em pensamento eu ousaria chamar o futuro presidente ou presidenta da república de mentiroso. Se não der cadeia, no mínimo, isso será a fonte de muita encrenca nos próximos anos.

Então, convido o leitor a fazer uma rápida reflexão sobre a quebra do sigilo bancário da filha do candidato do PSDB, Verônica Serra, considerando que tanto seu papai, como Dilma Rousseff estão dizendo a verdade sobre o caso.

José Serra e seus correligionários afirmam que têm elementos suficientes para provar o jogo sujo do PT em fabricar dossiês para incriminar seus principais aliados.

A Dilma e seu pessoal dizem que é tudo intriga da oposição. Afinal, o sigilo bancário de Verônica foi invadido ainda no ano passado, quando a petista ainda nem era candidata oficial à presidência ( na verdade, ninguém era).

Então, como sair desse impasse lógico? Serra fez culpa os petistas da Dilma e a Dilma diz que não tem nada a ver com o penico.

Para solucionar a questão, já que os dois candidatos falam a mais absoluta verdade, somos obrigados a adicionar um terceiro elemento ao debate, qual seja, a história recente da república.

No início da década de 80 era fundado o PT, na esteira das greves dos trabalhadores do ABCD paulista, lideradas pelo atual presidente, Luiz Inácio da Silva.

Naquele tempo, além dos operários, o novo partido contava com a adesão massiva de estudantes universitários que, protestando pela liberdade de expressão, contra a ditadura de direita então liderada pelo combalido general João Figueiredo, acabaram se identificando romanticamente com os ideais igualitários da esquerda. E tudo isso regado com as músicas proibidas de Geraldo Vandré e - para os mais comprometidos - o hino da quarta internacional socialista.
O problema é que o tempo é implacável. E ao cabo de três décadas a força daquela juventude cabeluda e sexualmente libertária foi dando lugar a carecas, barrigas, estrias, menopausas e outras cozitas más. E daí chega 2003, com Lula assumindo a presidência da república, acompanhado por aqueles ex-jovens que perseveraram na busca dos ideais socialistas.

 
Mas logo de cara veio a frustração: os latifundiários não perderam as terras; as fábricas não viraram bens coletivos; a dívida pública não foi caloteada; e o Brasil não faturou nenhuma Copa do Mundo.

Entretanto, o que deve ter sido mais dolorido para essa turma foi ter sido obrigada a dividir o poder e os cargos públicos com os mais odiados inimigos políticos, tradicionalmente taxados de reacionários.

Mais uns meses e estoura o mensalão, que termina por sepultar as últimas esperanças de mudança para melhor na qualidade política brasileira.

E o que fazer com as décadas a fio de planos, planfetagem, protestos e reuniões de diretório partidário por um mundo melhor? Informalmente, tudo isso acabou indo as cucuias ou para o PSOL.

E a turma resolveu se ajeitar na vida, preenchendo cargos públicos, conselhos de estatais, ou prestando consultorias de pouca qualidade e farta remuneração.
Nessa ambientação não se pode esquecer dos novos petistas, que entraram no partido com a única motivação de se dar bem.

 
E finalmente chegamos a 2009. No ano passado o Serra liderava com bastante folga todas as pesquisas de intenção de voto para presidente da república e ninguém duvidava de que ele seria o novo chefão do país.

Acostumados ao bem-bom, lógico que vários dos petistas começaram a prospectar as formas de manter suas boquinhas, ou até mesmo conseguir melhor posicionamento no futuro governo liderado pelo PSDB.

Daí, chegamos a Verônica Serra, que segundo a revista Isto é Dinheiro, tornou-se uma bem-sucedida empresária da Internet, com apenas trinta e poucos anos. Mesmo com filhos, marido e coisa e tal, a idéia de ficar bem na foto, sendo genro do futuro presidente deve ter despertado a cobiça de alguns petistas, especialmente aqueles mais novatos que se deram bem nos cargos públicos.
E como se sabe, a conquista é uma arte que não obedece regras rígidas. Tudo vale! Inclusive dar um jeito de quebrar o sigilo fiscal e bancário da moça e de outros futuros poderosos. Daí aconcenteu toda a encrenca. Tadinha da Dilma e do Serra... foram metidos em uma briga que não pertence a eles.

Se isso não é verdade, então pelo menos um dos candidatos está mentindo. Mas eu não tenho coragem de dizer isso.

Então, vamos democratizar esse debate. Crie sua própria tese e publique nos comentários desse blog. Só não vale xingar palavrão, ou fazer difamação e calúnia, já que isso pode dar cadeia... para mim.

Até breve!

4 comentários:

  1. Numa cidade do sertao de um pais estranho, dois fazendeiros disputavam uma fazenda bem grande. O advogado de um deles falou para seu cliente que aquele que mandasse um porco para o Juiz ganhava a ação. E este, muito articulador e astuto, mandou.Mas o Juiz era muito correto e nao aceitava suborno. E quando veio a sentença, o juiz deu ganho de causa ao cliente do advogado que deu o conselho. Entao o advogado conversando com seu cliente, perguntou como ele havia feito. Este disse, "mandei o porco de presente em nome do outro fazendeiro". (para bom entendedor, meia palavra basta)

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  2. Prezado Sr. ou Sra. Jcoj,

    Muito interessante e ilustrativa essa sua parábola. Parece que ela indica algo como o Serra plantando a quebra do sigilo bancário da própria filha e aliados, para depois poder acusar a turma da Dilma. Estou certo? Se você estiver correto, o candidato com cara de sugador da Transilvânia é mesmo muito ardiloso.

    Mas sua parábola tem uma coisa ainda mais interessante: trata de porcos sendo presenteados a juízes que, por coincidência, trabalham em varas, cujo significado, diriamos extra-judicial, é exatamente o coletivo de porcos. Estaríamos induzindo uma certa vocação do judiciário a "chiqueirices"?

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  3. hahaha, adoro pessoas com criatividade e imaginação fértil...

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