quarta-feira, 23 de março de 2011

Bate-Papo Sobre a Nova ONU

Bate-Papo Sobre a Nova ONU
Naquele abril de 1945, enquanto a Alemanha e Japão ainda insistiam em resistir à ofensiva dos aliados no final da Segunda Guerra Mundial, os países em vias de vencer o conflito já começavam a discutir sobre o futuro da política internacional. E assim, em São Francisco, nos EUA, 51 países mandaram representantes para redigir e aprovar a Carta das Nações Unidas.

Estava surgindo a ONU, que estará comemorando o seu 66º aniversário nas próximas semanas.

Apesar dessa razoável idade, seríamos cínicos se admitíssemos que Organização cumpriu - com sucesso - o seu papel de promover e garantir a paz e a cooperação entre os países. Prova disso é que nos últimos 10 anos cerca de 3,5 milhões de pessoas morreram em conflitos armados.

Sim, é verdade que a ONU avançou em outras frentes como a universalização da educação, combate à pobreza, ajuda humanitária, dentre outros aspectos. Mas também é inegável que tais ações acabaram virando grandes fontes de burocratização, onde há abundância de técnicos que olham as verdades do mundo por detrás de telas de LCD, sem nunca terem realmente passado um tempo razoável junto a comunidades que realmente necessitam de ajuda.
Em suma, observamos que ao longo das últimas décadas, na medida em que os órgãos, departamentos e escritórios da ONU foram se disseminando pelo mundo, a instituição foi perdendo credibilidade junto aos governos, se é que a teve algum dia.
Especialmente depois da Guerra Fria, a utilidade das Nações Unidas começou a ser cada vez mais duramente questionada e as decisões das Assembléias Gerais se tornaram alvo de chacota pública.
O único fórum da Instituição realmente cobiçado pelos países é o tal do Conselho de Segurança. Em resumo, trata-se de um clubezinho de países dividido em duas categorias: os membros permanentes que ficam se xingando mutuamente, enquanto mandam os povos em guerra pararem de brigar, ao mesmo tempo em que vendem bilhões de dólares em armas; e os membros eleitos para um mandato temporário, que não tem poder de veto e passam o tempo todo defendendo a sua permanência nessa elite de guerreiros. O próprio Brasil assume essa postura boboca desde os governos militares, passando por FHC e Lula.
E é engraçado que quem mais berra contra essa pretensão Tupiniquim são os nossos queridos e ciumentos hermanos argentinos. Mas tudo bem, em certas oportunidades também sacaneamos com eles, como naquela história de dar abrigo aos aviões ingleses que iam bombardear os nossos vizinhos na Guerra das Malvinas.
Mas pensando bem, essa retranca até que cai bem. Imagina o Brasil gastando o que não tem para assegurar a paz mundial, enquanto o Fernandinho Beira Mar continua, literalmente, dando as cartas no Rio de Janeiro, em alusão à reportagem da Globo provando que o número 1 do ranking penitenciário dribla a segurança e envia mensagens escritas para seus capangas em papeizinhos mínimos. O cara poderia escrever um romance num grão de arroz!
E no decorrer dessa bagunça toda, começa a pipocar no meio dos governantes do globo a idéia de uma Nova ONU. Ninguém sabe muito bem do que se trata. Mas todos os líderes querem o raio de assento permanente no Conselho de Segurança. E o presidente dos Estados Unidos, com cara de importante, ainda tem o despeito de dizer que vai pensar no assunto.
Ô seu Obama! Faz o seguinte ó: manda construir uma sala lá em Nova Iorque com um monte de poltronas soldadas no chão; daquelas que ninguém consegue arrancar (para ser permanente!); e dá de presente a quem quiser, colando uma tabuleta em letras garrafais: CONSELHO PERMANENTE DE SEGURANÇA.
E na surdina, se cria o Conselho de Insegurança da Nova ONU, composto por aqueles que realmente tem a capacidade de destruir com o mundo. Para falar a verdade esse novo órgão tem seu nome de batismo bem mais adequado à realidade. Afinal, nessas reuniões, quase sempre estão discutindo sobre qual país que deverá ser o próximo a ser bombardeado.
Afora essas baboseiras, para o que poderia servir uma nova ONU?  Os mais utópicos sonham com a idéia de governo mundial... Imagina uma eleição para presidente. Sinto muito dizer, mas a Dilma e o Serra ficariam chupando o dedo...
O chefe do governo mundial (da nova ONU) seria eleito pela maioria, certo? E nesse ponto, é claro que as forças políticas regionais iriam convergir em torno de quem detém as maiores populações. Dito isso, vamos a uma pequena simulação.
O mundo deverá fechar 2011 com cerca de 7 bilhões de pessoas. A soma de Índia, China, Indonésia, Bangladesh, Paquistão, Rússia e Filipinas já daria para compor uma maioria absoluta para eleger o novo chefão. Essa aliança é difícil de sair; mas trocando o Paquistão (sempre em briga com a Índia) por outros dois ou três países asiáticos, estaria pronta a espinha dorsal do tão sonhado governo mundial.
 Será que os europeus, americanos do sul, do norte e africanos gostariam de serem governados pelo citado grupo? Uma pinóia!
Ainda mais: mesmo que existissem formas mais palatáveis de definir o presidente da Nova ONU, como esse cara iria exercer seu mando em tantos lugares do mundo tão diferentes em termos culturais, religiosos e climáticos? Ou iria ser um ditadorzinho daqueles bem chatos, ou não mandaria em nada de verdade.
Veja bem, por mais paradoxal que possa parecer, a tal da globalização, ao mesmo tempo em que aumentou a possibilidade de que todos fossem iguais, consumissem a mesma coisa; despertou nas pessoas um zelo maior pelo seu eu, pela individualidade.
Então, ao invés de ficarem defendendo planos malucos de união dos povos, não seria melhor apenas buscar garantir o direito das pessoas de serem simplesmente como elas querem ser?
Ao invés de governo, vamos defender o desgoverno mundial! O legal seria tentar garantir o livre acesso ao comércio, segurança, educação e, talvez, cerveja gelada. Quanto ao resto, deixa que cada povo faça como melhor entender.
Moral da história: Nova ONU é besteira! Pelo menos já conhecemos a velha e desmoralizada ONU e é melhor que fique assim mesmo.
Até breve.
Eduardo S. Starosta

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