quinta-feira, 10 de março de 2011

Os Ets da NASA e o Cartel do Conhecimento

Os Ets da NASA e o Cartel do Conhecimento
Imagina só: depois de décadas se esquivando em assumir qualquer posicionamento a respeito de vida em outros planetas, a agência espacial dos EUA, a NASA, veio a público para praticamente dizer que os alienígenas existem e estão entre nós.
A parte chata disso tudo é que os Ets não têm nada a ver com a espaçonave do folclórico caso Roswell, ou com lagartixas gigantes andando sobre dois pés e vestindo macacões dourados. Mesmo seres como o Dr Spock, do seriado Jornada nas Estrelas estão fora de questão.
A verdade é bem mais simplória e óbvia: foi descoberto em um meteorito uma bactéria fossilizada completamente diferente do padrão de vida conhecido aqui no nosso planeta. Mesmo dessa maneira modesta frente às expectativas mais fantasiosas, a descoberta acaba por demonstrar o óbvio: em um universo que não se sabe o tamanho é evidente que existem outras formas de vida além daquelas que conhecemos. Bem, talvez nada seja mais exótico do que o ornitorrinco ou o falecido Michael Jackson.
Mas a confirmação em si é tão significativa para a história da humanidade como aquela em que Galileu disse que era a Terra que girava em torno do sol e não ao contrário. Mas o gênio da Renascença teve que desmentir tudo, sob pena de ser queimado vivo pela Inquisição.
Por incrível que pareça, o cientista da NASA que fez a descoberta da bactéria alienígena, Richard Hoover, está em uma situação não muito diferente. Seus colegas de profissão querem cremá-lo por ter divulgado sua pesquisa na revista "Journal of Cosmology" (editada pelos próprios cientistas da Agência Espacial). O problema é que a tal da publicação é vista com maus olhos pela comunidade científica porque é independente e tem livre acesso à internet.
Grande besteira! Mais ou menos, isso quer dizer que se uma menina ficasse grávida e contasse o fato para os pais zelosos pela sua virgindade (isso ainda existe...), a informação não seria reconhecida pela família. Só seria validada se passasse, em segredo, pelo crivo e divulgação da fofoqueira oficial da rua. Sem isso a gravidez simplesmente não existiria, apesar de a futura vida estar lá, verdadeiramente em gestação.
Por essa analogia, bactérias extra-terrestres não existem simplesmente porque não foram noticiadas nas revistas que têm autoridade para isso. Coisa ridícula!
E esse comportamento de reserva de mercado do conhecimento não é só prerrogativa do pessoal do espaço. Há alguns anos, o Conselho Nacional de Medicina do Brasil condenava a terapia pela milenar acupuntura, pois a prática “não era cientificamente provada”. Mais recentemente (acho que em 2009) os médicos mudaram de idéia em relação ao uso das agulhas de origem chinesa. As picadas foram declaradas funcionais, mas só se fossem administradas por um médico; os outros que eventualmente praticassem a terapia seriam considerados curandeiros e, portanto, sujeitos à pena de prisão.
Veja só, estamos diante do que se pode chamar de máfia do conhecimento. Na busca de mercado de trabalho exclusivo, além de médicos e cientistas, burocratas, advogados, contadores, corretores, jornalistas, dentre outros grupos profissionais, usam suas organizações associativas para tentar monopolizar funções profissionais a partir de um presumível conhecimento diferenciado. Isso força o cidadão comum a gastos que muitas vezes não faria de vontade própria, ou pior: ver  cerceada a sua prerrogativa de livre pensar e agir de acordo com seus próprios interesses.
Claro, não vamos levar esse pensamento aos píncaros do ridículo. É pouco provável (mas não impossível) que um açougueiro seja um cirurgião veterinário capaz; ou que um bandido tenha plenas condições de  fazer a própria defesa perante o tribunal. Mas se essas pessoas, sem qualificação formal mostrarem capacidade – através de exames de qualificação - para exercer tais funções por que não deixá-los fazer isso?
Bem, o que a história prova é que o monopólio do conhecimento ao redor de algum tipo de elite  sempre resultou no aumento da ignorância geral.
Outra coisa: ficar de quatro a seis anos sentado em uma cadeira de faculdade e ser aprovado em provas, não é sinônimo de capacidade profissional. Vítimas de erros médicos; inocentes presos por erros processuais; falidos em função de erros de contadores e administradores; desmoralizados por erros de comunicadores são testemunhas do que falo.
Eduardo S. Starosta

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