quarta-feira, 30 de março de 2011

O País das Firulas e do Pastel de Vento

O País das Firulas e do Pastel de Vento

De uma forma geral, podemos dividir os brasileiros em dois grandes grupos: o primeiro agrega aqueles apaixonados, que defendem de forma arraigada que aqui é o melhor lugar do mundo para se viver, não havendo lugar comparável; e o segundo reúne as pessoas que jamais aceitariam acreditar no seu próprio país, construído na base da corrupção, falcatruas e improvisações de segunda qualidade.

Pessoalmente, acho o primeiro grupo mais simpático. Para falar a verdade, na minha modesta opinião, só a Austrália oferece condições de vida similares às do Brasil e, ainda por cima, com mais dinheiro. O problema deles é que não aprenderam a falar o português, senão até poderia morar lá. Mas apesar dessa preferência, não são poucas vezes que tenho de dar a mão à palmatória aos mais pessimistas e carrancudos.

Apesar de o Brasil ser um país fantástico, a verdade é que há um rico  histórico comprovando que as coisas por aqui não funcionam em plena sintonia com a verdade e padrões, diríamos, honestos de comportamento.

Um exemplo bem claro disso foi dado a partir das conseqüências da reportagem do programa Fantástico, exibido pela Globo, identificando a rota dos caminhoneiros sendo acompanhada pelo tráfico de drogas, com a conivência das forças de segurança, em especial, da Polícia Rodoviária Federal.

Em certo momento da matéria jornalística, o então coordenador de operações da PRF, Alvarez Simões, foi flagrado por câmara escondida, fazendo menção ao apoio que a corporação deu para a famosa invasão do Morro do Alemão - no Rio de Janeiro, nos últimos momentos do governo Lula - chamando a ação de "firula", ou seja, "coisa para inglês ver".
Se fosse por aliviar a barra dos traficantes da estrada, até que seria justa a demissão do Simões. Mas a questão é que o sujeito foi exonerado só por ter falado a verdade – que a tomada do Morro do Alemão foi firula (ele bem que tentou mudar o significado da palavra... coitadinho!).
Vamos deixar de tanta palhaçada: está cada vez mais evidente que aquela aparente operação de guerra não foi muito mais do que uma cara armação para o governo do Rio de Janeiro e o Federal darem uma resposta à população carioca e mídia internacional, diante do claro domínio dos bandidos em vários pontos importantes da ex-capital brasileira.
Olha só: quem lembrar da ação “de guerra” não vai esquecer que tudo foi exaustivamente coberto pela Rede Globo, que divulgava inclusive os planos de batalha das forças armadas e policiais em conjunto.
Imagino que nenhum dos bandidos do Complexo do Alemão tinha televisão, mesmo que por celular...  
Ora, é óbvio que eles sabiam de toda a movimentação e exatamente por onde dar no pé. Se a invasão era por baixo, nada como fugir por cima, certo?
E assim foi feito. Lembra da correria dos traficantes no topo de um morro para outro. Tinha até moto e carro na estrada de chão aparentemente inacessível. Se aquilo não era coisa planejada, o que seria, então? Claro, teve a cena do sujeito baleado.
Imagina só: as forças do Estado munidas de helicópteros com armamentos pesados só atiraram em um único pobre-coitado que corria a pé.

Foi uma demonstração de força e tanto! Mas cá entre nós: com tamanho aparato bélico por que será que eles só atiraram naquele traficantezinho pé-de-chinelo e deixaram os outros escaparem ilesos? Por razões humanitárias? Se fosse por isso ninguém deveria levar chumbo. E se fosse para distribuir balas, aquele platô descampado fazia dos fugitivos um alvo ideal.

Diante disso, o Simões falou mesmo a verdade. Botar patrulheiros da Polícia Rodoviária Federal correndo morro acima não passou de uma boba firula. Muito provavelmente, toda a operação tenha sido isso mesmo. E o cara perdeu o emprego por falar a verdade...

Talvez estejamos acostumados demais a pastéis de vento. Quem não os conhece? A primeira mordida neles tem que ser uma modesta dentada numa ponta, sob pena de queimar a cara com o ar quente que substitui o recheio da iguaria.

Pois bem, a falta de essência em vários serviços públicos e privados no Brasil é motivo de envergonhar os mais ufanistas, os mais apaixonados pelo país. Falar de saúde, educação, segurança e outros temas afins é remeter-nos à ponta de baixo do ranking mundial de eficiência.

Uma coisa que aparentemente ia bem, como uma exceção à regra, era a política energética de promover o álcool de cana como alternativa à gasolina como combustível para veículos. Até é compreensível que o preço do produto aumente nas entre-safras ou em função de oportunidades especiais no mercado internacional, como a recente alta do preço do açúcar por conta da frustração da colheita indiana de cana-de-açúcar.

Mas quando a situação do preço alto passa a ser resolvido por uma determinação governamental que aumenta a quantidade de água no álcool misturado à gasolina, isso é pastel de vento; é empulhação; é vender gato por lebre!

Ou será que nossos brilhantes tecnocratas descobriram uma aguinha especial que faz carro andar?

Sem duvida, o Brasil é um país ótimo para se viver.... mas a gente passa cada vergooonhaa!

Eduardo S. Starosta

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