quinta-feira, 17 de março de 2011

A Ilha do Perigo

Os moleques telemaníacos que hoje tem por volta dos 50 anos devem se lembrar do seriado infantil Banana Splits. Os bichos amalucados, em meio a trapalhadas e músicas, apresentavam vários desenhos animados e um seriado em especial: a Ilha do Perigo

A Ilha do Perigo tinha como argumento central as aventuras de uma família (pai, filho, filha e uma coadjuvante que não parava de paquerar o pai das crianças) que passava o tempo explorando uma ilha tropical desconhecida e cheia de encrencas.
 Naquela mesma época bombavam na TV os filmes de monstro feitos no Japão. Os bichos particularmente tinham preferência por destruir Tóquio e sempre acabavam derrotados por um super-herói gigante, apoiados por uns japoneses que pareciam tão pequenininhos...
Foram imagens  que acabaram se perpetuando na mente. E acabaram tendo certa utilidade didática em minha vida profissional. Há alguns anos, em palestra sobre cenários da economia, resolvi mostrar as conseqüências das decisões dos países em terem seus mercados abertos ou fechados para o comércio exterior. Como exemplo, simulei o que aconteceria com o Japão caso o mundo declarasse um bloqueio completo à ilha. Em aproximadamente três meses, a segunda economia mais poderosa do globo estaria chegando à miséria.
E tristemente, a realidade superou a ficção. Mesmo contando com a solidariedade do globo, os terremotos e tsunamis que atacaram o Japão no começo de março colocaram à flor da pele a fragilidade das civilizações mais avançadas do mundo, diante a simples ações da natureza de acomodação geológica.
De certa forma, parece que não somos muito diferentes de um formigueiro, sempre sujeito a ataques de chuva, pontapés e tamanduás, que causam danos muitas vezes irreparáveis, extinguindo a comunidade.
Voltando ao Japão, se imaginávamos que logo após o terremoto, aquele laborioso povo iria limpar a área destruída e iniciar a reconstrução, a exemplo do que aconteceu em Kobe (jan/95), estávamos completamente enganados.
A mexida adicional das tsunamis foi o suficiente para devastar uma área muito maior e provocar a destruição de infra-estruturas que estão envolvendo até contaminação nuclear. Enquanto uns poucos apagam incendios ou buscam por sobreviventes, a maioria continua em estado de choque.
O resultado: em apenas uma semana, o rico Japão sofre com a falta de comida para comer, água para beber, moradia para morar e até energia para fazer qualquer coisa relacionada ao mundo atual. Ajudar o Japão humanitariamente é um pensamento nobre que passa por quase todos os governos e povos do mundo (talvez com exceção dos coreanos e chineses), mas quantas pessoas terão a coragem de desembarcar por lá para encarar riscos radiativos e de epidemias? Acho que muito poucas.
A barra está pesada lá no outro lado do mundo. Mas a expectativa é que no decorrer de mais algumas semanas ou meses a fase mais aguda da crise passe e se inicie um duro, mas inevitável trabalho de reconstrução de parte importante de uma civilização. O mais provável é que daqui há alguns anos tudo esteja restabelecido no país dos nipônicos e a tragédia fique relegada às lembranças dos livros de história.
Mas e se não for assim? O terremoto de 9 graus na Escala Richter teve o poder de deslocar o arquipélago nipônico 20 metros em direção a Oeste. E isso não é pouca porcaria! Vendo isso, será que não estamos sendo um pouco ingênuos em evitar pensar em conseqüências piores da instabilidade geológica daquela região? Utopia?  Talvez.
Em 1.470 AC, a erupção de um vulcão e tsunamis eliminaram do mapa a civilização minóica – a mais avançada do seu tempo (localizada  na atual Creta). Ou seja, a pouco menos de 3.500 anos – quase nada em termos de história geológica – o Japão dos tempos antigos desapareceu. Será que isso é impossível de acontecer agora só porque temos computadores, aviões e outras engenhocas? Nada disso. O planeta terra segue seu próprio amadurecimento independentemente de nossa vontade. E isso pode provocar afundamentos de ilhas e outros fenômenos considerados cataclismos.
E se hoje nos identificamos como uma civilização globalizada, nosso papel é buscar cultivar e preservar as melhores coisas de cada lugar. Por sinal, um novo fluxo migratório japonês para o Brasil, não faria nada mau ao nosso país, que oferece mais segurança geológica e, como contrapartida, necessita de gente capacitada para desenvolver uma indústria de ponta.
Agora, olhando para outra ilha, mais ao Ocidente e que até há poucas décadas era o local mais rico e poderoso do mundo, a novidade importante foi o lançamento da caneca comemorativa ao casamento do neto da Rainha Elizabeth. Na foto, a noiva está linda de meter os beiços (no caso, essa expressão é mais do que apropriada). O problema é que colocaram o príncipe errado. Pior: entregaram o irmãozinho caçula do príncipe William se engraçando com a futura cunhada. Será que rolou porrada no Palácio de Buckingham?   
Bem, cada ilha afunda de sua própria forma...
Até breve.

Eduardo S. Starosta

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